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Produtividade e parâmetros tecnológicos

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3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.5.1 Produtividade e parâmetros tecnológicos

Na Tabela 1, são apresentadas as médias referentes a produtividade (Mg ha-1) das partes da planta (colmo; e palhada = ponteiros e folhas), em sétima safra (cana 6ª soca), sob a influência de dois fatores, preparo do solo no momento da renovação do canavial, plantio convencional (PC) e cultivo mínimo (CM), e manejo da palhada antes da colheita, cana sem queima (SQ) e queimada (CQ).

Quanto à interação entre o preparo do solo (PS) e manejo da palhada (MP), esta não foi significativa para as variáveis de produtividade. Também não houve diferença para os rendimentos de colmo e palhada, em Mg ha-1, e números de colmos m-1, entre os sistemas de preparo do solo e manejo da palhada. Porém, foi observado que o sistema de plantio convencional (PC), e cana sem queima (SQ), têm uma tendência de proporcionar maiores rendimentos de palhada, números de colmos e principalmente de colmos, em relação ao cultivo mínimo (CM) e a cana com queima (CQ), onde essa diferença foi de quase 7 Mg ha-1, e pouco mais, respectivamente.

Com o decorrer dos anos de cultivo, normalmente, ocorrem quedas na produtividade de colmos. Entretanto nesse experimento, em 6ª soca, as médias de produtividade variaram de 61,6 a 76,0 Mg ha -1 (Tabela 1), ou seja, médias superiores à média do estado do Espírito Santo (55,3 Mg ha -1) (Conab, 2013). Esse resultado possivelmente deve-se a boa distribuição de precipitação ao longo dos meses de cultivo da cana-de-açúcar, embora tenha apresentado- se como um ano atípico, como detalhado na Figura 1, nos meses de out., nov., dez. e jan., relativos a fase de brotação e emergência dos brotos, e do perfilhamento, ocorreram boas precipitações. O que garantiu o bom desenvolvimento e estabelecimento da cultura, consequentemente produtividades acima da média do estado mesmo em 6ª soca. Assim minimizado as possíveis diferenças entre os tratamentos, pois em relação ao manejo da palhada a cana SQ tende a apresentar maiores médias de produção em comparação a CQ, principalmente em períodos de estiagem, e quando os mesmos são prolongados (Urquiaga et al., 1991; Peres et al., 2010).

Na área sob manejo SQ foram adicionadas no sistema 19,8 Mg ha -1 de palhada (Tabela 1), contudo embora na área CQ a produtividade de palhada (ponteiros e folhas) tenha atingido em média 17,7; a maior parte dessa foi perdida perante a queima do canavial, pois a alta umidade dos ponteiros impede-os de serem totalmente consumidos pelo fogo. Com isso, no sistema SQ os nutrientes presentes na palhada através da ciclagem são liberados no solo.

Os resultados de produção de colmos frescos e palhada obtidas por Mendonza (1996), na mesma área experimental, mas em sua fase inicial, quando existia apenas plantio convencional do solo associado a cana crua e queimada, apóiam em boa parte os encontrados no presente trabalho, pois o autor também não encontrou diferenças entre a cana sem queima e com queima da palhada, desde cana-planta à quinta soca, excetuando a terceira soqueira.

Os dados obtidos por Tavares et al. (2010), também na mesma área de estudo, contudo a 7 anos atrás (cana planta), quando já havia implantado o sistema de cultivo mínimo do solo, corroboram em partes com os encontrados neste estudo, em relação aos rendimentos de colmo, ponteiro, folha, em Mg ha-1, e números de colmos m-1, nos diferentes sistemas de preparo do solo e manejo da palhada. Os autores atribuíram a não diferença significativa entre os sistemas de preparo do solo devido ao curto período de tempo de instalação do sistema de CM. Mas, ao confrontar os resultados desses autores com os do atual trabalho, notou-se uma tendência de aumento entre as diferenças das médias, e uma inversão de comportamento, onde o CM apresentava médias de rendimentos superiores ao do PC, exceção para o número de colmos. Portanto, indicando que o PC possibilitou melhores condições físicas do solo em

24 comparação ao CM, pois essa avaliação da coleta de 2012 corresponde a 6ª soca, o que resultou em uma tendência de queda da produtividade no CM. Entretanto, em relação ao manejo da palhada, o comportamento se manteve quando comparado aos resultados de Tavares et al. (2010), exceção para o rendimento de folhas onde a cana SQ foi superior a CQ.

Além disso, os dados de Azevedo (2008), em estudo avaliando o efeito de três sistemas de manejo físico do solo, caracterizados por diferentes níveis de mobilização do mesmo (preparo vertical, cultivo mínimo e plantio direto), em um Latossolo Vermelho Eutroférrico, em Londrina-PR, também corroboram com os deste trabalho, pois o autor não encontrou diferença na produtividade nos tratamentos.

Por outro lado, os resultados de Silva Júnior et al. (2013), em experimento avaliando cinco tipos de preparo do solo (3 de preparo convencional – PCI, PCII e PCIII; cultivo mínimo – CM; e sulcação direta - SD), em um Latossolo Vermelho Distrófico (textura argilosa), situado em Rio Brilhante – MS, confrontam com os do presente estudo, pois os mesmos encontraram diferenças significativas em relação a produtividade de colmos por hectare, nas safras de cana planta e 1ª soca, nos tratamentos em questão, onde o tratamento de SD apresentou os piores resultados em relação aos demais. Contudo, os autores ressaltam no trabalho que o sistema de sulcação direta (SD) apresenta um custo operacional relativamente inferior aos outros, que possuem mais operações no preparo do solo, com isso viabilizando a aplicação do mesmo.

Em relação ao manejo da palhada, Schultz et al. (2010), avaliando o rendimento de colmos em cana-de-açúcar, cultivada com diferentes doses de adubação, observaram que do ponto de vista dos sistemas de colheita, a cana crua (sem queima) supera à cana queimada.

Quanto aos valores de médias para análise tecnológica do caldo do colmo (ºBrix; Teor de Fibra; Polarização = Pol; Pureza; Açúcares Redutores = A.R.; e Açúcares Totais Recuperáveis = A.T.R.) (Tabela 2), não houve diferença significativa em relação ao sistema de preparo do solo e manejo da palhada. Com exceção para os teores de fibra onde a cana CQ superou a SQ. Contudo, as médias variaram de 12,8 a 13,2, o que em termos de valores absolutos no processo de industrialização dos colmos não causa restrições; além disso, o coeficiente de variação dessa variável foi muito baixo (2,7 %), o que possibilita diferenças significativas mesmo que os valore absolutos não variem muito. Também não houve interação significativa entre o sistema de preparo do solo e manejo da palhada.

Tabela 1. Produtividade da massa fresca de colmo e palhada (soma de ponteiros e folhas) da

variedade de cana-de-açúcar SP79-1011 em 6ª soca, submetidos a diferentes sistemas de preparo do solo e manejo da palhada, em Argissolo Amarelo

Trat Colmo Palhada Nº colmos

SQ CQ Média SQ CQ Média SQ CQ Média

... Mg ha-1... ... m linear ...

PC 76,0 68,8 72,4 20,6 18,7 19,7 11,8 11,9 11,8

CM 69,8 61,6 65,7 18,9 16,7 17,8 11,3 10,9 11,1

Média 72,9 65,2 19,8 17,7 11,5 11,4

CV % 14,57 18,22 11,53

Médias seguidas com letras maiúscula distintas nas linhas para os sistemas de preparo do solo (PC e CM) e de letras minúsculas distintas em colunas para os manejos da palhada (SQ e CQ) diferem significativamente pelo teste de Duncan a 5%. Trat = Tratamentos; PC = plantio convencional, CM = cultivo mínimo; SQ = sem queima e CQ = com queima.

25 Tabela 2. Análise tecnológica do caldo e colmo, da variedade de cana-de-açúcar SP79-1011 em 6ª soca, sob diferentes sistemas de

preparo do solo e manejo da palhada, em Argissolo Amarelo

Trat °Brix Teor de Fibra Pol Pureza A.R. A.T.R.

SQ CQ Média SQ CQ Média SQ CQ Média SQ CQ Média SQ CQ Média SQ CQ Média

... % ... ... kg t-1...

PC 21,2 21,5 21,4 12,8 13,4 13,1 17,1 17,6 17,4 80,6 82,0 81,3 0,9 0,8 0,9 142,9 145,1 144,0

CM 21,6 21,6 21,6 12,9 13,0 13,0 18,2 17,4 17,8 84,3 80,5 82,4 0,7 0,9 0,8 150,5 144,6 147,5

Média 21,4 21,6 12,8 b 13,2 a 17,7 17,5 82,5 81,2 0,8 0,9 146,7 144,8

CV % 1,58 2,70 4,98 4,25 14,17 4,16

Médias seguidas com letras maiúscula distintas nas linhas para os sistemas de preparo do solo (PC e CM) e de letras minúsculas distintas em colunas para os manejos da palhada (SQ e CQ) diferem significativamente pelo teste de Duncan a 5%. Trat = Tratamentos; PC = plantio convencional, CM = cultivo mínimo; SQ = sem queima e CQ = com queima. Pol = Polarização, A.R.= açúcares redutores, A.R.T.= açúcares recuperáveis totais.

26 Mendonza (1996), na mesma área de estudo, mas com tratamentos apenas de plantio convencional do solo associado a cana crua e queimada, avaliando os parâmetros tecnológicos dos caldos e colmos em cana-planta e socas sucessivas, também não encontrou diferenças estatísticas. O autor relata que essa resposta é considerada normal, pois as determinações são feitas imediatamente após a coleta dos colmos frescos e previamente à colheita de todas as parcelas (mesmo naquelas que são queimadas), portanto os dados refletem apenas o estado de maturação da cultura por ocasião da colheita.

Em relação ao preparo do solo, considerando desde apenas a abertura dos sulcos para o plantio (plantio direto) até o que revolve com maior intensidade as camadas do solo (plantio convencional) e diferentes combinações entre esses preparos, os mesmos conduzem a alterações nas propriedades físicas do solo em intensidades variáveis para cada condição (Silva Júnior et al., 2013). Essas alterações podem interferir no rendimento de colmos por área plantada como já apresentado. Além disso, podem modificar a qualidade tecnológica do caldo e do colmo da cana-de-açúcar, discordando em parte dos resultados encontrados neste estudo.

Segundo Silva Júnior et al. (2013), em experimento com cinco tipos de preparo do solo (3 de preparo convencional – PCI, PCII e PCIII; cultivo mínimo – CM; e sulcação direta - SD), em LatossoloVermelho Distrófico (textura argilosa), em Rio Brilhante – MS, o nível de revolvimento do solo alterou os teores de pol (AP), açúcar total recuperável (ATR), produtividade de açúcares por hectare (TPH) e teor de fibra do colmo. Na primeira safra (cana-planta), em geral, os tratamentos que revolveram mais o solo (PCI, PCII e PCIII) apresentaram maiores médias nas variáveis da qualidade do caldo em relação ao com apenas abertura de sulcos (SD), no entanto os teores de fibra foram superiores no PCIII em relação aos demais tratamentos. Na segunda safra (cana 1ª soca), os autores, encontraram diferenças apenas no teor de TPH e na produtividade de colmos por hectare, onde o SD apresentou menores médias quando comparado aos demais tratamentos.

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