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Processos de Desinfecção da água para consumo humano: Método Físico e Químico

1. REVISÃO DE LITERATURA

2.6 Processos de Desinfecção da água para consumo humano: Método Físico e Químico

Para se promover a desinfecção da água para consumo humano é necessário que se utilize mecanismos para inativação de possíveis microrganismos patógenos, que após o tratamento da água ainda esteja presente na mesma.

Dessa forma, algumas substâncias foram estudadas para inativação desses patógenos. Assim, podemos promover a desinfecção da água através do método químico, ou seja, quando se adiciona a água alguma substância que consiga inativar esses microrganismos. Como exemplo de substâncias utilizadas no método químico, podemos citar o grupo clorado: cloro, dióxido de cloro e cloramina e o ozônio.

Tendo em vista a eficiência comprovada das substâncias do grupo clorado na inativação de patógenos, sua utilização apresenta um risco à população caso seja manuseada de forma inadequada e por pessoal incapacitado. Caso isso ocorra, pode-se levar ao óbito uma vez que doses elevadas dessas substâncias podem levar a altos índices de intoxicação. Dessa forma, locais sem acesso a nenhuma forma de tratamento de água, se tornaram motivos de preocupação para a administração de substâncias do grupo clorado devido à ineficiência de treinamento operacional da população na utilização dessas substâncias.

2.6.1 Método Químico: Cloro, Dióxido de Cloro e Cloramina e Ozônio

2.6.1.1. Cloro (CL2)

O desinfetante químico mais comumente utilizado para a obtenção de água potável é o cloro (Cl2). A cloração é uma alternativa bastante eficiente para a desinfecção de águas, além de ser residual, proporcionando a eliminação de microrganismo mesmo após a aplicação. No entanto, quando é levado à pequenas comunidades, geralmente não há um treinamento específico sobre a importância do produto quanto a dosagem. Além disso, existem causadores de doenças como os cistos de Giárdia e ooscistos de Cryptosporium que são resistentes a cloração (CARDOSO, et al, 2003).

O cloro tem sido empregado como desinfetante primário na maioria das estações que trata água superficial e subterrânea. Existem outros desinfetantes químicos considerados alternativos destacando-se o hipoclorito de sódio ou de cálcio, o ozônio, o dióxido de cloro entre outros (PROSAB, 2001).

2.6.1.2 Cloraminas

Um dos problemas ao usar cloro para tratar a água é que este se decompõe muito rapidamente. Outra preocupação com o uso de cloro é que podem surgir, na associação com certas matérias orgânicas, trialometanos, uma família de cancerígenos.

Como os trihalometanos são compostos organoclorados formados através da reação do cloro com certos compostos orgânicos como os ácidos húmicos (matéria orgânica) e fúlvicos naturalmente presentes na água, procurou-se outras alternativas para desinfecção a fim de evitar este problema.

Consequentemente, muitas companhias mudaram do cloro para a cloramina. A cloramina é um composto que contém cloro e amónia, é muito mais estável do que o cloro. Porém, a cloramina causa problemas aos peixes, em determinadas concentrações podem levar a morte dos mesmos. O cloro presente sob a forma de cloraminas é denominado cloro residual combinado ( SANTOS et al, 1990).

2.6.1.3 Dióxido de cloro

O Dióxido de Cloro (ClO2) é um gás sintético, de cor amarelo esverdeado a 100ºC, abaixo desta temperatura, condensa-se tornando-se vermelho e cerca de 2,4 vezes mais pesado do que o ar. ( Santos 1987)

De acordo com Santos 1987, desde 1974 a cloração de águas para o tratamento primário através do cloro gasoso vem sendo questionada nos Estados Unidos, pois foram detectados valores acima dos permissíveis para a saúde humana de trihalometanos (THMs) em águas para abastecimento público.

2.6.1.4 Ozônio

A desinfecção por ozônio é um método eficiente para inativar os micro-organismos presentes na água. Ele se diferencia de outros métodos devido ao seu mecanismo de destruição dos micro-organismos.

Ao entrar em contato com compostos orgânicos, o cloro dá origem aos trihalometanos (THM), composto esse derivado do metano e relacionado às doenças cancerígenas, risco esse que estamos expostos diariamente ao beber água ou no banho pela absorção da pele (SNATURAL, 2017). A preocupação em evitar o risco de desenvolver doenças cancerígenas, motiva a busca de novos métodos mais eficientes e menos nocivos à saúde do ser humano e é nesse contexto que a utilização do ozônio começa a ser discutida. O que diferencia o ozônio dos demais agentes desinfetantes é a maneira como ocorre a destruição dos micro-organismos. Ele age diretamente na parede celular, levando à neutralização da célula em poucos milésimos

de segundo. O cloro, por exemplo, atua por difusão através da parede celular, para depois atuar no interior da célula em elementos como enzimas, proteínas, DNA e RNA (SNATURAL, 2017).

2.6.2 Método Físico: Radiação UV e Fervura

2.6.2.1 Radiação UV

A radiação UV insere-se no rol dos processos físicos de desinfecção de águas de abastecimento, dos quais fazem parte também a fervura e as radiações gama e solar. No emprego de agentes físicos, na ação do desinfetante prepondera a interferência na biossíntese e reprodução celular, como consequência dos danos fotoquímicos causados a seus ácidos nucléicos. O ácido desoxirribonucléico (DNA) é o responsável pelo controle das funções e pela reprodução das células. Cada gene do DNA controla a formação do ácido ribonucléico (RNA), responsável pela formação de enzimas específicas e de proteínas estrutura (ALEX et al 2002).

2.6.2.2 Fervura

A fervura é uma técnica de desinfecção de água, que também insere-se no rol dos processos físicos de desinfecção de águas, sendo uma técnica amplamente divulgada e conhecida para promover a inativação dos micro-organismos Essa técnica é a mais segura para o tratamento da água para consumo humano, em áreas desprovidas de outros recursos como em comunidades carentes e rurais.

Ferver a água antes do consumo, é um hábito que deve ser vinculado na população para ser adotado quando sua qualidade não merecer confiança e em épocas de surtos epidêmicos ou em situações emergenciais. Segundo Silva 2007, a fervura deve ser feita durante 15 minutos, para assegurar o aquecimento total do líquido e o extermínio dos microrganismos. Como durante o aquecimento há liberação de gases dissolvidos, tornando a água desagradável ao paladar, recomenda-se o seu arejamento, passando-a de uma vasilha limpa para outra.

Todavia, esta apresenta um custo com insumos como gás ou madeira muito elevado o que inviabiliza, esse processo nas comunidades carentes.

2.7 Processos de Desinfecção Alternativos da água para consumo humano: