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Programa FOMENTAR Lei N° 9489 de 1984

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CAPÍTULO 3 RESULTADO DO MODELO DA POLÍTICA INDUSTRIAL GOIANA

3.1 Política de Incentivos Fiscais em Goiás

3.1.3 Programa FOMENTAR Lei N° 9489 de 1984

A partir de 1985, o entendimento da necessidade da industrialização por parte do governo estadual aumentou, provocando a criação do Programa FOMENTAR. Foi este programa, sem dúvida, que materializou no seio da sociedade de Goiás a bandeira da industrialização, pois houve grande receptividade por parte dos investidores e gerou a implantação ou expansão de inúmeros projetos industriais importantes. Selou, definitivamente, o compromisso oficial do Estado com o desenvolvimento industrial. Foi calcado, fundamentalmente, no incentivo fiscal- financeiro – isenção de impostos, doação de terrenos, construção e melhorias na infraestrutura –, a forma mais forte de atrair/estimular investimentos. A lógica central consistia em subsidiar 70% do imposto gerado a recolher por um período inicial de cinco anos, enquanto que o restante, ou seja, 30% deveria adentrar os cofres públicos, mês a mês, enquanto durasse o período de fruição dos benefícios concedidos (FONSECA, 2004).

O FOMENTAR apoia-se na desconcentração industrial e na política de incentivos, para atrair potenciais indústrias e comércio. O programa foi divulgado na 1ª Feira de Indústria e Comércio de Goiás. Sua criação parte do seguinte pressuposto: “Criar todas as condições para promover o estado, em um grande produtor de matéria prima e no centro de transformação industrial, de relevância.” O incentivo fiscal a ser concedido, na forma da Lei, é interpretado como empréstimo, não como renúncia fiscal.

Sua operacionalização propõe: projeto de localização, identificação de oportunidades industriais, apoio técnico, racionalização agrícola, prospecção de jazidas minerais e infraestrutura para as atividades industriais e turismo. A lógica do incentivo e seu impacto se baseiam em duas premissas: incremento da atividade industrial, de preferência no ramo da agroindústria, e no apoio técnico e financeiro à micro, pequena, média e grande empresa, desde que de alta relevância para o desenvolvimento socioeconômico do estado.

68 As fontes do recurso proveem do orçamento e recursos a qualquer título, do próprio ICMS recolhido das empresas implantadas e expandidas com o beneficio do fundo, e de outras fontes, como cobrança de encargos financeiros, reembolso do capital, produto de alienação de bens e aplicação em títulos imobiliários. Em suma, os benefícios do FOMENTAR são: incentivo fiscal, infraestrutura e apoio financeiro ou creditício.

A Lei nº 9489/84 define alguns pontos básicos do programa, ou seja, perfil da empresa, prioridades sobre a produção, critérios de pontuação, localização do empreendimento, mercado de destino da empresa, geração de empregos, diversificação e criatividade. O decreto nº 2453/85 estabelece a pontuação extra. Já a resolução n º 29/85 define recursos para o micro e o pequeno empreendedor. A Lei nº 11.180 /90 cria benefícios maiores para a região do PRONORDESTE e Amazônia Legal. Os mecanismos de acesso ao programa são os seguintes: carta consulta, homologação e assinatura do contrato, garantias da dívida do ICMS, sendo os emolumentos regulamentados pela Lei nº 11180/90. No bojo do FOMENTAR foram criados 45 distritos industriais.

No período de 1985 a 1999, o programa de incentivos fiscais FOMENTAR atraiu 1.565 projetos e aprovou 764, sendo 308 ampliações e 456 novos. Destes, apenas 410 foram contratados, sendo que 25 encerraram-se em 1999 e 158 continuaram em fruição. Aqueles que terminaram o prazo mobilizaram um incentivo fiscal de 773.66 bilhões, dos quais apenas 72.22 bilhões foram pagos ao governo; o débito de 628.68 bilhões foi perdoado mediante negociação. De 1999 a 2002 mais 204 projetos foram contratados pelo FOMENTAR, totalizando 364 projetos no período de 2000 a 2007. Já foram encerrados 224, restando apenas 140 em fruição. Das empresas aprovadas, 410 (35,4%) estão implantadas na região Centro- Sul, (4,8%) no Norte e Nordeste e (59,6%) na microrregião do Mato Grosso Goiano, sendo 28,9% em Goiânia e 25,3% na cidade de Anápolis. O setor alimentício responde em Goiânia por 38,3% do emprego e por 59.8% da renda total. Vestuário, acessórios e têxtil são responsáveis por 17% do emprego e por 6¨% da receita. Produtos químicos, álcool combustível, gráficas, móveis, refino do petróleo, metais e produção mineral, juntos, respondem por 26% do emprego e por 23% da renda.

Durante o período de fruição das empresas incentivadas pelo FOMENTAR, observa-se que o setor secundário apresentou crescimento relativo a partir de 1980, efeito da implantação do DAIA e dos benefícios do FEICON. Também houve

69 mudança na renda interna, passando dos 9,0% em 1970 para 26,0% em 1985. Com a implantação do FOMENTAR, percebe-se na tabela 7, uma leve evolução na renda interna, passando a mesma de 26,0% em 1985 para 29,2% em 1990. Depois torna a decrescer, chegando a 25,4% em 1995, voltando a crescer no período de 1996 a 2002. Já o setor agropecuária viu sua participação cair na renda interna, passando de 27,9% em 1980 para 16,2% em 1995, tornando a melhorar a partir de 2002, com 22,51%. Sua participação nas atividades produtivas do PIB de Goiás, Centro-Oeste e Brasil não tem relevância, vez que o setor agropecuário mantém sua superioridade.

TABELA 7 - Composição percentual da renda interna – 1960 - 1995

Fonte: Centro de Contas Nacionais e Centro de Estudos Fiscais – DCS/BRE/FGV e Dados do IPEA, NB.Exclusive Tocantins a partir de 1985.

Durante o período de 1984 a 1999, os municípios do PRONORDESTE não foram contemplados pelo FOMENTAR, em razão da ausência de infraestrutura básica e econômica na região. As empresas contempladas concentram-se no ramo das atividades relacionadas a alimentos, laticínios e confecções. Saliente-se que os setores de maior monta são privilegiados no processo de participação dos incentivos. Contraditoriamente, são os que geram menos empregos e têm maior número de desligamentos, pois fazem sempre a reestruturação produtiva (automação). Além de não gerarem atividades complementares, inibem a proporção dos empregos indiretos. Ressalte-se que cada emprego custa para os cofres públicos R$ 45.664,87 mil em média, podendo chegar ao valor de R$220.528,00 mil reais.

Verifica-se que o programa não aumentou de forma considerável o número de estabelecimentos industriais em Goiás. No entanto em 1990, o estado contava

70 com 9.261 empresas; em 1999, passados 09 anos, computava apenas 9.420, uma diferença de apenas 159 estabelecimentos.

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