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2.6 I NDÚSTRIA M OVELEIRA

2.6.1 Produção e Consumo

A indústria nacional de móveis localiza-se, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste, com cerca de 88% da produção doméstica proveniente dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Além disso, mais da metade das exportações nacionais de móveis é oriunda de Santa Catarina (ROSA et al., 2007).

Ainda, segundo pesquisas do IBGE (2007), as categorias de móveis de madeira (peças completas, exceto componentes) mais produzidas são, em primeiro lugar, os guarda-roupas, seguidos pelas camas e em terceiro lugar, as cadeiras e assentos (exceto para escritório). Em relação ao volume de vendas (valores em reais), as lideranças se mantêm para o primeiro lugar os guarda-roupas, segundo lugar as camas. Entretanto, o terceiro lugar fica com as poltronas e sofás.

O Estado de São Paulo - que detém cerca de 40% do faturamento do setor e quase a metade do número total de estabelecimentos - concentra hoje 80% da produção nacional de móveis de escritório. Já nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina a produção concentra-se em torno de dois pólos industriais: Bento Gonçalves e Flores da Cunha (Rio Grande do Sul) e São Bento do Sul (Santa Catarina), especializados na produção de móveis residenciais. O pólo de Bento Gonçalves está voltado principalmente para a fabricação de móveis retilíneos seriados (de madeira aglomerada, chapa dura e MDF), enquanto o pólo de São Bento do Sul é especializado em móveis torneados de madeira maciça, especialmente pínus. Depois de São Paulo, o Rio Grande do Sul é o segundo maior

produtor de móveis, representando em média 20% do valor da produção nacional (GORINI, 1998).

O consumo nacional é suprido quase integralmente pela produção doméstica e as importações têm participação muito pequena, apesar de crescentes. Os principais centros consumidores são as regiões Sul e Sudeste, cabendo destacar São Paulo e região do ABC, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília, bem como suas respectivas regiões metropolitanas.

Atualmente, existem pólos moveleiros em Minas Gerais (Uberaba, Uberlândia), Espírito Santo, Paraná, e em estágio embrionário começam a surgir também nas demais regiões do país, tais como nas regiões de Macapá e Santana (AP); Paragominas (PA); Sobral, Juazeiro e Igatu (CE); Teresina (PI); Caruaru, Afogados, Garanhuns, Gravatá e Lajedo (PE); Brasília (DF) e Itapetininga (SP) (BRASIL, 2002). Os pólos que mais investiram em tecnologia foram os de Bento Gonçalves e o de São Bento do Sul. Basicamente, os investimentos foram em sua maioria realizados na aquisição de equipamentos com controle numérico computadorizado - CNC, pelas empresas de maior porte, e são, geralmente, importados da Itália, Alemanha e Espanha.

Conforme Gorini (1998), embora na década de 90 a indústria de móveis tenha investido pesadamente no parque de máquinas, em automação e controle de qualidade, com conseqüente aumento da escala de produção das principais empresas do setor, as empresas mais modernas, geralmente ligadas ao comércio internacional, são poucas dentro de um universo grande de empresas desatualizadas tecnicamente e com baixa produtividade, tendo se restringido às grandes e médias empresas do setor.

A definição do produto no que diz respeito a seu design tem sido objeto de várias discussões acadêmicas e profissionais. O motivo dessas discussões está na valorização que a originalidade confere ao produto, um fator que pode determinar a competitividade de determinado setor. Segundo Rosa et al. (2007), o design no móvel não pode ser entendido apenas como o desenho ou a aparência física. O móvel tem de ser funcional, confortável e ergonômico e ainda precisa de um melhor

aproveitamento de espaços. O design abrange desde a concepção do projeto e todas as fases de produção até a entrega ao cliente final.

Embora o Brasil tenha potencial competitivo para ampliar as exportações de móveis feitos a partir de madeira de reflorestamento, tem um problema importante a ser superado que é a falta de um design genuinamente nacional, já que hoje a maioria dos móveis exportados é cópia modificada dos produtos do exterior. O desenvolvimento de um novo design envolve vários aspectos, tais como a diminuição do uso de insumos, a redução do número de partes e peças envolvidas num determinado produto, além da redução do tempo de fabricação. Design é mais que um avanço na estética. Significa o aumento da eficiência global na fabricação do produto, incluindo-se aí as práticas que minimizem a agressão ao meio ambiente. (GORINI, 1998).

No que se refere aos novos materiais, verificam-se grandes mudanças decorrentes das inovações ocorridas nas indústrias química e petroquímica que permitiram a introdução de um expressivo número de inovações na indústria moveleira. No entanto, a indústria moveleira nacional não possui pessoal especializado em design com exceção de algumas empresas líderes do setor. Além disso, apenas três dos sete pólos registram um nível de difusão apreciável de equipamentos de design computadorizado, os quais são utilizados quase exclusivamente pelas grandes empresas.

Estudos realizados junto ao setor moveleiro já apontaram que o preço, a marca e o design (apelo visual) são fatores importantes para o sucesso na comercialização de móveis. Outros fatores que merecem destaque são: o prazo de entrega e a assistência ao consumidor, além da tradição da empresa, no caso de móveis sob encomenda. Os principais problemas relativos à comercialização de móveis, no mercado interno, referem-se aos prazos de entrega. No pós-venda, existe um grande número de reclamações no PROCON, sendo que os problemas relevantes são de transporte, estocagem e montagem. (ROSA et al., 2007)

Segundo Rosa et al. (2007), a demanda por móveis varia positivamente com o nível de renda da população e com o comportamento de alguns setores da economia, particularmente a construção civil. Muito sensível às variações conjunturais da

economia, o setor é um dos primeiros a sofrer os efeitos de uma recessão. O gasto com móveis, em geral, situa-se na faixa de 1% a 2% da renda disponível das famílias. Outros fatores que influenciam muito a demanda por móveis são as mudanças no estilo de vida da população, os aspectos culturais, o ciclo de reposição, o investimento em marketing (em geral muito baixo nessa indústria) e a concorrência com outros produtos de consumo de massa.

Considerado, atualmente, o sexto maior do país, o pólo moveleiro do Nordeste Capixaba desenvolveu-se em torno do município de Linhares, a partir do início da década de 1960. O pólo é composto por empresas de capital nacional, sendo uma de grande porte (Movelar) e duas de médio porte (Rimo e Delare). O principal produto da região é o móvel retilíneo produzido em série, com destaque para dormitórios. A principal exceção é a Delare que fabrica estofados. Além das empresas fabricantes de móveis, o pólo também conta com serrarias, alguns poucos fornecedores de equipamentos, além de fornecedores de tintas e vernizes (ROSA et al., 2007).

Segundo os autores, a indústria da região escoa seus produtos, majoritariamente, no mercado nacional. As vendas são realizadas, no caso das pequenas empresas, através de representantes comerciais, que vendem seus produtos para pequenos varejistas. No caso das empresas de maior porte, o principal destino são os grandes varejistas distribuídos ao longo do país. As grandes empresas também utilizam escritórios de exportação para comercializar o pequeno volume destinado à exportação.

2.6.2 Tecnologias de Gestão na produção e comercialização de

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