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5. Tarefas desenvolvidas

5.1 Processos de trabalhos arqueológicos

5.1.1 Processo Ponte da Peça Má, Linha T, T09.08;

O Processo da Ponte da Peça Má apresenta como objetivo da intervenção o acompanhamento da demolição dessa mesma Ponte, na antiga Linha de Guimarães, inserida no troço entre a Senhora da Hora e Trofa (a Linha T, concessionada àMetro do Porto, S.A., ou Linha C/Verde, ma fase de Exploração), tendo sido feita conservação pelo registo científico e avaliação do potencial romano do sítio.

ii. Enquadramento Histórico-Cultural

Uma ponte datada do século XX, que foi iniciada a 23 de agosto de 1929 e concluída a 11 de fevereiro de 1932, sendo ela uma obra do arquiteto francês Francisco Mercier e do empreiteiro, também ele francês, André Borie.

Esta obra apresentava uma estrutura em granito, ligada por cimento, terra e elementos de betão armado, combinando um aparelho almofadado e poligonal pequeno e, como tal, não ostentava grande número de materiais. Isto é, apresentava-se como uma «construção abonatória de uma equilibrada pegada ecológica, tão ao gosto da doutrina atual para o desenvolvimento» (BOTELHO, 2016: 21).

As inaugurações, tanto da linha como da ponte, foram realizadas pelo Presidente da República de então, Óscar Carmona, a 14 de março de 1932, contando ainda com a presença do Ministério (Idem, ibid: 26).

Como o canal desativado da Linha da CP, onde se integrava a Ponte da Peça Má, estava concessionado à MP, cabia a esta entidade a sua manutenção. Assim, devido às «necessidades de prevenção de segurança rodoviária […] e, igualmente, de custos de manutenção» (Idem, ibd.: 8), chegaram à decisão da demolição da Ponte. Isto porque esta não se encontrava «sujeita a qualquer proteção cultural nem abrangida por qualquer servidão administrativa» (Idem, ibid.). No entanto, foram localizados marcos miliários nas suas imediações, algo que confirmaria esse mesmo potencial à zona integrada pela obra.

Encontrava-se então a Ponte da Peça Má na passagem pelas imediações da Via Romana Braccara-Olissipo, de onde constam oito marcos miliários, que se encontram inventariados no Portal do Arqueólogo: quatro estão integrados no inventário da Capela e dois deles encontram-se desaparecidos ou destruídos (Idem, Ibid.: 8).

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iii. Enquadramento Legal e Administrativo

Terminado o enquadramento histórico do Processo, podemos então passar para a caraterização do enquadramento da intervenção.

Dito isto, em termos legais, os trabalhos foram implementados no âmbito do licenciamento do Sistema de Metro Ligeiro do Porto, respeitando o projeto de Duplicação das Linhas da Póvoa e da Trofa.

No que toca ao enquadramento administrativo, sabemos que respeita o «Procedimento de AIA n.º 880, ao qual corresponde o Processo do IPA ref.ª 2002/1 (171)» (Idem, ibid.), e que o licenciamento decorreu ao abrigo do DL 69/2000, de 3 de maio, tendo recebido DIA emitida a 02 de janeiro de 2003.

Inicialmente, em EIA, não estava prevista a demolição da ponte, mas sim a sua substituição pela construção de um viaduto. Posteriormente, conjeturava-se a sua total demolição – tabuleiro, encontros e fundações. No final, apenas foi removido o seu tabuleiro.

Isto aconteceu porque, tal como vimos, o potencial bem patrimonial não estava «sujeit[o] a qualquer proteção cultural nem era abrangid[o] por qualquer servidão administrativa nos termos dos artigos 15º e 43º da Lei n.º107/2001, de 8 de setembro» (Idem, ibid.: 8).

Assim, foi submetido um pedido de autorização para os trabalhos arqueológicos (P.A.T.A) ao «abrigo do Regulamento de Trabalhos Arqueológicos estatuído pelo Decreto-Lei n.º 164/2014, de 4 de novembro» (Idem, Ibid.: 7), tendo sido solicitada a Direção dos Trabalhos em nome de Iva João Botelho.

Como a obra apresentava uma «sensibilidade arqueológica decorrente do insuficiente conhecimento científico e até perda documental actual» (Idem, idid.: 7), previu-se uma série de medidas para a zona em questão, em sede de elaboração do RECAPE (Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução), em 2011.

Para isso, ratificou-as a Tutela, nos seguintes termos:

 «Caraterização do caminho que a PI21 assegura a ligação, e esclarecimento quando a se tratar ou não dos caminhos ancestrais referidos no RECAPE (Medidas C e D); caso afirmativo deverão implementar as medidas enunciadas no RECAPE – registo gráfico e topográfico e 3D;

148  Quanto à própria obra de arte PI21, a mesma deverá ser objecto de

um registo com levantamento 3D;

 Como medida de caráter genérico deverá ser preconizado o acompanhamento arqueológico da obra (Medidas 133 e CA28 da DIA)» (Idem, ibid.: 9).

O trabalho de campo centrou-se no acompanhamento da demolição da obra por meio de registo fotográfico e pelo «reconhecimento e diagnóstico dos elementos pétreos de maior tamanho», isto para se poderem identificar silhares com valor arqueológico, sendo que foi feito à vista desarmada a par com o seu carregamento para vazadouro (Idem, Ibid.: 17). Importante será referir que nesse levantamento não foi observado qualquer reutilização de material antigo. Porém, notaram-se marcações vermelhas às quais também não foi reconhecido qualquer significado. Contudo, estes foram apartados para verificação da tutela.

A ponte foi ainda alvo de levantamento por fotogrametria e os Caminhos Ancestrais foram alvo de levantamento topográfico.

Já no que respeita ao trabalho de gabinete, foi realizada uma pesquisa no Arquivo Histórico da CP, tendo sido consultados periódicos – Boletim da CP e Gazeta dos Caminhos-de-Ferro – para a aquisição de dados históricos relativos ao objeto de estudo.

Ainda importante para este relatório, uma vez que se move em torno do Património e da sociedade, será ressaltar duas pequenas citações retiradas do relatório do Processo em questão, uma vez que relatam as reações e os sentimentos da população, que se juntou para acompanhar a demolição da Ponte da Peça Má:

«E assistiram os netos, tristes, à demolição da ponte, em 2 de setembro de 2016» (Idem,ibid.: 21).

«Ali no Muro, lamentavam as pessoas, naquele momento da demolição, essa outra Ponte Pênsil da Trofa30» (Idem, íbid.: 23).

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A Ponte Pênsil estava situada a «Montante da Barca da Trofa», tendo sido inaugurada no ano de 1858 e demolida nos anos 30 do século seguinte (Monumentos Desaparecidos. Em linha: http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/2009/11/ponte-pensil-da-trofa.html [consultado a 16/06/2017]).

149 Ilustração 12 – Respetivamente: Ponte da Peça Má. Alçado norte (Perspetiva obtida da EN 14, no sentido

Trofa – Porto) [fotografia de Iva Botelho, setembro de 2016]; Obra em azulejo, ainda presente na Trofa, ilustrativa da Ponte Pênsil, realizado após a construção da mesma

[http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/2009/11/ponte-pensil-da-trofa.html, consultado a 16/06/2017].

5.1.2 Processo Avenida dos Aliados, Linha S, T.01.11.

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