A presente pesquisa esteve envolvida com uma UA, a qual é um modo diferenciado de planejamento e elaboração das atividades de sala de aula. Sua organização deve privilegiar, além dos conteúdos específicos da disciplina, o diálogo e a interação entre os estudantes. A UA é uma proposta organizada de trabalho que vai sendo construída, no decorrer do tempo, pelo professor e pelos alunos.
Galiazzi et al. (2004) argumentam que as UA são alicerçadas no diálogo e no trabalho coletivo. Por isso, o professor deve estar atento às dificuldades de relacionamento em aula, às resistências ao trabalho coletivo, às dificuldades de leitura e escrita, pois elas sinalizam para o conhecimento inicial do grupo que, a partir dele, vai promover o diálogo
Ao considerar o conhecimento do aluno, a UA possibilita o estabelecimento de relação entre o conhecimento existente e aquele que será abordado, fazendo com que esse conhecimento evolua de forma contextualizada.
Conforme Rocha Filho et al. (2006, p. 325):
11 A Fenomenologia foi desenvolvida inicialmente por Husserl, e alguns de seus seguidores, no século XX. A Fenomenologia apresenta várias correntes heterogêneas e mesmo que tenham um ponto de partida em comum não projetam para o mesmo destino. Seus seguidores, por várias razões, impulsionaram-na de tal forma que hoje ela significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Contudo, a Fenomenologia consiste na análise e descrição da consciência, estuda as essências, tenta trazer a essência para dentro da existência. A Hermenêutica preocupa- se com a interpretação, ou seja, é um tipo de filosofia que parte de questões de interpretação. (HERBART, Hermenêutica – Fenomenológica. In: DICIONÁRIO de Filosofia de Cambridge. São Paulo: Paulus, 2006. 1019 p.
Uma Unidade de Aprendizagem pode ser compreendida como um conjunto de atividades estrategicamente escolhidas para trabalhar um tema, a fim de se obter aprendizagens significativas em termos de conteúdos, habilidades e atitudes. É importante que o professor selecione e planeje as atividades de forma criteriosa, para que as elas possibilitem ao aluno a percepção de vínculo entre seu conhecimento e o que será aprendido.
Segundo Galiazzi et al. (2004), a UA não pretende ser um método a ser seguido, mas um modo flexível, dinâmico, investigativo a ser construído pelo professor enquanto planeja.
A UA não tem como finalidade ensinar o professor a ‘dar’ aula, nem tão pouco ser uma receita que deva ser seguida. Ela é um modo de organização no qual o educador reúne atividades a serem desenvolvidas com seus alunos, as quais devem possibilitar o relacionamento entre o novo conhecimento e o aprendido anteriormente.
Outro aspecto que prepondera na UA é a avaliação. De acordo com Rocha Filho (2006), a avaliação, tanto dos alunos quanto da própria UA, deve ser feita durante o desenvolvimento da UA. A avaliação assim propicia momentos de reflexão sobre os avanços e as dificuldades do processo de aprendizagem, fornecendo informações relevantes para as decisões acerca da continuidade do trabalho.
Os conteúdos, as atividades elaboradas pela professora/pesquisadora, os objetivos, estão sintetizados no Quadro 1.
Encontros CONTEÚDO ATIVIDADE OBJETIVOS
01
Força como interação
1: Questionário inicial
* Identificar as concepções iniciais dos alunos sobre
Força como Interação
Força como interação
2: Identificação de interações em figuras que
representam diferentes situações
* Relacionar interação – força
02 3: Retomar figura 1 do questionário Inicial * Observar as interações existentes * Relacionar força-interação 4: Retomar gravura 3 do
questionário inicial * Relação força-movimento 5 e 6: Atividade interação
e movimento
* Desestabilizar a concepção de que para um objeto se mover é necessário o contato
direto Força
Impressa
7: Blocos de madeiras com faces de materiais
diferentes
* Desestruturar a possível concepção de força impressa
* Introduzir discussão sobre atrito
Força de Atrito 8: Demonstração experimental: disco flutuador. * Reconhecer a influência do atrito no movimento 9: Situações-problema sobre força de atrito
* Identificar presença da força de atrito nas mais diversas situações cotidianas
* Discutir sobre a necessidade de atrito para que
determinados movimentos ocorram 03 Coeficiente de Atrito 10: Medindo a força de atrito * Conhecer as unidades de força * Analisar atrito de deslizamento e de rolamento * Coeficiente de Atrito 04 11: Questionário intermediário * Identificar as concepções dos alunos sobre ‘atrito’, após
as discussões da aula anterior Resistência do
Ar
12: Demonstração da resistência do ar com duas folhas de papel
* Discutir sobre a influência da resistência do ar nos movimentos Vetores Características de uma força 13: Vetores
* Representar as forças por meio de vetores. * Características de uma força Força Resultante 14 e 15: Identificar e representar a força resultante * Identificar a direção, sentido e intensidade da força
resultante Primeira Lei de Newton 16: Atividade sobre inércia * Reconhecer a aplicabilidade da Primeira Lei de Newton
nas situações cotidianas vivenciadas pelos alunos 17: Analisar o
deslocamento de cavaleiros e passageiros
de ônibus quando eles interrompem ou iniciam
seus movimentos
* Conceituar a Primeira Lei de Newton – Lei da Inércia
18: Atividade sobre a Primeira Lei de Newton e
o dia a dia dos alunos estudados com o cotidiano *Relacionar os conceitos dos alunos 05 19: Charge envolvendo a Lei da Inércia Segunda Lei de Newton 20: Situação-problema envolvendo a Segunda Lei de Newton
* Introduzir a Segunda Lei de Newton
*Analisar sua aplicabilidade * Analisar a fórmula (F =
Terceira Lei de Newton
21: Situação-problema referente à Terceira Lei
de Newton
* Abordar a Terceira Lei de Newton – ação e reação 22: Discussão sobre a Lei
da Ação e Reação
* Identificar aplicações cotidianas da Terceira Lei de
Newton
06 Newton Leis de
23: Debate sobre as Leis de Newton
* Debater sobre as Leis de Newton, considerando: relevância, aplicabilidade,
relação com o cotidiano. 24: Questionário final
* Identificar as concepções dos alunos referentes ao tema
Força como Interação Quadro 1: Síntese das atividades desenvolvidas na UA.
Fonte: Elaborado pela autora (2010)