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PARTE I – REVISÃO DA LITERATURA

4. Endividamento dos municípios

4.3. Gestão da dívida municipal

4.3.3 Programa de apoio à economia local

Também a Lei n.º 43/2012, de 28 de Agosto - Cria o PAEL, com o objectivo de proceder à regularização do pagamento de dívidas dos municípios a fornecedores, vencidas há mais de 90 dias.

Segundo o seu artigo 1.º o PAEL “Abrange todos os pagamentos dos municípios em atraso há mais de 90 dias, independentemente da sua natureza comercial ou administrativa. Todos os municípios aderentes ao programa são autorizados a celebrar um contrato de empréstimo com o Estado, mas este não pode conduzir ao aumento do endividamento líquido do município conforme estabelecido na quinta LFL.

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Consoante a situação financeira de cada município aderente ao PAEL, foram enquadrados em dois programas. Os municípios que estavam abrangidos por um plano de reequilíbrio financeiro e os municípios que em 31 de Dezembro de 2011, se encontrassem numa situação de desequilíbrio estrutural, ficavam enquadrados no Programa I, por sua vez o Programa II integrou os restantes municípios com pagamentos em atraso há mais de 90 dias a 31 de Março de 2012, de acordo com os dados do Sistema Integrado de Informação das Autarquias Locais (SIIAL).34

O prazo máximo de vigência do empréstimo contraído no âmbito do Programa I, é de 20 anos não sendo possível o seu diferimento de início de período de amortização, sendo o montante máximo de financiamento obrigatório igual a 100% do montante elegível.

Por sua vez o prazo máximo de vigência do empréstimo contraído no âmbito do Programa II, é de 14 anos, não sendo possível o seu deferimento de início de período de amortização, fixando-se o seu montante mínimo de financiamento de 50% e o montante máximo de 90% do montante elegível.

Segundo o n.º 3, do artigo 3.º da Lei n.º 43/2012, de 28 de Agosto “ o montante elegível corresponde à diferença entre o montante dos pagamentos em atraso a 31 de Março de 2012 e a soma dos montantes correspondentes à redução prevista nos n.ºs 3 e 4 do artigo 65.º da Lei do Orçamento de Estado para 2012 e às dívidas abatidas com a utilização de verbas do Fundo de Regularização Municipal (FRM).”35

Segundo o artigo 6.º este plano tem uma duração equivalente à do empréstimo a conceder pelo Estado, e deverá abranger um conjunto de medidas específicas e quantificadas, que comprovem a restituição da situação financeira do município, e deverá ter em conta:

 A redução e racionalização da despesa corrente e de capital;  A existência de regulamentos de controlo interno;

 Optimização da receita própria;

 Intensificação do ajustamento municipal nos primeiros cinco anos de vigência do PAEL.

34 Artigo 2.º, Lei 43/2012, de 28 de Agosto. 35

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Os municípios que integrem o Programa I devem ainda respeitar algumas medidas tais como:  Determinação da participação variável no IRS à taxa máxima prevista nos termos do

artigo 20.º da quinta LFL;

 Fixação dos preços cobrados pelo município nos sectores do saneamento, água e resíduos, nos termos definidos nas recomendações da Entidade Reguladora dos Serviços de águas e Resíduos (ERSAR);

 Aperfeiçoamento dos processos e do controlo sobre os factos susceptíveis de gerarem a cobrança de taxas e preços municipais, bem como ao nível da aplicação de coimas e da promoção dos processos de execução fiscal a cargo do município;

Segundo a alínea e), artigo 3.º da Lei n.º 8/2012, de 21 Fevereiro,36 consideram-se pagamentos em atraso “as contas a pagar que permaneçam nessa situação mais de 90 dias posteriormente à data de vencimento acordada ou especificada na factura, contrato, ou documentos equivalentes”.

Segundo o n.º 1 do artigo n.º 5 “Os dirigentes, gestores e responsáveis pela contabilidade não podem assumir compromissos que excedam os fundos disponíveis, referidos na alínea f) do artigo 3.º.”

Segundo o n.º 1, artigo 6.º “A assunção de compromissos plurianuais, independentemente da sua forma jurídica, incluindo novos projectos de investimento ou a sua reprogramação, contractos de locação, acordos de cooperação técnica e financeira com os municípios e parcerias público -privadas, está sujeita a autorização prévia:

a) Por decisão conjunta dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e da tutela, quando envolvam entidades pertencentes ao subsector da administração central, directa ou indirecta, e segurança social e entidades públicas do Serviço Nacional de Saúde, salvo quando resultarem da execução de planos plurianuais legalmente aprovados;

b) Do membro do Governo Regional responsável pela área das finanças, quando envolvam entidades da administração regional;

c) Da assembleia municipal, quando envolvam entidades da administração local.”

36 Lei n.º 8/2012, de 21 de Fevereiro – Aprova as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos

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Segundo o n.º 1, artigo 8.º

“ No caso das entidades com pagamentos em atraso em 31 de Dezembro de 2011, a previsão da receita efectiva própria a cobrar nos três meses seguintes prevista na subalínea iv) da alínea f) do artigo 3.º tem como limite superior 75% da média da receita efectiva cobrada nos dois últimos anos nos períodos homólogos, deduzida dos montantes de receita com carácter pontual ou extraordinário.

A aplicação do disposto no número anterior às entidades nele referido cessa quando estas deixem de ter pagamentos em atraso.”

As entidades que violem o disposto no artigo 7.º da presente lei:

“Não podem beneficiar da utilização da previsão da receita efectiva própria a cobrar nos três meses seguintes para efeitos de determinação dos fundos disponíveis definidos na alínea f) do artigo 3.º; apenas podem beneficiar da aplicação da excepção constante do n.º 1 do artigo 4.º mediante prévia autorização do membro do Governo responsável pela área das finanças.”

5. Reforma da administração pública e memorando de entendimento com a

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