CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Educação Ambiental em Portugal
2.4 Projetos em Portugal, o que são e o que tratam
2.4.2 Programa Eco-Escolas
O Eco-Escolas é um Programa Internacional que pretende encorajar ações e reconhecer o trabalho de qualidade desenvolvido pela escola, no âmbito da Educação Ambiental/EDS. Fornece fundamentalmente metodologia, formação, materiais pedagógicos, apoio e enquadramento ao trabalho desenvolvido pela escola (Margarida Gomes, 2011).
O Programa Eco-Escolas foi implementado em Portugal pela Associação Bandeira Azul da Europa, desde o ano letivo de 1996/97.
Este programa é coordenado a nível nacional pela Associação Bandeira Azul da Europa e a nível internacional pela Fundação para a Educação Ambiental (Fee) (Margarida Gomes, 2011).
Destinado preferencialmente ao ensino básico, o Programa Eco-Escolas pretende encorajar ações e reconhecer e premiar o trabalho desenvolvido pela escola na melhoria do seu desempenho ambiental, gestão do espaço escolar e sensibilização da comunidade.
Os Projetos de Educação Ambiental de qualidade, desenvolvidos nas escolas de acordo com a metodologia do Eco-Escolas, são reconhecidos no final do ano, através de um galardão Eco-Escolas- Bandeira Verde, que simboliza a existência nessa escola de uma ativa e participada educação pelo ambiente.
As escolas comprometem-se a desenvolver projetos ambientais, que pretendem desenvolver projetos nas suas escolas, de modo a promover na comunidade educativa, um conjunto de ações que visem a adoção de novas medidas e práticas que tornem o respetivo estabelecimento de ensino mais inovador e ambientalmente responsável (Município de Sintra, 2012).
O programa Eco-Escolas é uma iniciativa de âmbito internacional da responsabilidade da Fundação para a Educação Ambiental (Fee). É implementado em Portugal pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) desde o ano letivo 1996/97 e destina-se a todas as escolas do ensino básico e secundário.
De acordo com a Coordenadora Nacional, (Margarida Gomes, 2011), este programa “está orientado para a implementação da Agenda 21 a nível local, visando a aplicação de conceitos e ideias de educação e gestão ambiental à vida quotidiana da escola. As ações concretas desenvolvidas pelos alunos e por toda a comunidade educativa proporcionar-lhes-ão a tomada de consciência de que simples atitudes individuais podem, no seu conjunto, melhorar o Ambiente global” (Margarida Gomes, 2011).
Um aspeto chave deste processo é a possibilidade de os alunos se habituarem a participar nos processos de decisão e a tomarem consciência da importância do ambiente no dia-a-dia da sua vida pessoal, familiar e comunitária.
Procura-se também estimular a criação de parcerias com entidades locais como autarquias, empresas, associações de comerciantes, órgãos de comunicação social, ONGA, etc., com vista a um maior envolvimento e participação em todo o processo.
Propõe-se às escolas a adoção de uma metodologia de trabalho em que devem ser articuladas várias atividades, sujeitas a uma temática em cada biénio letivo, com o objetivo de avaliar e, se necessário, alterar comportamentos na escola e na comunidade envolvente.
Os temas base propostos são água, resíduos, energia, biodiversidade, agricultura biológica, espaços exteriores, ruídos e transportes. Propõe-se que as escolas revejam as suas práticas de forma a poderem contribuir para a sensibilização dos alunos e, por arrastamento, das suas famílias para alteração de comportamentos que potenciam este problema.
A metodologia geral do programa Eco-Escolas proposta é constituída por sete passos (Margarida Gomes, 2011): 1. Conselho Eco-Escolas; 2. Auditoria Ambiental; 3. Plano de ação; 4. Monitorização/avaliação; 5. Trabalho curricular; 6. Divulgação à comunidade; 7. Eco-código.
A atribuição do galardão “Bandeira Verde Eco-Escolas” é um reconhecimento às escolas que apliquem esta metodologia e desenvolvam atividades no âmbito dos temas base e do tema do ano. A entrega do galardão é feita em cerimónia realizada no início do ano letivo seguinte ao da distinção.
A coordenação do projeto, na escola, é feita pelo professor coordenador que propõe a realização de atividades, de acordo com a metodologia de implementação, tentando mobilizar o maior número de parceiros, com vista ao sucesso do projeto.
A principal via de comunicação entre a coordenação nacional e as escolas faz-se através do sítio oficial, onde é disponibilizada informação relativa ao programa e à sua implementação, nomeadamente aos vários concursos e atividades, documentação e materiais pedagógicos. A Coordenadora Nacional realiza visitas às escolas que estão a implementar o projeto há mais de três anos. O objetivo é apoiar, tomar conhecimento das dificuldades sentidas, conhecer e reconhecer o trabalho desenvolvido.
O quadro seguinte apresenta os aspetos comparativos entre os programas Eco-Escolas e Agenda 21E.
O programa eco escolas é uma transposição do programa agenda 21 escolar, simplificando alguns processos e desburocratizando algumas das fases necessárias à implementação do projeto. Existem algumas semelhanças entre os programas, no entanto, o programa eco escolas não exige tanta burucracia e os passos a seguir para a implementação do programa tornam-se mais simples. Para começar, nas condições de adesão ao programa eco escolas basta haver a intenção da direção da escola e do município em colaborar na implementação do programa, enquanto na agenda 21 é necessário incluir o projeto no projeto educativo da escola.
O processo de inscrição é simples tanto num projeto como noutro, embora o programa agenda 21 não exija inscrição, a escola pode começar a trabalhar quando entender.
No programa eco escolas, o apoio e garantido a partir do momento em que se inscrevem no projeto, bem como a formação necessária e as questões quie suscitarem dúvidas. No programa agenda 21 escolar, tem de ser solicitado apoio técnico, geralmente os técnicos estão ligados a universidades e deslocam-se as escolas para darem o seu apoio.
A nível de envolvimento, o programa eco escolas promove o trabalho em pequenos grupos de professores e alunos, enquanto o programa agenda 21 foca-se mais com a comunidade, através de fóruns, palestras e seminários.
A tabela seguinte (tabela 1) mostra as diferenças em cinco pontos distintos: condições de adesão, inscrição, apoio, envolvimento, implementação, verificadas entre o programa eco escolas e a agenda 21 escolar.
Aspetos comparativos entre a Agenda 21E e o programa Eco-Escolas
Tabela 1 – Aspetos comparativos entre a Agenda 21E e o programa Eco-Escolas
Programa Eco-Escolas Agenda 21 escolar
Condições de adesão
Concordância da direcção da escola.
O município declara que tem interesse em colaborar com a escola na implementação do programa;
Manifesto interesse dos intervenientes em melhorar o desempenho ambiental da escola.
Apoio do Conselho executivo;
O processo da A21 deverá constar do projeto educativo da escola;
Criação de um fórum participativo;
Assinatura dos “Compromissos de Aalborg”.
Inscrição
Preenchimento de uma ficha de inscrição on-line.
Juntar declaração do município que confirme o interesse e apoio na implementação do programa.
Não é necessária inscrição.
O trabalho pode ser iniciado desde que a escola assim o entenda.
O município participa com um membro no Grupo Coordenador e deve dar apoio logístico.
Apoio
O programa oferece uma metodologia, formação, enquadramento e apoio às atividades que as escolas desenvolvem. A maior dificuldade é acompanhar as escolas, dando resposta às dificuldades sentidas, o que leva estas a sentirem-se sozinhas.
Apenas quando solicitado pela escola ou pela autarquia.
Uma equipa de técnicos, normalmente ligados a uma universidade acompanha a escola no processo de implementação da sua A21E.
Envolvimento
Procura envolver os diferentes elementos da comunidade educativa.
Na realidade, apenas um pequeno grupo de professores, com as respectivas turmas desenvolvem o programa.
Verifica-se uma falta de participação real de todos os elementos da comunidade educativa.
Deve ser criado um fórum participativo com todos os elementos da comunidade educativa, a fim de que todos participem nos processos de decisão e se envolvam de forma mais responsável.
Fomenta a participação e o sentido de responsabilidade nos jovens, que por sua vez, levará os mais velhos a participarem também no A21E.
Implemen
tação
Implica apenas o envolvimento de alguns professores da escola no desenvolvimento do programa.
Não implica alterações no Projeto Educativo.
Deve ser tratado o tema destacado pela entidade coordenadora a nível nacional. Direcionado fundamentalmente para as questões ambientais
Implica que o Projeto Educativo seja revisto, devendo constar nele preocupações com os aspetos ambientais, sociais e económicos.
Devem ser trabalhados os temas considerados prioritários, após ter sido feito o diagnóstico sócio-ambiental.
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO