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Produção pecuária no Extremo Noroeste Paulista

3. Características e Formação sócio-econômica dos Produtores Rurais do Extremo

3.1. A condição do produtor agropecuário no Extremo Noroeste Paulista

3.1.3. Produção pecuária no Extremo Noroeste Paulista

Conforme explicitado, existe uma diferença entre estabelecimentos com área destinada a pastagens e aqueles que efetivamente a utilizam com a atividade pecuária. Apesar da não ocorrência no Extremo Noroeste Paulista de uma grande concentração fundiária, grande parte dos produtores rurais optaram pela produção agropecuária, ou seja, juntamente com a produção agrícola, a utilização da pecuária em pequena escala, que em sua maioria encontram-se em estabelecimentos menores que 100 ha, mais especificamente, menores que 20 ha.

Porém, os estabelecimentos com área superior a 20 ha, e com maior ênfase aquele segmento com área superior a 100 ha, possuem como principal atividade econômica, a pecuária, principalmente a de corte, enquanto que a produção de leite tem predomínio nos “pequenos” e “médios” estabelecimentos.

A quantidade de estabelecimentos rurais com atividade pecuária em 1960 representava 16,3% a menos que os estabelecimentos com pastagens7, o que confere ainda uma baixa utilização. Essa pecuarização que ocorria junto ao “pequeno produtor” se explica porque este direcionava sua produção objetivando um giro de capital rápido, fazendo com que as produções de leite, aves, ovos, pequenos animais, competissem diretamente com o valor da produção das lavouras tradicionais temporárias, aumentando assim a renda gerada. “Em 1970, São Paulo possuía o terceiro rebanho bovino do país, [...] que se concentravam na região ‘oeste’do Estado [...].” (NEGRI, 1996, p. 195). A atividade pecuária, nesse período, caracterizava-se por fazer parte da economia dos produtores rurais que necessitavam do capital, sendo juntamente com as culturas temporárias, setor de grande importância para o processo de consolidação desses na região.

A variação entre área de pastagens e área utilizada para a pecuária foi mais expressiva em meados da década de 1980, quando essa diferença alcançou 113,7%. Isso significa que no período do auge da cafeicultura, os produtores rurais mantiveram grande parte da área destinada às pastagens, porém, com uma diminuição na quantidade de estabelecimentos produtores.

Outro fator que merece cuidado, é em relação à quantidade do rebanho bovino, uma vez que a diminuição na produção entre 1960 e 1980, foi de apenas 6,5%. Isso

7 Os estabelecimentos com pastagens não necessariamente devem possuir uma atividade pecuária. Isso fica claro quando se observa a grande quantidade de terras sem ocupação (atividade agropecuária) no estado de São Paulo e no Brasil.

demonstra e confirma que: os produtores de café de “pequenos estabelecimentos”, conforme será demonstrado posteriormente, haviam trocado a criação de gado pelo café, o que redundou na redução da quantidade de estabelecimentos nesse período, pois as condições encaminhavam-se para tal cultura permanente, contudo, a quantidade do rebanho bovino teve pouca diminuição, o que demonstra a produção em estabelecimentos “maiores”, com uma concentração produtiva, já que o aumento de 98,5% de estabelecimentos entre 1985 e 1995, trouxe um aumento na quantidade de cabeças de gado de apenas 5,4%.

Essa quantidade demonstra que em meados da década de 1980, as atenções produtivas estavam voltadas para outros tipos de produção, ficando a atividade pecuária em segundo plano na economia rural do Extremo Noroeste Paulista, principalmente entre os estabelecimentos menores de 100 ha, e mais especificamente menores de 20 ha.

Já em meados da década de 1990, ocorre um novo aumento na produção pecuária, uma vez que a produção que comandou a década de 1980, entrou em declínio. Isto representa que, com a diminuição da atividade agrícola no Extremo Noroeste Paulista, houve um aumento pela produção pecuária, intensificada principalmente depois do final da década de 1980, em todos os segmentos de área.

A quantidade do rebanho bovino ainda era muito baixa em 1960, já que a necessidade básica dos produtores era de saldar as dívidas junto à CAIC, e essa produção estava dominada por pequenos produtores rurais, porém, com baixa quantidade, que equivale a uma média geral de 38,5 cabeças por estabelecimento. É claro que essa quantidade não representa totalmente a realidade do Extremo Noroeste Paulista, uma vez que muitos estabelecimentos possuíam um número muito maior de bovinos, enquanto que outros possuíam poucas cabeças de gado, sem considerar também, o tamanho dos estabelecimentos analisados, já que a maior quantidade de bovinos se encontrava nos estabelecimentos maiores que 20 ha, principalmente os maiores que 100 ha, porém, com um menor aproveitamento de área se comparado com os estabelecimentos menores, mas com maior produção.

Em meados da década de 1980, com a acentuada diminuição na quantidade de estabelecimentos voltados para a produção pecuária, ocorreu também uma pequena diminuição na quantidade de cabeças de gado. Com essa diminuição, dever-se-ia também diminuir a quantidade média de cabeças de gado por estabelecimento, uma vez que ocorreu uma migração de produtores da pecuária para a agricultura, principalmente entre os “pequenos”.

Entretanto, a média de cabeças por estabelecimentos aumentou para 118, o que demonstra, em linhas gerais, que os produtores que saíram da produção pecuária, eram

aqueles com menor capacidade financeira, uma vez que não modificou a produtividade pecuária, assim como acabou concentrando ainda mais a média, demonstrando que a produção mais eficaz provinha de estabelecimentos maiores, que não se dirigiram para a plantação de café e para as lavouras temporárias. Porém, as lavouras não competiriam com a pecuária, pelo menos em termos de área ocupada.

A atividade pecuária sempre foi, e continua sendo a que mais se destaca em relação ao valor final do produto, em termos gerais, e sua atividade sempre esteve presente na região durante todo seu processo de formação, até a atual configuração territorial. O maior “problema” dessa atividade, constitui-se na maior concentração produtiva em estabelecimentos maiores (que 100 ha, na maioria das vezes), portanto, com poucos beneficiados, concentrando-se nas mãos de poucos, mas ocupando uma área extensa.