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Professoras e Representação Política

CAPÍTULO III – SOBRE A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E OS PROFESSORES

3.3 Professoras e Representação Política

Do grupo estudado, quatro são mulheres e este parece um aspecto relevante observado durante a pesquisa, principalmente quando também está em análise a questão da representação política e sua relação com a profissão de professor, já que no quadro de ocupações esta categoria é quantitativamente composta por uma maioria do sexo feminino, tanto no Brasil quanto no estado e Sergipe. Isto significa que o aumento da presença da profissão professor na ocupação de cargos eletivos nos últimos anos pode estar associado também ao crescimento da ocupação de cargos eletivos por mulheres e vice e versa, o que talvez possa ser uma boa questão a ser investigada com maior profundidade em outras oportunidades, pois este estudo demandaria mais tempo para trabalho de campo e novas leituras.

Mesmo assim, foi através do material empírico que esta questão surgiu como relevante, a partir do momento em que coincidiram algumas formas de atuação política, discursos sobre representação e os itinerários do grupo estudado. O momento mais forte em que me dei conta destas relações foi durante a observação da sessão sobre o “Dia Internacional da Mulher” na Assembleia Legislativa de Sergipe. Naquela sessão estiveram presentes as quatro professoras pesquisadas e efusivamente assumiram uma representação de gênero, reforçando uma relação entre a profissão e a condição de mulher. Esta relação já vinha sendo apresentada por todas elas desde as entrevistas, principalmente nas falas de Ana Lúcia, de Conceição Vieira e de Rosangela Santana.

8 de março é comemorado como sendo o Dia Internacional da Mulher. Várias manifestações públicas neste dia ressaltam o que seriam “conquistas” obtidas pelas mulheres em vários setores, assim como sua “participação na política”, e refletem sobre o “seu papel na sociedade”. Para registrar este dia, foi realizada na Assembleia Legislativa de Sergipe uma sessão solene em homenagem ao Dia da Mulher, no ano de 2012. O evento foi solicitado pelas Deputadas do estado de Sergipe: Angélica Guimarães, Ana Lúcia, Conceição Vieira, Maria Mendonça, Goretti Reis e Susana Azevedo. Além da presença das Deputadas, fez parte da mesa de honra a secretária-adjunta da Secretaria Estadual de Políticas para Mulheres, Vânia Pereira.

Imagem 9 – Fotografia da Sessão de Homenagem ao Dia Internacional da Mulher

Foto: Maria Odília, da Agência ALESE

O evento contou com a palestra da professora doutora Maria Helena Santana Cruz50, da Universidade Federal de Sergipe, em que proferiu um discurso que abordou o tema das lutas sociais das mulheres nas últimas décadas, apontando os principais marcos conquistados pela transformação da participação delas na sociedade.

A Deputada Estadual e também 1ª. Secretária, Conceição Vieira, iniciou a sessão agradecendo em nome de “todas as mulheres sergipanas” a presença de todos na “casa”. Em seguida, os Deputados João Daniel, Antonio dos Santos e Gilson Andrade usaram a tribuna para realizar suas homenagens. Flores e outros presentes foram entregues às mulheres que estavam na sessão. A Vereadora Rosangela Santana não estava presente, mas mandou entregar às pessoas que participavam da mesma sessão um material impresso referente à data, que traz o desenho estilizado de uma mulher negra e várias palavras de efeito procurando agregar significados à ideia de mulher, juntamente com uma frase de ordem reivindicando “respeito”.

50 Maria Helena é doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia; Professora Associada II do

Departamento de Serviço Social, dos Doutorados e Mestrados em Educação da Universidade Federal de Sergipe; Coordenadora do NEPIMG/SE Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares sobre a Mulher e Relações de Gênero na mesma universidade.

Imagem 10 – Panfleto Dia da Mulher

Foi uma sessão com manifestações inflamadas. Após a palestra da professora Maria Helena, as pessoas que estavam assistindo ao evento iniciaram suas inscrições para participar do debate. A Deputada Susana Azevedo foi a primeira a ter a palavra e agradeceu a presença da professora Maria Helena à sessão, enfatizando que ela trazia um estudo detalhado da problemática da mulher. Na sequência, a Deputada Goretti Reis também agradeceu a participação da professora e contribuiu dizendo: “Ouvimos aqui a história do movimento da luta da mulher que durante tanto tempo buscou galgar melhores posições na sociedade”, ainda apontou que a questão passa longe de ser guerra de sexos, mas sim a busca por salários dignos e espaços iguais.

A Deputada Ana Lúcia além de agradecer a presença da palestrante, fez colocações sobre nomes de mulheres que teriam se destacado socialmente em Sergipe, como, por exemplo, a professora, poetisa e pesquisadora Gizelda Morais, que, segundo Ana Lúcia, se destacou pelo seu trabalho na área da Educação. Ana Lúcia prosseguiu com um discurso relacionando Mulher e Educação, abordando a importância da inclusão de um conteúdo escolar que apresente aos alunos as contribuições da mulher na sociedade, desenvolvendo-se uma crítica pedagógica sobre a “cultura machista”. Sugeriu, ainda, que a palestra da professora Maria Helena fosse levada às escolas. Tais questões direcionaram meu olhar para

os sentidos enfaticamente apontados sobre a co-relação entre profissão, gênero e representação política.

A partir dos dados das últimas eleições percebe-se que a participação da mulher em cargos eletivos em Aracaju e em Sergipe vem aumentando, porém ainda de forma lenta e desigual. O quadro abaixo apresenta um crescimento sensível nas últimas eleições para a Câmara Municipal de Aracaju.

Quadro 13 – Mulheres Eleitas Vereadoras de Aracaju nas Últimas Eleições

Eleições 1992 1996 2000 2004 2008

Mulheres eleitas 1 2 3 2 4

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral

Nas seis últimas eleições para deputados de Sergipe, aparece a presença das mulheres a partir das eleições de 1994. Observo, através do quadro abaixo, que mesmo com uma presença discreta (em 1994 foram três mulheres eleitas) o número foi crescendo progressivamente e se estabilizou a partir de 2002. Hoje as mulheres representam 25% das Deputadas da Assembleia Legislativa de Sergipe.

Quadro 14 – Mulheres Eleitas Deputadas Estaduais nas Últimas Eleições em Sergipe

Eleições 1990 1994 1998 2002 2006 2010

Mulheres Eleitas -- 3 4 6 5 6

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral

Ao analisar a quantidade de mulheres que assumiram o cargo de prefeita no estado de Sergipe, nota-se que elas estão presentes em 13 municípios, representando 18% das prefeituras nas eleições de 2008, uma proporção relativamente maior a das eleições de 2004, em que foram eleitas 9 prefeitas no Estado, significando 12% do total. A Confederação Nacional de Municípios (CNM)51 aponta que Sergipe é o segundo estado do país que proporcionalmente mais elegeu gestores do sexo feminino nas eleições de 2008.

Esses dados permitem observar que efetivamente as mulheres vêm assumindo importantes cargos políticos no Estado, porém desproporcionalmente em relação ao número de cargos assumidos pelo sexo masculino. Com relação a participação da mulher na política, algumas observações foram realizadas pelas professoras deste estudo, destacando dificuldades

e histórias de vida de superação e envolvimento com múltiplas causas, sem deixar de ressaltar cada qual ao seu modo, a questão da representação da mulher.

O ponto de vista da Vereadora Rosangela Santana é que a sociedade teve grandes avanços e que foram as mulheres quem contribuíram de forma decisiva para que isso acontecesse. Para Rosangela, o espaço político é dos homens, mas as mulheres estão invadindo o seu espaço, e isso às vezes parece incomodar, pois a característica da história política de Sergipe é tradicionalmente masculina.

A Deputada Estadual Conceição Vieira aponta que a política, por muito tempo, foi vista como uma coisa ruim para as mulheres, portanto foi muito difícil a inserção delas neste espaço. Declara que o fato de ter vindo de classes populares, ser mulher e ser negra foram fatores que dificultaram sua entrada na vida pública, embora espere que seu exemplo sirva de estímulo para outras mulheres ingressarem na carreira política. Ao mesmo tempo, reivindica ser “porta voz” das mulheres na política e na Assembleia Legislativa.

A Deputada Maria Mendonça acredita que o quadro sobre a participação da mulher em vários espaços sociais está se transformando, pois o histórico relativo à inserção feminina no contexto brasileiro já demonstrara avanços. Segundo Maria, a mulher não pode se acomodar e deve buscar cada vez mais a igualdade de direitos. “O povo brasileiro demonstrou já ter assimilado que a mulher é capaz tanto quanto o homem, pois credenciou a figura feminina a ocupar o cargo mais importante do contexto político” (entrevista) disse, se referindo ao de Presidente da República.

A Deputada Ana Lúcia diz que as mulheres já conquistaram muitos espaços, mas ainda há muitos desafios, pois na política se tem muita tradição familiar, e isto é um dificultador. Segundo ela, cabe às mulheres se politizarem e sugeriu que para isto elas devem participar de associações, sindicatos e inserirem-se nas escolas. A escola, segundo Ana Lúcia, é um espaço de convívio social a partir do qual se consegue inserir e ocupar lugares no espaço político institucional. Ana Lúcia está convencida de que a escola é o caminho pelo qual o envolvimento político acontece, principalmente por parte das mulheres, o que significaria dizer que com o avanço da escolarização se ampliam as possibilidades de inserção na política. No Brasil, diferentes ações afirmativas foram implantadas ainda no início dos anos noventa, com o objetivo de estimular a participação da mulher na política e construir um espaço público com maior presença de ambos os sexos. Vale mencionar que tais políticas de cotas foram implantadas antes pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT), nas suas estruturas diretivas e de representação (Ferreira, 2006). Ressalto que das quatro mulheres estudadas, três delas são oriundas do Partido dos Trabalhadores,

sendo que a Deputada Conceição Vieira chegou a ocupar a sua direção, a partir da projeção criada por tais debates sobre o tema no partido.

Ao observar o aumento da presença feminina nas últimas eleições em Sergipe e verificar o número de professoras no Estado, nota-se um desequilíbrio entre homens e mulheres em termos de representação nessas carreiras profissionais. Lembro que a profissão de professor é historicamente caracterizada como uma função feminina e a de político como masculina. São duas carreiras em que predominam estereótipos sobre o sexo. Os números demonstram que, de um lado, no total de 863 vagas para prefeitos e vereadores apenas 15,2% foram ocupadas pelo sexo feminino nas eleições de 2008, em Sergipe, enquanto que, por outro lado, no mesmo período havia um total de 22.164 professores do Ensino Básico, no Estado, com as mulheres representando 80% deles52. Outra constatação realizada é que das prefeitas eleitas em 2008, em Sergipe, 23% são professoras. Na Assembleia Legislativa, das 6 deputadas 50% são oriundas do magistério.

Partindo da ideia de representação política, abordada no início do capítulo, vale destacar que ao falar da profissão e da carreira política, as professoras desta pesquisa também enfatizam que a questão do gênero é relevante quando se trata de dizer “em nome de quem” (Coradini, 2001) elas exercem seus mandatos. Cada uma a seu modo disse fazer política em nome dos professores e das mulheres.

A Deputada Conceição Vieira destaca que em sua legislatura busca incentivar políticas públicas sociais que visam uma sociedade mais igualitária, incluindo-se aí políticas para as mulheres. A Vereadora Rosangela Santana declara que além de representar os professores, “representa as professoras” e ainda destaca:

Toda a construção do movimento que eu fiz, eu descobri depois que foi muito corporativo porque eu não consegui falar de mulher, e a professora é mulher. A educação é feminina e para que a transformação da educação pudesse ser mais acelerada tem que mexer na cabeça da mulher. A mulher precisa se sentir empoderada na condição de profissional. (Entrevista)

Além de Rosangela apontar sua preocupação em “defesa das mulheres”, ela aponta também sobre a conclusão que chegou após entrar pela primeira vez na Câmara Municipal de Aracaju:

52 São professores: 17.812 (80%) do sexo feminino e 4.352 do sexo masculino (20%). Essas informações foram

retiradas do censo dos professores realizado em 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13596&Itemid=975, acessado em 10 de outubro de 2012.

Interessante que quando eu fui ser vereadora eu descobri mais que nunca que eu era negra. A Câmara é branca. O Parlamento é branco por essência. E lá eu fiquei muito negra. Então, hoje eu falo muito para esse nicho de mulheres que não estudaram, que ainda estão analfabetas, que seus filhos não têm acesso às universidades. (Entrevista)

Em seu site, a Vereadora Rosangela destaca que durante os seus dois mandatos ela vem representando os filhos e filhas de trabalhadores, os afrodescendentes, os LGBT`s e as mulheres. Conclui apontando que representa os grupos que buscam respeito e igualdade.

Também dizendo defender vários grupos sociais em Sergipe, a Deputada Estadual Ana Lúcia afirma que, além de representar a sua categoria profissional e buscar uma Educação Pública de qualidade, várias outras questões são prioridades políticas, como a “questão agrária”, a “questão ambiental”, a “questão dos diretos humanos”, da “educação e da cultura”. Destacou que no decorrer do seu mandato foram agregadas outras causas que ela passou a defender e representar, como, por exemplo, as comunidades tradicionais de quilombolas, de pescadores e a questão das catadoras de mangaba, com referência as chamadas “mangabeiras”, novamente ressaltando representar as mulheres.

Também é importante levar em consideração que, durante toda a pesquisa, os políticos que mais enfatizaram seus envolvimentos com a profissão de professor foram as quatro mulheres. Sendo significativo que três delas passaram pela docência na Escola Pública e estão ligadas ao mesmo partido (PT), desde o início de suas carreiras políticas. Além disto, duas delas foram da direção de sindicatos de professores e se dizem representantes da categoria profissional também na política: Ana Lúcia e Rosangela. No entanto, as quatro enfatizam a questão da representatividade de gênero, bem como lembram constantemente do tema Educação na sua atuação política.

Para finalizar, Conceição Vieira iniciou seu engajamento político a partir de uma associação educacional local, ampliando seus interesses através de seu partido, e hoje diz representar “as mulheres” e outras questões sociais que envolvem “os jovens, os negros e o meio ambiente”. Rosangela Santana, embora assuma seu papel como professora e recorra a este como recurso político, ampliou-os agregando a representação de outros grupos que, segundo ela, sofrem algum tipo de exclusão e/ou preconceito na sociedade. Ana Lúcia, mesmo assumindo o compromisso de falar em nome das mulheres e de diferentes grupos sociais, é a política que mais enfatiza representar a categoria profissional e construiu um capital político através da participação no movimento sindical da categoria, que se consolidou

no decorrer de seus mandatos, sendo reconhecida pelo sindicato e por outros políticos como tal. Ana Lúcia e Rosangela são os exemplos mais acabados do que sugere Mendonça (2004) sobre a representação, pois parece que carregam com elas a imagem do grupo profissional ao qual dizem representar: os professores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de realizar uma análise que priorizasse as diferentes dimensões da vida social, apresentei no decorrer desta Dissertação vários aspectos de socialização (familiar, escolar, profissional, sindical e associativa) dos políticos pesquisados, que me permitiram perceber como eles adquiriram competências que propiciaram saberes específicos para ocuparem cargos eletivos, bem como construíram seus itinerários e afirmaram representar politicamente uma categoria profissional específica.

Procurei realizar uma análise sobre o processo de participação e envolvimento de tais professores com a política que, posteriormente, foi mediada pela legitimação profissional e conjugada a um conjunto de saberes que foram sendo acionados em contextos específicos e estratégicos para a aquisição de um capital militante. Noto que elementos sociais e culturais de seus itinerários podem ser definidos como uma forma eficaz de promoção de suas ações, o que pode lhes garantir notoriedade e distinção num constante jogo de negociação política. As atividades realizadas no decorrer dos mandatos são estrategicamente organizadas para que sejam reeleboradas as formas de se manter contato com os eleitores. Por isso, foi essencial acompanhar, mesmo que parcialmente, diferentes rotinas da vida dos políticos. Foi preciso observar atividades nos gabinetes, sessões parlamentares, eventos promovidos, mas também os recursos de comunicação pelos quais dizem quem representam.

A partir das entrevistas realizadas, conjugadas a outros materiais de análise, pude observar até que ponto a declaração de uma ocupação no cadastro do TSE tem relação com a representação política de determinada categoria. Embora os professores/políticos apresentem um trajeto profissional embasado no exercício docente ou escolar, percebi que as funções foram desempenhadas de formas muito variadas por cada um deles, o que não impediu que fosse possível perceber semelhanças em vários aspectos presentes em seus itinerários, que os tornaram aptos a entender o sentido do jogo político.

A participação em movimentos sociais, iniciado ainda no movimento estudantil, descrito no itinerário dos professores: Ana Lúcia, Augusto Bezerra (no Grêmio escolar), Conceição Vieira e Márcio Macêdo, possibilitou uma socialização política que contribuiu para a aquisição de “saberes” iniciais essenciais. O envolvimento e engajamento em associações presentes no itinerário de Conceição Vieira e Emmanuel Nascimento; bem como a atuação no sindicato dos professores, como relatado pelas professoras Ana Lúcia e Rosangela Santana, são fortemente marcados como determinantes na condução à política

eletiva. O envolvimento em movimentos sociais presente no itinerário desses políticos possibilitou esboçar algumas das características em comum no contexto estudado.

Embora seja possível identificar outras semelhanças entre o grupo, como, por exemplo, socialização familiar e política favorável presente no itinerário dos Deputados Augusto Bezerra, Ana Lúcia e Maria Mendonça, cada profissional apresentou um percurso próprio de inserção e ascensão na carreira docente, que possibilitou a apreensão de como as competências e as habilidades foram adquiridas neste período, e que foram sendo ressaltadas no decorrer da atuação profissional. Dos sete políticos estudados, tivemos um caso que apresentou a herança política familiar como determinante, credenciando a Deputada Estadual Maria Mendonça a assumir a função política que seu pai desempenhava no Estado. A profissão, no caso de Maria, parece ter sido um instrumento a mais, pois também através dela adquiriu habilidade técnica para assumir cargos administrativos, o que concedeu mais visibilidade e possibilitou ampliar suas relações, antes de partir para disputas eletivas. Lembro que Maria Mendonça ocupou seu primeiro cargo político, muito antes de sua formação como pedagoga.

A partir das análises realizadas foi possível identificar duas modalidades de carreira política: uma modalidade composta por professores oriundos de movimentos sociais, sendo eles: Ana Lúcia, Conceição Vieira, Emmanuel Nascimento, Márcio Macêdo e Rosangela Santana; e a outra modalidade caracterizada por professores com influência política familiar, são eles: Augusto Bezerra e Maria Mendonça. As modalidades apresentam também outra característica comum, o grupo que faz parte dos movimentos sociais é composto por políticos filiados ao Partido dos Trabalhadores (5/7) e o outro grupo composto por políticos filiados ao Partido Socialista Brasileiro (1/7) e Democratas (1/7).

Destaco que, embora duas professoras apresentem militância no sindicato da categoria, e isto foi fator determinante para suas inserções na política eletiva, outros fatores da socialização caracterizam de forma específica e diferenciada suas experiências, politização e disposições ao engajamento militante. Sendo que uma é oriunda de uma família humilde, pai analfabeto e mãe pouco escolarizada, e diz que foi preciso trabalhar desde muito cedo para ajudar nas despesas domésticas; a outra é de origem familiar com condições favoráveis, pais escolarizados e família politizada e viu a partir da prática social realizada pela família a necessidade de “lutar por uma educação de qualidade”. O traço comum é o longo itinerário militante voltado à profissão.

Outra constatação é que, a partir do ensino universitário, 6 dos 7 políticos passaram pelo mesmo espaço de socialização em um mesma época, a universidade pública federal. Um

local de interação que lhes permitiu vivenciar o contexto das transformações sociais e políticas de transição da Ditadura Militar para a Abertura Democrática. Foi um momento de

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