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OS PROCESSOS DE FORMULAÇÃO DA POLÍTICA E DE ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE ALAGOINHAS

Com o resultado das eleições do ano de 2000, o município de Alagoinhas passa a ter um governo politicamente oposto aos anteriores para o período 2001-2004, alterando radicalmente as forças políticas que atuavam no Município há décadas e implantando uma nova forma de governar. Em 2004, a população ratifica o mesmo governante para o período 2005-2008.

O prefeito empossado no ano de 2001 inova já no primeiro ano de seu mandato instituindo o Orçamento Participativo (OP), instrumento de participação popular que viabiliza debates e definição de prioridades e aplicação de recursos em obras e serviços. Cria o Conselho do OP, realiza diversas Conferências e incentiva a criação e implementação de Conselhos de Políticas Públicas, criando dessa forma, diversos canais de comunicação com a sociedade. Segundo Reis et al. (2005), as demandas pelos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário surgem em quase metade de todas as demandas levantadas pelo Orçamento Participativo.

A falta de uma política municipal de saneamento ambiental, a falta de controle social e de acesso aos serviços de saneamento ambiental de qualidade, e a falta de recursos financeiros para a gestão desses serviços no Município de Alagoinhas, aliadas ao compromisso e decisão política do novo governo, de ampliar o acesso e melhorar a qualidade dos serviços de saneamento ambiental, com participação e controle social, motivaram o governo

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municipal a convocar a realização da 1ª Conferência Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas em junho de 2001 (MORAES; MELO; REIS, 2002).

Durante o processo, foram realizadas 17 Pré-Conferências regionais, das quais 15 inseridas, com metodologia apropriada, em Assembléias do OP, quatro Pré-Conferências temáticas e diagnósticos governamental e participativo. Do processo participaram cerca de 5.000 pessoas e a Conferência contou com 166 delegados. Na Plenária final, a Conferência elegeu uma comissão composta de representantes da sociedade civil e do Poder Público Municipal para elaborar e encaminhar ao Poder Executivo Municipal uma proposta de Política Municipal de Saneamento Ambiental, contemplando pontos discutidos e deliberados na 1a. Conferência Municipal de Saneamento Ambiental (MORAES; MELO; REIS, 2002). Após encaminhamento pelo Poder Executivo do Projeto de Lei à Câmara de Vereadores, foi realizada audiência pública pela Câmara de Vereadores para debatê-lo e aprová-lo. A Lei 1.460 foi sancionada pelo prefeito em 03 de dezembro de 2001.

A Política Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas cria o Sistema Municipal de Saneamento Ambiental que é composto por cinco instrumentos: Plano Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas; Conferência Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas; Conselho Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas; Fundo Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas; e o Sistema Municipal de Informações em Saneamento. O Fundo e o Sistema de Informações foram os únicos instrumentos não implementados até o momento. Por meio de seus instrumentos, a Política deve ser implementada com vistas a “assegurar a proteção da saúde da população e a salubridade do meio ambiente urbano e rural, além de disciplinar o planejamento e a execução das ações, obras e serviços de saneamento do município de Alagoinhas” (ALAGOINHAS, 2001, p.7).

O processo de elaboração do Plano foi outra experiência do governo 2001-2004, quebrando paradigmas ao planejar junto com a sociedade o saneamento ambiental para o Município. Existiam poucas experiências no País de elaboração de Plano Municipal de Saneamento Ambiental com participação da sociedade para referenciar o processo de elaboração do Plano Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas.

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O Plano foi elaborado pela Prefeitura Municipal em parceria com a Universidade Federal da Bahia, durante o período de abril de 2003 a setembro de 2004. Na época da sua implantação os indicadores de cobertura de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto disponíveis eram os do IBGE de 2000, os quais indicavam que 98 % da população na zona urbana e 45% na zona rural tinham acesso aos serviços de abastecimento de água e apenas 8,7 % da população urbana dispunham de coleta de esgoto. No caso de coleta domiciliar e disposição final os resíduos sólidos a cobertura era de 75%.

As discussões foram apoiadas nesses indicadores e em estudos de especialistas que compartilhavam os conhecimentos técnico-científicos com o saber da sociedade. Outras parcerias dizem respeito ao financiamento para elaboração do Plano que envolveu a Petrobrás e a Fundação AVINA (A Vida e a Natureza).

A estrutura organizacional para elaborar o Plano foi constituída de um Grupo Executivo - composto por técnicos e profissionais da Prefeitura Municipal de Alagoinhas (Secretaria de Serviços Públicos, Obras e Urbanismo, Secretaria da Saúde, Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente e Secretaria da Educação), do Serviço Autônomo de Água e Esgotos de Alagoinhas, da Universidade Federal da Bahia-UFBA, incluindo estudantes de Engenharia Sanitária e Ambiental e de Geologia da UFBA e consultores da UNEB, UEFS e UCSal. Esse Grupo reunia-se, mensalmente, em uma instância denominada Comitê Consultivo composto por representantes da sociedade civil, dos Conselhos de Saneamento Ambiental, Meio Ambiente e Saúde do Município, e de órgãos das três esferas da federação, para apresentação e discussão do trabalho em andamento. Foi realizado um Seminário final com a participação da população para apresentação da conclusão dos trabalhos com vistas a esclarecimentos, discussão e incorporação de sugestões (MORAES et al., 2004).

Concluídas essas etapas, o Plano foi apreciado e aprovado pelo CMSA, conforme previsto na Lei n. 1.460/2001, além do seu encaminhamento pelo Poder Executivo à Câmara de Vereadores que o aprovou, sendo sancionada a Lei n. 1.837, em 08 de dezembro de 2006.

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O Plano Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas para ser implementado precisou ainda que o Prefeito expedisse decretos regulamentadores, adequações administrativas e previsões orçamentárias (MORAES et al., 2004).

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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA