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1.7 O PRODUTO TURÍSTICO

Assim como “turismo”, muitas vezes ouve-se a expressão “produto turístico”, mas nem sempre compreendemos a real definição destas palavras. O que é um produto turístico? Pode uma cidade ser um produto turístico? E será a cidade de Lisboa um produto turístico? É com o objectivo de respondermos a estas questões que apresentamos o subcapítulo que se segue.

O termo surgiu no contexto da Economia e é baseado numa troca de bens e/ou serviços (Cooper e Hall, 2008: 26). Mais tarde, Tavira menciona a agregação do produto a bens e serviços, aos quais se possa atribuir um preço (2014: 36). Concluímos, deste modo, que um produto turístico é o conjunto de tudo o que um turista pode consumir, utilizar, experimentar ou observar durante uma viagem ou uma estadia num local. O estudo de Conceição (1998: 72) permite-nos definir igualmente o produto turístico como uma imagem global de um determinado local ou como uma experiência proporcionada por um preço definido; no entanto, nem todos os produtos turísticos são exclusivamente experiências. Gilbert define-o como uma “amalgam of different goods and services offered as an activity experience to the tourist” (1990:20). Koutoulas define o produto turístico afirmando que “tourist products satisfy the tourist needs and are the objects of the transactions between tourists and businesses” (2004: 2), enquanto Buhalis (2000: 98) explica o termo dizendo que “(…) a destination can be regarded as a combination (…) of all products, services and (…) experiences provided locally”. Todas as propostas apresentadas são uma maneira de definir o produto turístico, mas de forma pouco aprofundada. Como confirmam Buhalis (2000: 97), Cooper e Hall (2008: 27), Koutoulas (2004: 7) e Cale (2012: 14), o produto turístico é uma fusão de factores e produtos que se complementam entre si e é quase obrigatório que a sua definição seja mais específica, desconstruindo a sua definição inicial, o que a torna complexa. O produto turístico pode então ser resumido como um conceito global de experiências que um turista tem no local, e engloba as empresas turísticas (como alojamentos, autocarros turísticos ou museus), o ambiente de um local, as pessoas e a paisagem. Um produto turístico é, por conseguinte, algo complexo (porque engloba vários actores do turismo) e inatingível (Gartner, 1996b: 409), que engloba recursos primários, infra-estruturas ou equipamentos que podem não ter sido criados exclusivamente para o

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turismo. Esta intangibilidade faz com que as escolhas dos turistas sejam ponderadas, informadas e também pesquisadas até à exaustão, dando assim uso a agências de viagens, à informação partilhada entre indivíduos e/ou à Internet, dando uso às redes sociais.

Se um produto é criado para satisfazer uma necessidade existente num consumidor (como afirma Koutoulas, 2004: 2), um produto turístico será a satisfação de uma necessidade (ou várias) de um turista. Estas necessidades, aplicadas ao turismo, também se dividem, como em Economia, em necessidades primárias e secundárias. Uma necessidade primária turística está ligada à decisão de fazer a viagem, seja por lazer ou trabalho, enquanto uma necessidade secundária turística está relacionada com todos os outros agentes do turismo, nomeadamente hotéis ou transportes, que permitem a realização da necessidade primária (Koutoulas, 2004: 4). O produto turístico também pode ser decomposto em várias fases durante a viagem, dado que é constituído por diferentes componentes; podemos, deste modo, considerar parte do produto turístico a simples antecipação da viagem, assim como o decorrer ou a experiência final da mesma (Cooper e Hall, 2008: 27; Conceição, 1998: 73, Koutoulas, 2004: 6). Merece menção, também, o facto de que, além de o seu consumo ser imediato, o produto turístico nunca pode ser visto através do ponto de vista do produtor, mas sempre do ponto de vista do turista. No entanto, fazê-lo torna-se complicado, já que o produto turístico é, na sua grande maioria, o resultado de uma apreciação subjectiva de cada indivíduo. Esta apreciação está directamente ligada a experiências passadas do turista e às suas características socioeconómicas, sendo improvável que várias pessoas tenham exactamente a mesma experiência de viagem, construindo-se, assim, um produto turístico específico e único para cada viajante (Koutoulas, 2004: 6-7). O produto turístico como um todo é apenas considerado quando um turista chega ao fim da sua viagem, e só nessa altura todos os componentes do mesmo (como a qualidade do quarto do hotel, a amabilidade das pessoas, o sentimento de segurança nas ruas, a eficiência dos transportes ou, até, o tempo no local) se reúnem para pesarem, de forma positiva ou negativa, na avaliação da experiência total do turista.

Os princípios básicos já referidos do produto turístico (a sua intangibilidade, a sua ligação individual à experiência turística de cada um ou a amálgama resultante da junção dos vários serviços, especialmente para turistas e/ou para residentes) ajudaram à definição complexa do produto turístico por Koutoulas:

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(…) as the total bundle of functionally interdependent tangible and intangible elements that enables the tourist on the one hand to engage in a specific activity (…) and (…) to facilitate the transition to the destination(s) and the social reproduction during the trip. (…) the tourist product satisfies both the primary and secondary tourist needs. (…) The tourist product’s components ― that include all aforementioned tangible and intangible elements ― are found in different geographical location (…) and in different time periods (…). The consumption of the tourist product primarily allows for the satisfaction of tourist needs (through the benefits offered) and secondarily promotes the achievement of the organisational targets set by individual tourist enterprises and collective tourism organisations

(through the obtained income). (2004: 9-10).

Poderá, então, uma cidade ser um produto turístico? Koutoulas afirma que “the destination is not the product” (2004: 6) e Morgan e Pritchard (2005: 161) fazem a distinção entre um destino e um produto, dizendo que “a destination clearly differs from other products in that it is not a single product at all, but a composite product consisting of a bundle of different components (…)”. Seguindo todos os passos acima descritos para a nossa conclusão, a cidade de Lisboa por si só não constitui um produto turístico, mas é tudo o que a capital tem para oferecer, desde os muitos hotéis às boas acessibilidades de transportes e estradas, aos espaços verdes, ao clima e à hospitalidade dos seus habitantes, que faz de Lisboa um dos produtos turísticos mais na moda e mais competitivos no mercado. É esta oferta existente num local que faz com que a sua imagem, antes e depois da viagem, seja modificada de acordo com o que se encontra quando experienciamos um produto turístico. De seguida entraremos em detalhe sobre como a imagem de um destino turístico pode ser (e é) de real importância para uma boa promoção de um produto turístico como o próximo local onde passar férias.

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