• Nenhum resultado encontrado

Programa INCLUIR – Acessibilidade na Educação Superior

No documento deboracristinaricardo (páginas 45-49)

2.3 MARCOS DOS DESLIZAMENTOS HISTÓRICOS: DA EDUCAÇÃO

2.3.1 Programa INCLUIR – Acessibilidade na Educação Superior

A acessibilidade na Educação Superior foi implementada pelo MEC por meio da Secretaria de Educação Superior (SESu) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), por meio da criação, em 2005, do Programa Incluir – Acessibilidade na Educação Superior. O programa visa à criação de núcleos de acessibilidade em Instituições Federais de Educação Superior, com o objetivo de garantir a inclusão das pessoas com alguma necessidade educacional especial que ingressam no ambiente acadêmico, buscando eliminar as barreiras para a acessibilidade, garantindo, com isso, o livre acesso dessas pessoas ao meio acadêmico.

Os Núcleos de Acessibilidade podem ser entendidos como:

A constituição de espaços físicos, com profissional responsável pela organização das ações, articulação entre os diferentes órgãos e departamentos da universidade para a implementação da politica de acessibilidade e efetivação das relações de ensino, pesquisa e extensão na área. Os Núcleos deverão atuar na implementação de acessibilidade às pessoas com deficiência em todos os espaços, ambientes, materiais, ações e processos desenvolvidos na instituição. As ações desenvolvidas pelo núcleo deverão integrar e articular as demais atividades da instituição, como os projetos de pesquisa, estudo, intercâmbio, cooperação técnico-científica, extensão e ensino para a inclusão educacional e social das pessoas com deficiência. (BRASIL, 2007).

Entre os anos de 2005 e 2011, como visto anteriormente, a Secretaria de Educação Especial (SEESP) e a Secretaria de Educação Superior (SESu) realizaram chamadas públicas, nas quais as IFES apresentavam projetos de desenvolvimento e consolidação dos Núcleos de Acessibilidade, com o propósito de eliminar barreira físicas e pedagógicas nas comunicações e informações, nos

ambientes, nas instalações, nos equipamentos e nos materiais didáticos (BRASIL, 2005, 2007, 2011).

Em 2011, através do Decreto 7480/11, houve uma reestruturação administrativa no MEC para o (re) encaminhamento da educação especial inclusiva. Para que isso ocorresse, o Ministério promoveu a extinção da SEESP e introduziu os assuntos de sua competência na Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), a qual se acrescentou o eixo da Inclusão e passou a ser denominada Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidades e Inclusão (SECADI). Posteriormente, esse decreto foi revogado e entrou em vigor, para substituí-lo, o Decreto 7690/12, com discretas alterações na nova Secretaria (BRASIL, 2011, 2012; BEZERRA, 2013).

Diante do exposto, em 2012, o MEC, por meio do SECADI e da SESu, passou a apoiar as Universidades Federais com aporte financeiro, com a finalidade de institucionalizar ações políticas de acessibilidade na Educação Superior, através dos Núcleos de Acessibilidade. Essas ações, apesar de fazerem parte de uma política pública, ocorriam a partir de editais de chamada pública e concorrencias (BRASIL, 2013).

De 2005 a 2010, as chamadas públicas para editais levavam em consideração ações de acessibilidade com as seguintes características:

a) Adequação arquitetônica ou estrutural de espaço físico reservado à instalação e ao funcionamento na instituição; b) Adequação de sanitários, alargamento de portas e vias de acesso, construção de rampas, instalação de corrimão e colocação de sinalização tátil e visual; c) Aquisição de mobiliário acessível, cadeira de rodas e demais recursos de tecnologia assistiva; d) Formação de profissionais para o desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas e para o uso dos recursos de tecnologia assistiva, da Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros códigos e linguagens. (BRASIL, 2013).

Para tanto, o espaço universitário necessita assegurar os meios físicos e de comunicação que facilitem o diaadia do estudante que apresente alguma deficiência, para, assim, garantir sua permanência nesse espaço. É necessário assegurar que as pessoas com deficiência também possam ter condições de acesso à aprendizagem e ao conhecimento da mesma maneira que as pessoas que não apresentem algum tipo deficiência, ou seja, que recebam o acesso ao conhecimento de modo igualitário.

Para uma acessibilidade efetiva, é importante observar a necessidade educacional do sujeito e, assim, buscar as alternativas que propiciem o seu acesso à comunicação, aos mobiliários, às edificações, ou seja, uma acessibilidade dentro de um contexto de espaço físico e de informação.

A fim de que as Universidades Federais sejam um espaço de inclusão, é de fundamental importância que todos os sujeitos envolvidos possam ter o apoio e a formação, de maneira a atender as necessidades de aprendizagem, possibilitando um espaço acessível a todos os seus participantes.

Ao pensar na concepção de novas ideias, é necessário levar em conta as diferenças que estão presentes e como essas ideias serão empregadas, de modo que não sejam nenhum empecilho para toda e qualquer pessoa. Para tanto, há de se fazer cumprir as legislações com a eliminação, principalmente, das barreiras arquitetônicas, urbanísticas, comunicacionais, atitudinais e de ajuda técnica (FERNANDES; ORRICO, 2008).

A real efetivação da acessibilidade, seja na educação superior e/ou na sociedade como um todo, depende não só da mudança estrutural, como também de uma mudança cultural que reconheça e entenda as diferenças.

No entanto, na sociedade atual, a acessibilidade abrange tanto as pessoas com alguma deficiência como também pessoas idosas, pessoas com impedimentos temporários, entre outros casos, os quais estão relacionados no cotidiano e necessitam de condições diferenciadas para usufruir totalmente do espaço social em que estão inseridas. Sendo a acessibilidade direcionada a todas as pessoas, ela abrange uma série ampla de indagações, a fim de se atingir uma sociedade realmente inclusiva (MANZINI, 2010).

Nessa linha de raciocínio, nas instituições de Educação Superior, as condições de acessibilidade são inerentes à responsabilidade que decorre da inclusão, o que implica em assegurar as condições plenas de participação e aprendizagem a todos os estudantes.

Uma educação Superior com atitude inclusiva é, antes de tudo, uma questão de direitos humanos, que se insere na perspectiva de assegurar o direito à educação dos jovens, independentemente de suas características. [...] É ir além do acesso: é prever e redefinir ações efetivamente destinadas a esses alunos, em função das suas necessidades e/ou especificidades, tendo em vista sua formação educativa. (SANTOS; FUMES, 2012, p. 122).

O educador, nesse contexto, necessita de uma qualificação, uma capacitação que lhe assegure o desenvolvimento de competências e de conhecimentos fundamentais para uma atuação segura. Nessa perspectiva, “uma postura e uma prática reflexiva devem constituir as bases de uma análise metódica, regular, instrumentalista, severa e causadora de efeitos” (PERRENOUD, 2002, p. 47). Uma educação que leve em consideração a acessibilidade deve ter, necessariamente, investimentos em infraestrutura, em materiais pedagógicos e em qualificação de professores (MOREIRA, 2012).

Nessa perspectiva, é de responsabilidade das Instituições de Educação Superior (IES) a formação de cidadãos comprometidos com a ética, desenvolvimento da paz, da defesa dos direitos humanos e dos princípios da democracia, além da incumbência de produzir conhecimento mundial, objetivando atender aos vigentes desafios dos direitos humanos, como o fim da pobreza, dos preconceitos e da discriminação.

O “desafio na geração desse conhecimento que responda aos anseios da sociedade atual deve ter como suporte o direito de igualdade e acessibilidade para os educadores e educandos”. (MITTLER, 2005 apud VIGENTIM, 2014, p.39).

Dentro dessa perspectiva, três direitos educacionais são entendidos como fundamentais: o direito à educação; o direito à igualdade de oportunidades e o direito à participação social, ou seja, o direito de lograr oportunidades equivalentes às dos seus pares sem condições de deficiência, assim como o direito de desfrutar dos equipamentos e condições colocados à disposição da sociedade. Esses direitos parecem estar de acordo com a função social da Universidade, que implica em produzir conhecimento, de forma a promover o desenvolvimento da cultura, da ciência, da tecnologia e do próprio homem enquanto ser na sociedade (MITTLER, 2005).

Sendo assim, a acessibilidade do sujeito na Educação Superior deve estar direcionada para os aspectos que dizem respeito a tudo aquilo que envolve o indivíduo em suas relações cotidianas. Isso, no entanto, não significa apenas permitir que as pessoas com deficiência participem de atividades que incluam o uso de produtos, de serviços e de informações, significa mais: que exista, de fato, uma transformação da organização das atividades, do ambiente, da administração, do atendimento, das atitudes, do comportamento, diminuindo, dessa forma, os efeitos

de uma necessidade especial ou deficiência (MANZINI, 2006b). Essa inclusão plena, portanto, não pode e nem deve ser pensada a partir de ações isoladas, mas precisa congregar ações com vistas à aquisição de produtos e tecnologias.

No documento deboracristinaricardo (páginas 45-49)