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Programa de Espanhol Língua Estrangeira Secundário

Capítulo I – Enquadramento teórico

1.5. Programa de Espanhol Língua Estrangeira Secundário

No nível secundário, os Programas de Espanhol com que tivemos de trabalhar foram os do 10º e 11º Anos, níveis de continuação, no âmbito da formação geral do curso de Humanidades. São programas que decorrem da reflexão sobre as opções pedagógicas da Revisão Curricular no Ensino Secundário (2000) e de Les Langues Vivantes: apprendre, enseigner, évaluer. Un Cadre Européen Commun de Référence, do Comité de Educação do Conselho da Europa (1996). Tal como o Programa anteriormente analisado, como paradigma metodológico seguem o modelo comunicativo, isto pelo destaque que confere ao crescimento holístico do indivíduo, sendo que o aluno é o centro da aprendizagem. É ainda de destacar, de acordo com as orientações do QECR, a “metodologia orientada para a acção, estimulando

professores e alunos para a realização de tarefas significativas que conduzam à utilização de uma língua autêntica, ou seja, não laboratorial.” (Programa de Espanhol, nível de

continuação 10º ano, 2002: 3)

Os programas de espanhol do secundário instituem como principais inovações os aspetos que se seguem:

“valorizar os processos e as atitudes, contemplar a negociação de processos e produtos, conduzir à construção de aprendizagens significativas tanto no desempenho da competência comunicativa como na apropriação dos recursos linguísticos, além de atribuírem um papel central à avaliação formativa e à autoavaliação, integradas no processo de aprendizagem.” (Programa de Espanhol, nível de continuação 10º ano, 2002: 4)

Outro destaque deste programa vai para a colaboração na formação dos alunos para a cidadania democrática, quer através dos objetivos da disciplina, quer através dos conteúdos, responsabilizando o aluno para a sua própria aprendizagem.

No Programa de Espanhol do 10º ano, embora sirva igualmente para o do 11º ano, assinala-se, para cada ano, a correspondência com os níveis definidos pelo Conselho da Europa no QERC: A – Utilizador elementar (A1 introdutório, A2 médio), B – Utilizador independente (B1 inicial, B2 avançado), C – Utilizador experimentado (C1, C2). Tendo em conta as caraterísticas dos alunos luso falantes no Ensino Secundário, estes níveis foram subdivididos da seguinte maneira: A1, A2.1, A2.2; B1.1, B2.1, B2.2; C1 e C2. No 10º ano de

continuação, dependendo das competências comunicativas, os alunos deverão atingir os níveis B1.1 e B1.2. Para o final do secundário está previsto que seja atingido o nível B2.2.

Como o português e o espanhol são línguas próximas, pode ser visto como um fator de facilitação na aprendizagem da língua estrangeira, porém é necessário trabalhar e refletir sobre as diferenças e semelhanças, de forma a superar as inevitáveis interferências, especialmente na produção. Importa ainda mencionar que, tal como o QERC e o Programa de Espanhol – 3º Ciclo, o Programa de Espanhol do Secundário é igualmente flexível, aberto de forma a servir como instrumento regulador da prática educativa e que permita corresponder às necessidades dos alunos. Os conteúdos deste programa desenvolvem-se em quatro alíneas: competências comunicativas orais e escritas, autonomia na aprendizagem, aspetos socioculturais e conteúdos linguísticos.

Naturalmente, a compreensão escrita no programa surge aliada à compreensão oral. Relativamente a esta competência, o grau de desempenho que se espera no 10º e 11º anos é o que seguidamente se apresenta (Programa de Espanhol, nível de continuação 10º ano, 2002: 8-9):

10º Ano

“- Compreender e interpretar o essencial de enunciados claros e correntes sobre temas habituais relacionados com a escola, com o lazer e com os temas do programa.

- Extrair a informação essencial de programas de rádio e TV sobre temas da atualidade ou de interesse pessoal, sempre que forem articulados de forma clara e pausada.

- Compreender textos escritos sobre temas da vida quotidiana, de interesse pessoal ou temas do programa.

- Compreender a narração de acontecimentos, a expressão de sentimentos e de desejos. Seguir instruções.”

11º Ano

“- Extrair uma grande parte da informação daquilo que é dito, sempre que o discurso seja claro e não se utilize uma linguagem demasiado idiomática.

- Compreender a maior parte de programas de TV e rádio sobre temas da atualidade ou sobre temas familiares.

- Compreender textos escritos de extensão limitada sobre temas do seu interesse. - Ler artigos da imprensa sobre temas atuais.

- Apreciar textos literários atuais adequados ao seu nível de interesse.”

Partindo do princípio que a comunicação é a meta final, importa implementar atividades de comunicação real, aspeto que, de resto, o programa contempla, dando como exemplo, o intercâmbio entre alunos ou escolas de países estrangeiros. Isto porque, para compreender, o aluno deve ser exposto à língua de uma forma tão ampla e variada quanto possível.

Em sala de aula, a leitura deve ser entendida como um processo de comunicação e de interação entre o leitor e o texto, daí ser importante que os textos a utilizar sejam, sempre que possível, autênticos. A título de exemplo, os textos sugeridos são: notícias, anúncios, programas, guias, etiquetas, instruções, reportagens, contos, histórias, narrativas breves, folhetos turísticos, banda desenhada, cartas, poesias… Quanto ao papel do professor, este surge como: “fonte de informação linguística, ao falar essa língua, ao selecioná-la e

organizá-la; e como organizador e gestor das atividades lectivas, não podendo, em caso algum, monopolizar a aula.” (Programa de Espanhol, nível de continuação 10º ano, 2002: 26)

Ao passo que o papel do aluno passa por ter uma “postura ativa na aprendizagem: não

ficando passivamente à espera que o professor ou o livro levantem as questões e dêem as respostas” (Programa de Espanhol, nível de continuação 10º ano, 2002: 26)

O Programa, no ponto referente às estratégias mais eficazes na aprendizagem de línguas, recorre a vários autores para as enumerar, desde Rubin (1975) a Wiling (1989). Eis algumas dessas estratégias: “possuir uma razão consistente para aprender a língua

estrangeira (que reflicta uma motivação instrumental ou de integração) e desenvolver, para além disso, a motivação para realizar as tarefas de aprendizagem ou acreditar que se é capaz de aprender uma nova língua”. (Programa de Espanhol, nível de continuação 10º ano, 2002:

27)

Por último, a avaliação em destaque neste programa é a contínua devido, à natureza dos aspetos a ter em conta, relacionados com a capacidade de interagir de forma adequada nas diferentes situações de comunicação. Contudo os critérios de avaliação devem ser negociados com os alunos e aplicados de forma coerente.