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Capítulo I: Destinos Turísticos

1.1. Oferta Turística

1.1.1. Produto Turístico

Atualmente o Turismo não é entendido como uma simples deslocação a um lugar onde há algo para visitar, mas sim como uma atividade mais complexa e participativa. Trata-se da deslocação para um lugar para fazer algo. Já não basta contar com recursos para contemplar, é necessário construir organizar produtos que permitam realizar atividades (Bercial e Timón, 2005).

Na origem do destino turístico está uma amálgama de atrações que, quando combinadas, originam produtos turísticos. O produto turístico pode ser entendido como o conjunto de atributos tangíveis e intangíveis, que o potencial turista pode aceitar consumir com o fim

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O desenvolvimento da atividade turística num destino vai gerar manifestações positivas e negativas em diversos campos de atuação - anexo 2: “Prováveis Impactos do Desenvolvimento Turístico num Destino Tipo”.

de satisfazer uma necessidade ou expetativa. Da mesma ideia partilha Acerenza (1996) ao considerar o produto turístico como sendo um conjunto de prestações, materiais ou imateriais, que são oferecidas com o propósito de satisfazer os desejos e as expectativas dos clientes.

Para Buhalis (2000), existe um conjunto de produtos turísticos que combinados formam diferentes ofertas. As ofertas orientadas à diversidade de “segmentos de mercado9” e aglutinadas em conceitos (produtos) podem formar um destino turístico. Tal como defende Almeida (2010), os componentes do produto turístico têm a capacidade de diferenciar o produto, segmentar a procura e estimular a aquisição e consumo. Para além disso, produto torna-se mais completo quando os seus componentes se interligam e sinergeticamente se consolidam. Almeida (2010) afirma que, destino e produto são conceitos que se completam pela particularidade da sua composição. Haan, Ashworth e Stabler (1991), veem o destino como uma parte do produto turístico.

Valls (1996), citado em Almeida (2010), afirma que o produto turístico apresenta-se como um conglomerado, uma amálgama ou uma constelação de elementos tangíveis e intangíveis. Os elementos tangíveis podem ser os bens, os recursos, as infra - estruturas e os equipamentos, já os elementos intangíveis centram-se nos serviços, na gestão, na imagem de marca e nos preços.

Para Cunha (1997), não há produtos turísticos universais porque cada país e cada região possuem características diferentes que influenciam diferentemente o produto que lhes diz respeito. Embora havendo produtos comuns entre países ou regiões, e outros que se possam transpor, a sua génese resulta das condições de diferenciação de cada local. É esta diferenciação que torna decisivas as preferências dos consumidores.

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Resultado da divisão de um mercado em pequenos grupos, com base em critérios, tais como: demográficos, geográficos, sociais, económicos, de personalidade, estilos de vida, comportamento face ao produto, etc. Este processo deriva do reconhecimento de que o mercado total representa o conjunto de grupos com características distintas. Os consumidores que compõem cada segmento tendem a ter sentimentos e perceções semelhantes sobre um rol de marketing, composto para um determinado produto.

Figura 1.2: Níveis do Produto Turístico

Fonte: Kotler (1999)

Devido às mudanças que se têm vindo a verificar à escala global, em causa derivadas ao fenómeno da globalização, já não basta criar um produto para oferecer, é necessário existir envolvimento das partes envolvidas na atividade turística, para que a visita no local se transforme numa experiência única e com valor acrescentado. É necessária a combinação dos vários elementos que integram e compõem o produto turístico, de forma a criar um produto acrescentado, com valor para o cliente e, consequentemente, que distinga o destino turístico como único.

Para Cooper, Fletcher, Wanhill, Gilbert e Shepherd (1998) o produto turístico é um compósito de tudo o que se pode consumir, experimentar, observar e apreciar durante uma viagem, sendo composto por três elementos:

 primários ou básicos: resultam da ação do homem (recursos culturais e históricos), da ação da natureza (recursos naturais), constituindo condições indispensáveis para o surgimento do produto turístico;

 secundários: componentes de propósito turístico (alojamento, alimentação, animação, etc), e tem como objetivo a satisfação das necessidades dos turistas;

 terciários ou complementares: destinam-se mais a comunidade residente, assumindo-se como complementares ao produto turístico (museus, teatros, bancos, lojas, etc).

O produto turístico é portador de características particulares que o distinguem de outros bens comercializados. A complexidade de construção, resulta de uma combinação entre bens, serviços e a experiência de experimentar ou observar (Almeida, 2010). Para Cooper, Fletcher, Wanhill, Gilbert e Shepherd (1998), o produto turístico apresenta caraterísticas especificas, tais como:

 intangibilidade: não permite ser analisado e avaliado antes do seu consumo;

 perecibilidade: não se pode armazenar, o que não for vendido jamais poderá ser recuperado;

 inseparabilidade: tem de ser obrigatoriamente consumido no local ou área de produção, ao contrário de outras áreas de produção;

 heterogeneidade: composto por uma amálgama de bens e serviços diferentes que se complementam.

Em 2004, Martins acrescenta ainda:

 compósito: onde se reúne uma panóplia de bens e serviços complementares que funcionam em interdependência;

 variável: depende fortemente do consumidor;  partilhado: com os residentes e outros visitantes;

 sazonal: o seu consumo e periódico, devido às suas especificidades.

O produto turístico é composto por um conjunto de elementos tangíveis (ex.: bens) e intangíveis (ex.: serviços, experiências e emoções). Segundo Almeida (2010), o produto turístico não é apenas o bem ou serviço prestado, é também o envolvimento, a experimentação e a interação do visitante com o local e com a população residente. O crescimento e consolidação do produto turístico está ligado a uma adequada estratégia de marketing e a uma capacidade de oferta capaz de gerar satisfação.

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