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PARTE II COMPONENTE EMPÍRICA

1. METODOLOGIA

1.4 Instrumentos de avaliação / intervenção

1.4.4 Programa de Intervenção

O programa de Intervenção utilizado foi uma tradução do programa AVANCEMOS – Enseñanza de Habilidades Sociales para Adolescentes (12 – 18 años), das autoras Lago e Sáez (1999)12. Para efeitos da sua aplicação, o programa foi flexibilizado, adaptando-se às características do grupo de alunos com os quais se trabalhou e às condicionantes temporais existentes para levar a cabo o treino das competências sociais.

O trabalho com os cinco alunos a quem foi aplicado o programa, iniciou-se no final do 1º período do ano letivo de 2011/12 (a 6 de dezembro de 2011) e continuou ao longo do 2º período (até 21 de março de 2012), num total de 28 sessões, a um ritmo de duas sessões semanais de cerca de 60 minutos cada.

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A nossa opção pela utilização deste programa, prendeu-se com o facto de o mesmo ter sido concebido para ser desenvolvido com grupos de adolescentes, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Segundo as suas autoras, o AVANCEMOS é também apropriado para uso em adolescentes com défices intelectuais; adolescentes que pertençam a famílias de baixo nível sociocultural; famílias desestruturadas; e famílias com comportamentos violentos.

Os objetivos pretendidos com o programa de intervenção foram os seguintes:

- Dotar os adolescentes de um amplo reportório de capacidades instrumentais, cognitivas e de controlo emocional, que podem utilizar de maneira muito concreta, para melhorar a qualidade das suas relações sociais, resolver problemas ou prevenir dificuldades nas suas relações com outras pessoas;

- Desenvolver nos adolescentes uma atitude ética de respeito pelos direitos dos outros e dos próprios;

- Promover nos adolescentes a aquisição e consolidação de um sistema de valores que guiem o seu comportamento social, de tal forma que respeitem os outros, evitando provocar-lhes males ou prejuízos;

- Conseguir reduzir a frequência e intensidade de interações agressivas entre os adolescentes, tanto no âmbito escolar como fora dele;

- Conseguir aumentar a frequência e intensidade de interações adequadas entre os adolescentes, tanto no âmbito escolar como fora dele;

- Reduzir os níveis de ansiedade e stress nos estudantes;

- Aumentar a capacidade de prestar atenção, concentração e assimilação de conteúdos curriculares, ou seja, melhorar o seu desempenho académico, o que contribui para o desenvolvimento de um bom autoconceito e uma autoestima elevada.

A estrutura do programa consta de sete unidades, cada uma das quais com várias sessões, e cada uma das sessões com uma ou várias atividades:

Primeira unidade: Aprender a comunicar de uma maneira eficaz (examina as habilidades de escuta e conversação, enfatizando tanto a conduta verbal como a não-verbal).

Segunda unidade: Gestão da ansiedade (define a ansiedade, assinalando em linhas gerais os indicadores físicos associados e ensina uma variedade de estratégias para controlar a mesma).

Terceira unidade: Manutenção de relações (considera as habilidades necessárias para iniciar e manter relações sociais. Inclui aspetos tais como a partilha, chegar a acordos, oferecer ajuda, dar e receber conselhos, assim como as habilidades não-verbais mais importantes que expressam amizade).

Quarta unidade: Resolver problemas (trata as habilidades a que se pode recorrer perante um conflito real ou potencial).

Quinta unidade: Gerir conflitos (apresentam-se respostas alternativas à agressão em situações de provocação, intimidações e brigas, analisando tanto o ponto de vista da vítima, como o do autor da agressão).

Sexta unidade: Autoconfiança (tenta-se ajudar os adolescentes a sentirem-se bem consigo mesmos e a comportarem-se de maneira respeitadora em relação aos outros).

Sétima unidade: A assertividade (tenta ajudar os alunos a defenderem os seus direitos de forma clara e direta e a respeitar os dos outros, reconhecendo que todas as pessoas "são iguais", mas "pensamos e agimos" de forma diferente).

A estratégia básica de ensino utilizada durante a aplicação do programa foi a “aprendizagem por experiência”. Os alunos analisaram interações sociais correspondentes a situações quotidianas, ensaiaram diferentes modos de resposta e analisaram as consequências derivadas de cada uma delas. Várias das atividades propostas são representações de situações reais, em que os alunos adotam diferentes papeis como o de emissor, recetor ou observador, analisando posteriormente as observações e reflexões realizadas em cada um destes papéis e fazendo propostas de melhoria.

A discussão e análise permitem a aprendizagem de diferentes alternativas de pensamento diante da mesma situação e a antecipação de consequências prováveis. As práticas propostas para situações reais permitem a generalização e consolidação das aprendizagens.

Simultaneamente, empregou-se frequentemente o “reforço social”, proporcionando elogios verbais e gestuais, como gestos de aprovação com a cabeça, sorrisos e a anuência das respostas que manifestavam o uso das habilidades propostas no programa para resolver ou prevenir conflitos, tanto durante as sessões, como durante o desenvolvimento habitual das interações sociais na aula.

Apesar de ser um programa levado a cabo por um grupo, a atenção da orientadora foi individual, utilizando estratégias variadas como: avaliação individual dos alunos com necessidades especiais; reforço diferencial em função das habilidades de cada aluno e acompanhamento individual dos alunos com dificuldades especiais.

No decurso das sessões realizadas, foram sempre feitas, antes de começar cada sessão: a rememoração da atividade e das conclusões da sessão anterior; a apresentação do tema a abordar na sessão presente; o questionamento dos alunos sobre as experiências com sucessos fora das

sessões; o elogio dos alunos mais retraídos cujos comentários reportavam aos conteúdos da sessão anterior.

Tanto a linguagem utilizada como as atividades desenvolvidas foram bastante simplificadas e existiu quase sempre adesão por parte dos jovens.