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Programa de Atividades (PoA)

No documento O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (páginas 88-93)

Em resposta à necessidade de dar escala aos projetos de MDL, foi criado, na COP/ MOP1, em Montreal, uma nova categoria de projetos, compatível com a regulamen- tação já estabelecida para o MDL: o Programa de Atividades, conhecido como MDL Programático.

O Programa de Atividades (PoA) é uma ação voluntária, coordenada por uma entidade pública ou privada, que implementa políticas/medidas ou objetivos estabelecidos. Ele incorpora, dentro de um só programa, um número ilimitado de atividades programáti- cas com as mesmas características – essas atividades são denominadas CPAs. Ou seja, o PoA constitui um programa (um guarda-chuva de atividades de projetos) que engloba diversas CPAs semelhantes.

Para um PoA, o passo inicial do ciclo do projeto também é a elaboração de um do- cumento análogo ao DCP. O documento próprio para Programas de Atividades é o CDM-PoA-DD48, que contempla os seguintes itens:

• descrição geral do PoA; • duração do PoA;

48 Este formulário, assim como todos os outros referentes aos Programas de Atividades, pode

• análise das condições ambientais; • comentários dos atores;

• aplicação da metodologia de linha de base e de monitoramento a uma CPA típica deste PoA;

• informações sobre contato com a entidade coordenadora (que será explicada abaixo) e com os participantes do projeto;

• informações sobre o uso de fontes de recursos financeiros públicos; • informações sobre a linha de base; e

• plano de monitoramento.

As CPAs são definidas como uma medida, ou uma série de medidas inter-relaciona- das, com o objetivo de reduzir GEE ou aumentar a remoção de CO2 por sumidouros

– FR. Por estarem dentro de um PoA, as CPAs terão que funcionar de acordo com o formato específico deste Programa e atender os seguintes critérios:

• usar metodologias de linha de base e monitoramento aprovadas; • definir o limite apropriado do projeto;

• evitar dupla contagem; • contabilizar as fugas;

• garantir que a redução de emissões são reais, mensuráveis e verificáveis; e • garantir que a redução é adicional a qualquer outra que ocorreria na ausência desta atividade.

Cada CPA terá que elaborar um DCP próprio (CDM-CPA-DD), de acordo com o dis- posto no respectivo CDM-PoA-DD registrado, que inclui um modelo de CPA-DD a ser replicado, que o identifique, localize e defina particularmente. Este documento é mais simples do que o DCP de projetos comuns e conta com os seguintes itens:

• descrição geral do CPA;

• análise das condições ambientais; • comentários dos atores;

• informações sobre contato com entidade/indivíduo responsável pela CPA; • informações sobre o uso de fontes de recursos financeiros públicos; • informações sobre a linha de base; e

• plano de monitoramento.

Em casos de Programas de Atividades e CPAs referentes a florestamento e reflo- restamento, há formulários específicos a serem preenchidos: CDM-PoA-DD-AR e CDM-CPA-DD-AR, respectivamente.

Um PoA deverá ser proposto por uma entidade coordenadora/gerenciadora. Esta deve ser um participante do projeto autorizado pela(s) AND(s) do(s) país(es) envolvido(s) e terá que ser identificada como a mediadora que se relaciona com o Conselho Executivo. Cabe a ela adotar medidas que garantam que nenhuma das CPAs dentro do PoA esteja registrada como atividade individual do MDL ou esteja incluída em outro PoA.

Seguindo o ciclo do projeto, essas medidas serão oportunamente validadas e ve- rificadas por uma EOD. Os participantes de projeto devem entrar em acordo com a entidade coordenadora/gerenciadora e informá-la sobre suas posições quanto à distribuição de RCEs, mudanças de participantes de projeto e responsabilidade pela comunicação com o Conselho Executivo.

É importante destacar que um PoA deve estar de acordo com todas as diretrizes do Conselho Executivo que tratam de questões relacionadas a políticas e regulamenta- ções locais, regionais e nacionais.

Portanto, caso haja qualquer lei que já defina a obrigatoriedade de realizar projetos similares ao PoA proposto, este Programa não será aceito, desde que esta lei seja cumprida no país anfitrião. PoAs cuja proposta seja objeto de regulação obrigatória já existente só serão permitidos se forem capazes de demonstrar que essas leis são amplamente descumpridas na região/país onde ocorrem ou caso aumentem o nível de cumprimento com esta exigência legal.

Outra particularidade referente aos Programas de Atividades é que eles podem extra- polar as fronteiras de mais de um país, desde que cada Parte não-Anexo I participante confirme que o PoA contribui para seu desenvolvimento sustentável.

No que diz respeito às metodologias, qualquer uma que for válida para atividades de projeto de MDL também será válida para CPAs.

Pela obrigação de seguir o formato e os critérios de elegibilidade definidos no PoA, todas as CPAs terão que utilizar uma mesma metodologia de linha de base e de monitoramento; só poderão envolver uma metodologia e um tipo de tecnologia; e terão que ser desenvolvidas no mesmo tipo de instalação/unidade de terra.

Ainda sobre as metodologias, existem regras específicas para casos nos quais elas sejam alteradas. Isso significa que, enquanto a metodologia que foi utilizada por um PoA estiver suspensa, ou for retirada, nenhuma nova CPA poderá ser adicionada a este Programa de Atividades. Quando houver uma solução para esta questão, as novas CPAs deverão adotá-la; mas as CPAs que já haviam sido incluídas no PoA somente adotarão esta alteração no momento de sua próxima renovação do período de obtenção de créditos – até lá continuarão usando a metodologia antiga.

Caso um PoA seja formado por CPAs que não ultrapassam os limites de pequena escala do MDL, as atividades programáticas poderão utilizar as metodologias de pequena escala e suas facilidades, desde que sejam revisadas, quando necessário, para contabilizar as fugas no contexto da CPA em questão. Nesses casos, o DCP a ser preenchido pelo PoA é o CDM-SSC-POA-DD; e o referente às CPAs é o CDM- SSC-CPA-DD.

Da mesma forma que em projetos de pequena escala do MDL, em Programas de Atividades, CPAs que forem consideradas um desagrupamento não poderão usufruir das modalidades simplificadas. No caso do PoA, uma atividade de projeto de peque- na escala proposta será considerada desagrupada de projetos de grande escala caso já exista alguma atividade que:

• tenha o mesmo responsável pela implementação da CPA de pequena escala pro- posta, ou que tenha uma entidade coordenadora que também coordene um PoA de larga escala do mesmo escopo setorial; e que, simultaneamente,

• tenha a fronteira a um quilômetro ou menos da fronteira do CPA de pequena escala proposto.

Uma CPA, para ser aceita, precisa demonstrar que a redução de emissões antrópicas por fontes ou remoções por sumidouros pode ser mensurada. Em outras palavras, não pode haver nenhum tipo de contagem indireta e não é válido aplicar economia de escala para medir diferentes CPAs dentro de um PoA.

O plano de monitoramento associado à metodologia aplicada ao PoA deverá ser utilizado para monitorar a redução de emissões antrópicas por fontes ou remoção por sumidouros de cada CPA. No entanto, o monitoramento das CPAs poderá ser feito por amostragem, desde que garantida a acurácia no momento da verificação da reduções de emissões ou remoções.

No que diz respeito à duração, um PoA não pode exceder 28 anos (60 para PoAs de FR), o que deve ser definido pela entidade coordenadora no momento do re- gistro do Programa. Cada período de obtenção de créditos de cada CPA terá a duração máxima de sete anos (20 para PoAs de FR) com a possibilidade de duas renovações; ou um período fixo com duração de 10 anos (30 para PoAs de FR) sem possibilidade de renovação.

Cada CPA conta com o seu período de obtenção de créditos próprio e seguirá as mes- mas regras de duração explicadas acima para PoA – o período de obtenção de créditos de uma CPA jamais poderá exceder o tempo total de duração do respectivo PoA. Uma das principais características do MDL programático é que uma CPA que estiver de acordo com o PoA pode ser adicionada a ele a qualquer momento e não somente no momento do registro do PoA. Quando isso ocorrer, será papel da entidade coor- denadora informar ao Conselho Executivo sobre as adições – isso deve ser feito por meio da EOD que validará cada CPA, usando um formato pré-determinado.

Quanto aos procedimentos para renovação de período de crédito, a linha de base dura somente sete anos e deve ser revista a cada renovação, salvo os casos de perí- odo fixo e de FR. Qualquer mudança que ocorrer no PoA implicará que as CPAs se adeqüem a essas mudanças na próxima renovação de período de crédito.

A taxa de registro a ser paga por um PoA terá como base o total de redução de emis- sões antrópicas por fontes ou remoções por sumidouros esperado para o número de CPAs previsto no momento do registro do Programa. O cálculo a ser feito a partir dessa estimativa e os procedimentos de pagamento serão exatamente os explicados no item 2.4 Ciclo do Projeto. Essa taxa deve ser paga pela entidade coordenadora ao Secretariado. Por fim, vale ressaltar que cada nova CPA que for incluída estará isenta de pagar qualquer taxa de registro.

É no momento do registro que o PoA deve indicar o tipo de informação a ser forne- cida por cada CPA para garantir que fuga, adicionalidade, estabelecimento da linha de base, emissões da linha de base, elegibilidade e dupla contagem sejam definidas de forma idêntica.

Tanto a adicionalidade quanto a análise dos impactos ambientais podem ser defi- nidas no PoA ou no CPA. Fica a critério do desenvolvedor da atividade de projeto estabelecer onde as mesmas serão analisadas desde que sejam consistentes com o tipo de projeto que está sendo proposto. Por exemplo, a análise dos impactos ambientais de uma central hidrelétrica deve, em geral, constar de cada CPA já que envolve emissão de licenças ambientais, de instalação e de operação individuais. Já no caso de um programa de atividades de troca de lâmpadas eficientes ou uso de biocombustíveis nos veículos flex-fuel, a adicionalidade poderá ser definida no PoA sem a necessidade de ser comprovada em cada CPA.

Acima foram explicitadas as particularidades dos PoAs. É importante informar que as etapas básicas explicadas no item 2.4 Ciclo do Projeto também deverão ser seguidas por todos os PoAs e CPAs. Em outras palavras, o ciclo não se altera, o que muda são adaptações criadas para que seja possível a aplicação de Programas de Atividades no âmbito do MDL, respeitada a integridade ambiental do Protocolo de Quioto.

Finalmente, é importante salientar que não são consideradas atividades de projeto de MDL a capacitação e a criação de infra-estrutura. Como exceção, são conside- radas elegíveis atividades de projeto que incorporam a capacitação e a criação de infra-estrutura, desde que se destinem apenas a medir a redução de emissões antró- picas por fontes ou remoções por sumidouros diretamente atribuíveis às mesmas.

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PrOCEDIMENTOS PArA SUBMISSÃO

No documento O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (páginas 88-93)