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Produção de alimentos em pequenas propriedades rurais

3.2 A SUSTENTABILIDADE E OS PROGRAMAS DE FOMENTO

3.2.1 A Produção nas Pequenas Propriedades Rurais (PPR) e o Fomento

3.2.1.1 Produção de alimentos em pequenas propriedades rurais

O conceito de agricultura familiar é recente e consiste em propriedades onde predominam mão de obra e gestão familiar; é responsável por grande produção de alimentos e se enquadra em uma agricultura sustentável. A principal característica é a produção sem o uso de agroquímicos, considerada pelos agricultores como alimento puro (CHIMELLO, 2010).

Grisa (2007) observou que a produção para auto consumo está presente na totalidade dos estabelecimentos e tem representação financeira significativa. Gazolla (2004), constatou que a qualidade nutricional do alimento produzido para o autoconsumo tem qualidade superior aos alimentos adquiridos no mercado.

Para Duarte (2007), a entrada do capital comercial e industrial no campo gerou profunda alteração nas formas de produzir e viver da população ocupante de pequenas parcelas de terra. Uma infinidade de manufaturados passa a ser oferecido pelo sistema produtivo e, no desafio de gerar renda para garantir a inserção no mercado, passa-se a produzir com base na mecanização e nos insumos industriais, buscando freneticamente a operacionalização do conceito de produtividade (CHIMELLO, 2010).

As plantações e gestão florestais podem contribuir para o atendimento das crescentes necessidades das sociedades contemporâneas por produtos florestais e

para a preservação ambiental, para redução da pobreza e para a segurança alimentar, se promoverem o aumento da produção no setor, com geração de emprego e renda para trabalhadores e comunidades rurais e produtos essenciais (madeireiros e não madeireiros), seguindo tecnologias e normas ambientais adequadas. Nesse contexto, programas de fomento florestal têm sido implementados com o fim de fornecer madeira para empresas do setor e como alternativas de renda para pequenos e médios produtores rurais em alguns países em desenvolvimento (ALVES, 2008).

A agricultura familiar, para Funk, Borges e Salomoni (2006), é o modo agrícola pelo qual mais se produz alimento no Brasil, já que possui produção diversificada, destinada ao abastecimento da propriedade, onde o excedente é vendido com vistas à obtenção de renda. Nesse sistema, a terra, o trabalho e o capital combinam-se entre si, e a família configura a unidade de produção e de consumo, de forma que os agricultores detêm grande parte dos meios de produção (CHIMELLO, 2010).

Conforme Gazolla e Schneider (2007), a produção para autoconsumo compreende todo o tipo de produção, bens, ferramentas de trabalho ou outros produtos que são gerados no interior da unidade familiar e utilizados pelos seus membros para suprir suas necessidades. Nesse sentido, o autoconsumo alimentar pode ser definido como aquela parcela da produção animal, vegetal ou transformação caseira, que foi produzida pelos membros de uma família e que é utilizada na alimentação do grupo doméstico, de acordo com as suas necessidades.

Grisa (2007) afirma que para garantir a qualidade e a sanidade, a produção destinada ao autoconsumo geralmente é isenta de agrotóxicos e outros produtos químicos e utiliza esterco animal, cinzas, restos de alimentos e outros materiais que não comprometem a saúde do consumidor. Essa produção promove manejos mais sustentáveis, mediante a utilização e reciclagem de recursos locais disponíveis, sem agredir o meio ambiente.

Em todos os sistemas, segundo Tremarin, Pezzi e Genessini (2007), as atividades para autoconsumo contribuem significativamente para a formação de

renda, além de conferir maior segurança alimentar e mais instabilidade em relação a mudanças na economia.

No Brasil, são poucas as regiões que ainda conservam as tradições e cultivam a produção de alimentos tradicionais. Geralmente, são regiões menos valorizadas economicamente, esquecidas tanto pelo poder público quanto privado (ZUIN; ZUIN, 2007).

Os produtos florestais não madeiráveis (PFNMs) são recursos naturais provenientes de ecossistemas nativos, sistemas agroflorestais ou cultivos, que não sejam a madeira (BALZON; SILVA; SANTOS, 2004). São frutos, castanhas, óleos, resinas, látex, fibras, ceras, folhas, fungos, mel silvestre, sementes, cortiça, taninos, forragens e até mesmo, ampliando o conceito, recursos de fauna, serviços ambientais, entre outros.

Balzon, Silva e Santos (2004), em estudo sobre a conceituação e classificação de PFNMs, avaliam que esses são, muitas vezes, definidos como “menores” e “secundários”, mais exprimem uma gama de recursos animais e vegetais, que não se refiram unicamente à madeira, mostrando a importância desses recursos, tanto para as comunidades quanto para o comércio dos produtos oriundos das espécies.

O comércio dos PFNMs vem sendo considerado como estratégia capaz de conciliar tanto o desenvolvimento socioeconômico de comunidades tradicionais habitantes de áreas naturais, quanto a conservação ambiental (BRITES; MORCELLO, 2008).

No caso da comercialização de PFNMs, esta atividade pode afetar a resiliência do sistema social e ecológico no qual ela se desenvolve de diversas maneiras. Pode, por exemplo, provocar impactos ambientais diretos e indiretos. Alguns dos possíveis impactos ambientais diretos são alterações na dinâmica populacional do recurso explorado, bem como nas populações de espécies que dele dependem, como predadores e dispersores. Os impactos ambientais indiretos referem-se a alterações na paisagem como, por exemplo, a construção de estradas para o escoamento da produção. Também podem ser considerados como impactos indiretos, as transformações no uso dos recursos, devido à sua exploração segundo

a lógica do mercado, em contraposição ao sistema tradicional original (BRITES; MORCELLO, 2008).

Segundo a KLABIN (2013), a parceria com associações de apicultores, por meio da cessão de suas florestas, contribui para impulsionar o desenvolvimento das cadeias produtivas que trazem benefícios às comunidades, especialmente, na geração complementar de renda e ao meio ambiente. A iniciativa desenvolvida em parceria com a Associação de Apicultores de Telêmaco Borba e a Cooperativa Caminhos do Tibagi opera uma unidade de beneficiamento que tem por objetivo preparar e distribuir o mel e seus derivados, de acordo com as exigências legais e de mercado.

O grande entusiasmo e incentivo à exploração de PFNMs baseia-se no pressuposto de que tal prática seja capaz de promover, simultaneamente, o desenvolvimento socioeconômico das comunidades tradicionais e a conservação florestal (HIREMATH, 2004), oferecendo um modelo de manejo ao mesmo tempo economicamente competitivo e ecologicamente sustentável (ROS-TONEN; WIERSUM, 2003).

Os programas de fomento florestal tem contribuído para o desenvolvimento de outras atividades na propriedade, em razão dos investimentos feitos a partir das receitas advindas da floresta fomentada e do valor dado pelos produtores rurais à silvicultura (OLIVEIRA; VALVERDE; COELHO, 2006).

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