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CAPÍTULO II – O SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL BRASILEIRO: dos primeiros

2.3 Programa Bolsa Família: apresentando o programa

2.3.1 Programa Bolsa Família: refletindo sobre os valores do benefício

Conforme a Lei 10.836 de 9 de janeiro de 2004, o Programa Bolsa Família destina-se às ações de transferência de renda com Condicionalidades. A partir dos valores de 2013 para ser atendida pelo Programa é necessário que a família possua renda per capita de até R$140,00. Nesse caso há uma divisão entre famílias com renda familiar de até R$70,00 por pessoa; e com renda familiar por pessoa de R$70,01 até R$140,00. Ele é constituído financeiramente por quatro benefícios que variam, conforme valores apresentados na tabela

do MDS (2013) nos anexos 2 e 3: (1) o Benefício Básico; (2) o Benefício Variável; (3) o Benefício Variável Vinculado ao Adolescente entre 16 e 17 anos; e (4) o Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância.

(1) O Benefício Básico é no valor de R$70,00. Ele destina-se a famílias extremamente pobres, ou seja, com renda mensal per capita de até R$70,00. A particularidade desse tipo de benefício é que a família o recebe, mesmo sem ter crianças, adolescentes, jovens, gestantes e nutrizes em sua composição familiar.

(2) O Benefício Variável é no valor de R$32,00. Ele destina-se a famílias pobres e extremamente pobres, ou seja, com renda mensal de até R$140,00 per capita, desde que possuam em sua composição familiar crianças e adolescentes de até 15 anos de idade, gestantes e nutrizes. Vale ressaltar que cada família recebe até cinco Benefícios Variáveis no valor de R$32,00 cada benefício, ou seja, totalizando até R$160,00.

(3) O Benefício Variável Vinculado ao Adolescente (BVJ) é no valor de R$38,00. Ele é destinado a todas as famílias do Programa, ou seja, pobres e extremamente pobres, que possuam adolescentes entre 16 e 17 anos de idade frequentando a escola. Ressalta-se que cada família pode receber até dois desses benefícios de R$38,00, ou seja, até R$76,00.

(4) O Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância corresponde à Ação Brasil Carinhoso e destina-se a famílias com crianças de zero a seis anos. A particularidade desse benefício é que seu público-alvo é composto por famílias que mesmo recebendo os demais benefícios elencados acima ainda permaneçam em situação de extrema pobreza, ou seja, possuam renda per capita de até R$70,00. Nesta perspectiva, seu valor equivale à quantidade monetária que a família precisa para superar a condição de extrema pobreza.

De acordo com o Relatório de Acompanhamento do PBF realizado pelo Tribunal de Contas da União em 2006, anualmente é traçado um cronograma de concessão de benefícios que considera as seguintes variáveis: estimativas de famílias pobres em cada município; disponibilidade de cadastros habilitados em cada município; e a disponibilidade de orçamento e de finanças de cada município para que ocorra o cadastro das famílias. A ordem de prioridade para a concessão de benefícios ocorre da seguinte maneira: primeiramente

selecionam-se os municípios com menor cobertura percentual (famílias atendidas/estimativa de pobreza); em seguida há os cadastros remanescentes em cada cidade, ou seja, aqueles cadastros que já estão preparados, porém por algum contratempo não foram inseridos no sistema; e posteriormente famílias com menor renda per capita e maior número de filhos.

Cada família recebe o valor do Benefício Básico, do Variável, do Variável Vinculado ao Adolescente entre 16 e 17 anos e do Benefício para Superação da Extrema Pobreza na Primeira Infância mensalmente por meio de um único cartão magnético bancário da Caixa Econômica Federal. O Relatório de Acompanhamento do PBF realizado pelo Tribunal de Contas da União em 2006 coloca que o fluxo operacional de concessão de benefícios ocorre da seguinte maneira:

O Cadastramento é o primeiro procedimento. Ele é realizado pelos municípios e consiste na coleta de informações referentes à família através de visita domiciliar ou quando essas famílias se dirigem ao CRAS ou a postos de cadastramento. As informações coletas são sigilosas e devem ser inseridas no CadÚnico.

A seguir ocorre a Habilitação que é realizada mensalmente pela Caixa através do ato de verificar por meio da base de dados do CadÚnico quais famílias cadastradas estão habilitadas para o recebimento do benefício. Para ingressar no CadÚnico é necessário que a família possua renda mensal per capita de até meio salário mínimo, ou que toda a família possua renda mensal de até 3 salários mínimos; porém o PBF atende famílias com renda mensal per capita de R$140,00. Assim, a família pode ser cadastrada no CadÚnico e com isto assegurar isenção na inscrição de concursos públicos, por exemplo, dentre outros benefícios, mas não ser incluída no PBF. Quando esta distinção não fica clara para as famílias cria-se uma expectativa que nem sempre se cumpre e por isto cabe aos profissionais que realizam o cadastramento local informarem sobre esta possibilidade.

Posteriormente há a Seleção que acontece mensalmente e é realizada pela SENARC, ocorrendo então à liberação mensal de quotas de concessão de benefícios, de acordo com os tipos de famílias cadastradas e habilitadas, conforme a meta física mensal necessária ao equilíbrio orçamentário e financeiro do PBF.

Em sequência há a Concessão que está vinculada à decisão de quotas estabelecidas pela SENARC. Esta ação realiza-se mensalmente pela Caixa e refere-se à concessão propriamente dita dos benefícios financeiros ao programa. A partir dessa ação a família

ingressa no programa, bem como na folha mensal de pagamento e recebe um cartão magnético para que possa acessar os recursos correspondentes ao valor do benefício que foi estipulado.