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3 MEIOS PERSUASIVOS

3.3 PROCESSOS INFERENCIAIS

Neste trabalho, a principal fundamentação teórica que baseia as inferências e os processos inferenciais é construída a partir da Metateoria das Interfaces Externas e Internas (2008/2009), de Costa, que une diferentes campos de conhecimento como linguística, comunicação e cognição, no que diz respeito à descrição e à explicação dos atos comunicativos humanos, formando uma interface externa. Também, subáreas da linguística, como a pragmática e a semântica, podem formar uma interface interna que corrobore a descrição e a explicação dos atos comunicativos humanos. Para tanto, como já dito, são utilizadas a Teoria Inferencial das Implicaturas e a Teoria da Comunicação,

de Grice (1957/1975), a Teoria da Relevância, de Sperber e Wilson (1986/1995/2008), a Teoria das Implicaturas Conversacionais Generalizadas, de Levinson (2000), e a Teoria do Diálogo (2010).

De acordo com a seção 2.2.3, sabemos que a TR propõe uma perspectiva ostensivo-inferencial no que diz respeito aos mecanismos e processos envolvidos na comunicação humana e propõe uma nova perspectiva e aprofunda estudos seguindo a Máxima de Relação de Grice (1975), que diz respeito à relevância das informações.

Esta teoria utiliza elementos da pragmática para basear-se exclusivamente nas informações contextuais de um ato comunicacional, essas informações podem se originar a partir do comportamento de um falante até das formulações de suposições e processamento de informações que possam derivar do diálogo.

A TR trata elementos ostensivos da informação passada, consequentemente de um lado do ato comunicativo um falante está envolvido com a relevância da informação através da ostensão e o outro está envolvido nas deduções que derivam dessas informações. Segundo Campos (2008),o estímulo é relevante para merecer o esforço de processamento da audiência. Também é importante que o grau de relevância seja diretamente proporcional à relação entre esforço de processamento e efeito cognitivo positivo, assim quanto mais relevante o estímulo for, melhor se dá a satisfação da relação dos falantes no ato comunicacional.

Vê-se que, durante um diálogo, um interlocutor A intencionalmente informa algo a B seguindo um código linguístico, dentro de um contexto específico, são geradas inferências em B. A somente se torna relevante para B, quando passar suas informações de forma ostensiva, a compreensão do diálogo entre A e B deve ser norteada através de uma relação custo x benefício, ou seja, buscando otimizar a comunicação, deve-se haver pouco esforço para a compreensão . Seguindo S&W (2005), a entrada de informação, ou input, é relevante para um falante quando se estabelece uma conexão entre a informação e um contexto, logo, suposições são originadas e concluem um significado, ou seja, após os cálculos dedutivos surge um efeito cognitivo positivo.

Para S&W (1995), comunicação humana tende a buscar a relevância inevitavelmente, assim como um menor esforço de processamento da informação para se chegar a um benefício. Desde que o diálogo apresente um contexto, as formulações de hipóteses podem ser geradas por cada indivíduo envolvido. S&W (2005) reforça a

idéia de que a relação custo x benefício se dá naturalmente na comunicação humana, afirmando que se um ouvinte segue um caminho de menor esforço, ele pode chegar a uma interpretação que satisfaz suas expectativas de relevância, assim, calcula uma hipótese que fique adequada para o significado das informações do diálogo, mesmo podendo não ser verdadeira.

Durante o processo comunicativo, o ambiente cognitivo que envolve os indivíduos, trabalha os processos mentais dos mesmos desde estes tomem suposições como verdadeiras mutuamente. Assim, as intenções dos interlocutores podem ser informativas e comunicativas, ao tornar manifesto ao ouvinte um conjunto de suposições e ao tornar mutuamente manifesto para ambos interlocutores a intenção informativa do comunicador.

Dentro de certos contextos cognitivos, seno ambiente cognitivo é conhecido um falante, ele pode supor as inferências do interlocutor e suas intenções podem ser reconhecidas pelo interlocutor, mesmo se forem implícitas. O contexto é dado a partir de aspectos que envolvem o diálogo, como o lugar físico onde se dá o ato comunicacional, ou até mesmo onde este está inserido se dependente de atos comunicacionais anteriores. Logo, uma informação é relevante somente quando ligada a um determinado contexto.

Alguns aspectos podem influenciar no esforço de processamento de uma informação, ou seja, podem influenciar no custo de interpretação da informação, como, por exemplo, a barreira linguística, assim como as variantes de acesso da informação e do contexto.

A forma com que a informação é passada pode ser por meio de explicaturas ou implicaturas. As explicaturas tratam das inferências entre o que está implícito e o dito, e as implicaturas dependem do código e contexto, ou seja, tratam das suposições implícitas contextuais que pretendem manifestar a relevância da informação do indivíduo.

As implicaturas não trabalham o expresso, e sim o contexto. Podendo variar de acordo com a compreensão pessoal do falante, que por sua vez, também depende de vários aspectos, como ambiguidade, modo de elocução e comportamento do falante. As implicaturas podem ser fortes se ela for fundamental para se chegar a uma interpretação

adequada ao conteúdo do diálogo, caso contrário, ela se torna fraca e não se torna primordial para a construção do significado do ato comunicacional.

Para complementar os apontamentos da TR, Costa (2010) desenvolve a Teoria do Diálogo (TD), nela o conceito de diálogo é visto como a unidade básica de comunicação social humana entre duas partes, ou seja, formado por dois interlocutores. Este tipo de comunicação é relacionada à tendência natural do ser humano de conectividade.

O ato comunicacional humano entre A e B, ou diálogo, é analisado, tanto pela Teoria das Implicaturas de Grice, Teorias das Implicaturas Conversacionais Generalizadas de Levinson quanto pela Teoria da Relevância de Sperber e Wilson, conforme seu conteúdo explicitado ou inferido. A TD se encontra ainda em desenvolvimento, porém, dá importância não só ao conteúdo, mas também à causa do estabelecimento do diálogo humano, ou seja, pode ser ligada as emoções e intenções dos falantes. A tendência natural humana para a comunicação é chamada de Princípio da Conectividade Não-Trivial, segundo Costa (2010), essa relação de conexão é interativa e criativa e não meramente mecânica

Ao envolver a linguagem humana, um diálogo trabalha aspectos tanto lexicais e sintáticos quanto semânticos e pragmáticos; o que possibilita a articulação do diálogo atribuindo condições de veracidade para os enunciados. As condições de verdade devem estabelecer relações entre as proposições e os fatos, enquanto as condições de veracidade estabelecem relações entre falantes. Assim, a veracidade depende de cada diálogo e pode ser provisória e online. Suprindo o diálogo com informações pragmáticas, lexicais e sintáticas adequadas, os interlocutores podem assumir a verdade de algo no diálogo.

Ditos explícitos e implícitos, intencionais e inferenciais produzem o diálogo. O dito literalmente expresso, através de um código, tem seu contexto semanticamente relacionado com o dito implícito; o dito implícito se dá pelo contexto, não sendo feito um cálculo inferencial para a recuperação de informações, uma vez que o dito explícito é econômico.

A intenção de cada indivíduo é ligada à emoção, e define as inferências e significado dialógico dentro di diálogo, segundo Costa (2010). Assim, é possível que o processo inferencial consiga explicitar as intenções de um falante. Caso isto não

aconteça, se pode cancelar as intenções e mudar o rumo do diálogo. Os falantes, dentro do ato comunicacional, adaptam ditos, intenções e inferências. Desta forma, o custo de retificação permanece baixo mesmo que sejam variados aspectos quanto à quantidade e à qualidade de informação.

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