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Programa de Educação Afetivo Sexual (Peas) Pedro Leopoldo

No documento Viviane Ribeiro de Souza Cabral (páginas 56-59)

O Programa de Educação Afetivo Sexual em Pedro Leopoldo é uma parceria entre o Instituto Camargo Corrêa, a InterCement, o Comitê de Desenvolvimento Comunitário de Pedro Leopoldo e a Prefeitura de Pedro Leopoldo, representada pelas Secretarias Municipais de Educação, de Saúde e de Desenvolvimento Social. Esse programa é apoiado pela Fundação ArcelorMittal e executado pela Integrar – Consultoria em Educação, Saúde e Desenvolvimento Social Ltda.

O Peas tem como objetivo geral o desenvolvimento pessoal, social e produtivo de adolescentes e jovens por meio de ações de caráter educativo e participativo, focalizadas nas questões da sexualidade, da ética e da cidadania e implementadas nas instituições e entidades que promovem políticas públicas de juventude. Esse programa estimula a solidariedade, a cidadania e a participação, além de contribuir para a diminuição dos índices de gravidez não planejada, de doenças sexualmente transmissíveis, do uso abusivo de drogas, da violência e de problemas de relacionamento na adolescência. Seus marcos de referência estão em consonância com o

21 Formações realizadas pela consultora Andréa Righi da empresa Integrar – Consultoria em Educação,

Saúde e Desenvolvimento Social Ltda.

22 Equipe de referência do Peas, que tem a função de promover a sustentabilidade do programa no

município.

56 que é proposto nos documentos de referência do Projovem Adolescente em seus propósitos de não só sensibilizar os jovens para os desafios da realidade social, cultural, ambiental e política de seu meio social, bem como possibilitar o seu acesso aos direitos e à saúde. Por isso, o Peas é um programa adequado para ser realizado no Projovem Adolescente, como já havia acontecido no município no ano de 2009.

A proposta metodológica do Peas pretende uma prática participativa e dialógica. Por isso, utiliza como estratégia oficinas temáticas que são desenvolvidas com os jovens e contemplam diferentes assuntos e objetivos. Segundo o Guia de Oficinas Temáticas do Peas (2010), “a metodologia participativa é aquela que permite a atuação efetiva dos participantes no processo educativo, ao invés de simplesmente transmitir informações e conhecimentos” (VIANA et al. , 2010, p.5).

De acordo com o mesmo guia, as oficinas são divididas em quatro momentos: 1) Momento inicial: prepara o grupo para o trabalho a ser realizado. 2) Momento intermediário: o grupo se envolve nas atividades.

3) Momento de sistematização: permite que o grupo visualize sua produção enquanto “grupo de trabalho”

4) Momento do encerramento: é o tempo de avaliar o trabalho, que pode ser por meio de uma técnica ou da expressão verbal dos participantes. (VIANA et al. , 2010, p.6 )

O Peas em Pedro Leopoldo teve início em outubro de 2008 com a realização de duas Formações Básicas (60 horas), que tiveram a participação de 42 profissionais da Educação, da Saúde, do Desenvolvimento Social e dos Conselhos Municipais. Nos anos de 2009 e 2010, parte desses profissionais desenvolveram o Peas com os jovens em suas instituições (CRAS, escolas municipais e postos de saúde), participaram de Encontros de Formação Complementar – para aprofundamento de temas, socialização de experiências e encaminhamentos necessários à continuidade do Programa e de reuniões de planejamento e avaliação – com o objetivo de facilitar o trabalho em rede, o registro das ações planejadas e realizadas e fazer encaminhamentos necessários de acordo com a demanda para a implementação do Programa no município.

Em 2011, mais uma Formação Básica foi promovida para 22 profissionais que atuavam junto aos jovens do município. Também foi constituído o Grupo de Planejamento formado por um representante de cada instituição que desenvolvia o Peas em Pedro Leopoldo, com a finalidade de planejar novas atividades, socializar ações já desenvolvidas e avaliar o programa.

57 Nesse mesmo ano, o Peas foi incorporado, como Projeto Institucional Interdisciplinar, no documento referencial (proposta pedagógica) da Secretaria Municipal de Educação, como uma tentativa de garantir o Programa como política pública de Educação para o Ensino Fundamental II (6º ao 9º anos). Essa garantia, no entanto, não se efetivou da mesma forma para todos os educandos: o que ocorreu foi muito mais um engajamento individual de parte dos facilitadores para a efetivação do Peas do que um esforço institucional para sua realização. Ainda que os educadores, em geral, justifiquem a não inserção das atividades do Peas na sua rotina de trabalho, pela dificuldade de inclusão dos temas do Programa na grade de conteúdos da sua disciplina a serem trabalhados nesse nível de ensino, podemos observar que as restrições também (ou mesmo principalmente) se referem às dificuldades ou reservas à instauração de uma dinâmica dialógica em suas atividades, o que não só está no ideário do Programa, como também se constitui em sua metodologia.

Ocorreu, no início do ano de 2012, a formação da Equipe Técnica Local do Peas24, constituída por oito profissionais, que tinha como funções25: contribuir para a sustentabilidade do Programa, formando novos facilitadores no município; monitorar e supervisionar as ações (encontros, seminários, oficinas, etc); registrar e divulgar as ações junto à comunidade e aos gestores públicos; construir a memória do Peas em Pedro Leopoldo e mobilizar os gestores públicos para a importância do respaldo institucional na implementação do Programa, garantindo a apropriação do projeto em Política Pública Local.

Ainda em 2012, no segundo semestre de 2012, eu e mais duas integrantes da Equipe Técnica Local do Programa fizemos a Formação Básica do Peas da quarta turma de facilitadores do município, sob a supervisão da Andréa Righi Viana. Dessa forma, recebemos a certificação que nos habilitou como formadoras do Peas.

Na semana de 17/06 a 21/06/2013 e nos dias 3/07 e 4/07/2013, realizei, juntamente com a consultora Andréa Righi Viana, a Formação Básica do Peas da quinta turma de facilitadores do município, da qual participaram 22 profissionais, entre eles sete profissionais da Secretaria de Desenvolvimento Social, inclusive os dois orientadores sociais do CRAS Norte (Eunice e Welton), que passariam a desenvolver as oficinas do Peas no Projovem Adolescente do CRAS Norte de Pedro Leopoldo.

24 Por ter participado da Formação da Equipe Técnica Local do Peas, faço parte dessa equipe.

25

Conforme relatório entregue pela consultora Andréa Righi Viana à Secretaria Municipal de Educação de Pedro Leopoldo em dezembro de 2011.

58 Em 2014, o Programa continuou fazendo parte das ações das Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Desenvolvimento Social, com encontros bimestrais do Grupo de Planejamento e a realização de oficinas com grupos de jovens.

Infelizmente, no segundo semestre de 2014 o Programa não foi realizado, e o mesmo vem acontecendo neste primeiro semestre de 2015, tendo ocorrido tão somente algumas atividades pontuais.

2.3 A produção do material empírico

Para nortear o nosso olhar no trabalho de produção de material empírico que subsidiaria as reflexões demandadas por esta investigação, buscamos desenvolver um diálogo com o referencial teórico-metodológico da etnografia interacional (CASTANHEIRA et al., 2001), pois a articulação que é feita nesse referencial entre a antropologia, a sociolinguística interacional e a análise crítica do discurso nos ajudariam na empreitada de fazer uma investigação interpretativa de processos coletivos que aconteceram durante as atividades do Projovem Adolescente do CRAS Norte de Pedro Leopoldo durante os 21 encontros de que participei, no período de maio a setembro de 2013, às terças e quintas-feiras, de 14:00 às 16:00 horas.

A abordagem realizada por Gee e Green (1998), que toma a sala de aula como contexto de investigação, considerando que o discurso tem papel central como mediatizador da construção de significados, fornece subsídios para se pensar como a vida na sala de aula é construída discursivamente pelos participantes. Dessa maneira, essa abordagem nos ajudaria a refletir sobre os significados que os jovens do Projovem Adolescente produzem no uso de conhecimentos matemáticos, incorporados a seu discurso na forma de alusão a ideias ou de utilização de expressões que remetem a termos, procedimentos ou critérios da Matemática Escolar.

Com essa perspectiva, usamos como referência a proposta desses autores em utilizar uma abordagem combinada de análise do discurso e etnografia na análise que realizamos dos usos que os jovens do Projovem Adolescente fizeram de ideias e referências matemáticas, como tática retórica para provocar certos efeitos de sentido nas interações que observamos nas atividades de que participaram.

As oficinas e atividades, que se constituíram como uma oportunidade para a produção do material empírico desta pesquisa, aconteceram durante os encontros de que participei no Projovem Adolescente no CRAS Norte de Pedro Leopoldo. Essas oficinas

No documento Viviane Ribeiro de Souza Cabral (páginas 56-59)