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2 SETOR SUCROENERGÉTICO E SUA CONFIGURAÇÃO NA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE ITUIUTABA (MG)

17 Corte mecanizado é a nomenclatura usada para caracterizar os novos padrões de plantio e colheita da cana-de açucar com uso de maquinário específico (Grandes tratores e colhedeiras) desenvolvidos para aumentar a

2.3 PRODUÇÃO CANAVIEIRA EM MINAS GERAIS

Em Minas Gerais, a produção de cana-de-açúcar teve início somente a partir do século XVIII, quando a cultura já não era tão importante economicamente para o país, sendo como um apêndice de nova atividade econômica mais importante, que era a extração de ouro e diamantes.

A atividade econômica canavieira em Minas Gerais se apresentou anteriormente como complementar em relação a outras atividades econômicas nucleares, tanto dentro do próprio estado quanto em relação aos demais estados do Centro-Sul do Brasil.

Para que Minas Gerais se posicionasse como um grande produtor de derivados da cana-de-açúcar, foi necessário que fatores desfavoráveis fossem superados, já que em Shikida (1992) temos que, os fatores naturais adequados para o cultivo de cana-de-açúcar eram limitados, como o relevo relativamente ondulado e as restrições térmicas e hídricas das regiões mais industrializados e que possuíam maior capacidade logística.

Outro fator que foi empecilho inicial para a produção da cana-de-açúcar em Minas Gerais, é que no estado de São Paulo, o envolvimento das entidades e do poder público sempre se fez presente na tentativa de criar melhores condições para o setor, via criação de órgãos de pesquisa, além da infraestrutura da logística e financeira derivada da cafeicultura, o que não tinha Minas. (SIQUEIRA, 2013).

Em contrapartida, nos municípios mineiros, houve muitos fatores atrativos para a instalação de usinas de cana de açúcar. A disponibilidade de recursos hídricos no interior do estado, facilidade de arrendamento de áreas, a disponibilidade de mão de obra formal e a escolarização mais elevada dessa mão de obra são fatores que determinaram aos poucos a presença de usinas no estado.

Mesmo sem ser atividade de destaque, a produção de cana-de-açúcar em Minas Gerais se estendeu durante um longo período, até que em meados da década de 2000, a produção passou a ter grande importância para o estado.

Se nos ativermos aos dados da tabela 1, verificaremos que em uma década o aumento da área colhida de cana-de-açúcar no Brasil e Minas Gerais aumentou consideravelmente sua área colhida, o que é consequência de boa área plantada.

Tabela 1: Brasil e Minas Gerais -Cana-de-açúcar: Evolução da Área Colhida ( ha)

Ano Brasil Minas Gerais

2000 4.804.511 291.083

2005 5.806.518 349.104

2010 9.076.706 746.527

2014 10.419.678 932.827

2015 10.093.171 910.927

Fonte: SIDRA - IBGE 2015. Org.: REZENDE, J.A., 2016

A nível nacional o aumento percentual da área colhida foi em torno de 173%, o que representa muito quando nos referíamos a uma cultura temporária, com entressafra longa. Maiores valores observamos com relação ao aumento da área colhida em Minas Gerais, onde o índice ultrapassou a 263% na década.

Outra comparação importante pode ser feita quando entre dados da produção entre Brasil, Centro-Sul e Minas Gerais (Tabela 2)

Tabela 2 - Brasil, Centro Sul, Minas Gerais, Resultado comparativo da área colhida

Comparativo de área colhida (Unidade: Hectare)

2005 2010 2015

Brasil 5.805.518 9.076.706 9.695.774

Região Centro-Sul 4.660.039 7.810.665 8.543.767

Minas Gerais 349.104 746.527 907.649

Fonte: SIDRA - IBGE 2015. Org.: REZENDE, J.A., 2016

Este volume colhido de cana proporcionou na safra 2014/2015 em Minas Gerais uma produção de 3.267.059 toneladas de açúcar, tornando-o o segundo maior produtor no país, atrás somente de São Paulo.

Verifica-se que Minas Gerais no ano safra de 2014/ 2015 (Tabela 4), teve um volume representativo em 9,2% da produção de açúcar no Brasil e 10,2% da produção na região Centro-Sul. Indicativo que os investimentos tanto a nível de plantas industriais, como de aprimoramento de plantio e colheita foram maciços.

Tabela 3- Brasil, Centro-Sul, Minas Gerais -Produção de Açúcar 2013/2014 - 2014/2015 Produção de açúcar - 2013/2014 e 2014/2015

*Unidade: mil toneladas

Área Geográfica 2013/2014 2014/2015

Brasil 37.562 35.548

Centro-Sul 34.295 31.987

Minas Gerais 3.411 3.276

Fonte: UNICA - 2015. Org.: REZENDE, J.A., 2016

O aumento da produção canavieira em Minas Gerais esteve associado também a um crescimento expressivo e importante do etanol, tanto o anidro como o hidratado, pois as usinas que se instalaram no estado detêm condições técnicas aprimoradas na produção destes produtos, já que em sua maioria são usinas que investiram na tecnologia e aperfeiçoamento, em especial na produção através do uso de difusores. (NOVACANA, 2015)

Tabela 4 - Brasil, Centro-Sul, Minas Gerais - Comparativo da produção de etanol - Produção de Etanol - Comparativo Decenal - Relação Minas, Centro Sul e Brasil

Uni:: Mil m3 Área Geográfica 2004/2005 2013/2014 2014/2015 Brasil 15.389 27.541 28.394 Centro-Sul 13.563 25.575 26.146 Minas Gerais 793 2.657 2.727 Fonte: UNICA - 2015. Org.: REZENDE, J.A., 2016

A produção de etanol também aumentou nesse mesmo período, 392,35%, atingindo 2.727.000 m3 na safra 2014/2015 em Minas Gerais. Ao fazermos o comparativo tendo como base uma faixa de 10 anos (tabela 4), verificamos o quanto Minas Gerais aumentou sua contribuição também na produção de etanol. A nível percentual no ano safra 2004/2005, passa para importante 5,2% no comparativo da produção nacional, chegando com contribuição no ano de 2015 a percentuais de 9,6% relativo para o Brasil e 10,4% da produção na região Centro-Sul. (UNICA, 2015).

Os elementos apresentados anteriormente, agregados ao gráfico 1 nos permitem ver o quanto a cultura da cana-de-açúcar, mas principalmente a produção de etanol desenvolveu no

estado de Minas Gerais e consequentemente o lucro para os empresários foi de larga margem, induzindo-os a continuar os investimentos nesta região. Gráfico 1- Comparativo de regiões brasileiras na produção do etanol

Gráfico 1 - Brasil, NE, CS, MG - Comparativo de regiões na produção de Etanol -

Fonte: ÚNICA 2016 Org: Rezende, J. A. 2016

Mas um importante subproduto da cana veio aumentar ainda mais os valores monetários alcançados com esta monocultura, sua utilização como matéria prima para produção de energia. Na próxima seção procuraremos discorrer sobre o uso da biomassa e da queima da palha na produção de energia, processo de reestruturação que conseguiu minimizar algumas questões ambientais, além de favorecer o capital.

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