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O Programa Mais Educação

No documento katiadelauraborges (páginas 53-57)

1 AS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INTEGRAL NA HISTÓRIA BRASILEIRA EM

1.2 A SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

1.2.4 O Programa Mais Educação

Em 2009, o Governo do Estado de Minas Gerais, em parceria com o Governo Federal, potencializou o PROETI (em suas duas versões) com os recursos financeiros do Programa Mais Educação. O PME foi instituído pela Portaria Interministerial nº 17/2007, que apresenta, em seu artigo 1º, seu objetivo: contribuir para a formação integral de crianças, adolescentes e jovens, por meio da articulação de ações, de projetos e de programas do Governo Federal e suas contribuições às práticas curriculares das redes públicas de ensino e das escolas (BRASIL, 2007).

O programa foi implementado por meio do apoio à realização, em escolas e outros espaços socioculturais, de ações socioeducativas no contraturno escolar, incluindo os campos da educação, artes, cultura, esporte, lazer e as perspectivas temáticas dos direitos humanos, consciência ambiental, novas tecnologias, comunicação social, saúde e consciência corporal, segurança alimentar e nutricional, convivência e democracia, compartilhamento comunitário e dinâmicas de redes (BRASIL, 2007).

Esse programa era a estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular na perspectiva da educação integral, por meio de articulação do Governo Federal às propostas e práticas curriculares já existentes nas redes públicas de ensino. Sendo assim, Minas Gerais passou a ter ajuda de recursos financeiros do Programa Mais Educação, em 2009, nas escolas que desenvolviam o PROETI e em outras escolas que começaram a ter um projeto de Educação Integral a partir desse Programa. Mas, “para que as escolas indicadas pelo MEC possam ser inseridas no Programa Mais Educação, a SEE/MG exige também a participação da escola no Projeto Educação em Tempo Integral do Estado, como forma de um projeto fortalecer o outro” (MINAS GERAIS, 2014, p. 6).

O PME foi operacionalizado por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Programa Nacional de Alimentaç o Escolar (Pnae), após ades o de cada escola a partir de suas necessidades, potencialidades e projetos pedagógicos. Esse Programa atendia, prioritariamente, às escolas de baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), situadas em capitais, regiões metropolitanas e grandes cidades em territórios marcados por situações de vulnerabilidade social que requerem a convergência prioritária de políticas públicas e educacional (MINAS GERAIS, 2011b).

As atividades fomentadas eram organizadas através dos macrocampos: Acompanhamento Pedagógico; Educação Ambiental; Esporte e Lazer; Direitos Humanos; Cultura e Artes; Cultura Digital; Promoção da Saúde; Comunicação e Uso de Mídias; Investigação no Campo das Ciências da Natureza e Educação Econômica. Dentro desses 10 macrocampos, que tornaram-se sete em 2008, foram definidas cerca de sessenta atividades a serem realizadas, das quais a escola tinha que escolher cinco ou seis para potencializar seu currículo e ressignificar sua prática educativa. Moll (2012) chama atenção para que essa ressignificação aconteça, pois

um aspecto estruturante do Programa é sua preocupaç o em ampliar a jornada escolar modificando a rotina da escola, para não incorrer em mais do mesmo. Esse redimensionamento refere-se à organizaç o dos tempos na vida da escola e aos tempos de aprendizagem, à cidade educadora e ao território educativo; à articulação entre os saberes escolares e seus agentes (professores e estudantes), superando o caráter discursivo e abstrato, predominante nas práticas escolares. As ações do PME induziam mudanças nos projetos político-pedagógicos das escolas p blicas, com objetivos de ampliar os tempos, os espaços, os participantes envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, aumentando, assim, as oportunidades formativas e aproximando as escolas das famílias e das comunidades.

Em 2010, é aprovado o Decreto nº 7.083/2010, que dispõe sobre o Programa Mais Educação, e traz em seu artigo 1º algumas novas considerações sobre os objetivos do Programa Mais Educação: contribuir para a melhoria da aprendizagem por meio da ampliação do tempo de permanência de crianças, adolescentes e jovens matriculados em escola pública, mediante oferta de educação básica em tempo integral (BRASIL, 2010). Essa teria a jornada escolar com duração igual ou superior a sete horas diárias, durante todo o período letivo, compreendendo o tempo total em que o aluno permanece na escola ou em atividades escolares em outros espaços educacionais (BRASIL, 2010).

As orientações do Programa destacavam que os processos educativos deviam ser desenvolvidos em diversos espaços e tempos e com a participaç o de m ltiplos agentes: da família, da comunidade, do trabalho, dos movimentos sociais e culturais.

Assim, o PME considerava a Educação Integral não como uma responsabilidade somente da escola ou dos setores diretamente ligados à educação, mas de uma rede em união. Nesse aspecto Gabriel e Cavaliere (2012) consideram que:

O projeto de educação integral do Programa Mais Educação é ambicioso do ponto de vista de seus objetivos, e pretende alcançar esferas mais amplas da vida de alunos e comunidades, envolvendo os pais e o entorno da escola. Incorporando os modelos que valorizam o protagonismo local, em certa medida a concepção de educação integral desenvolvida nos documentos do Programa Mais Educação é formada pela intersetorialidade e descentralizaç o na gest o e pela multiplicaç o e diferenciaç o dos agentes educativos diretos (GABRIEL; CAVALIERE, 2012, p. 284).

Além dessa mudança na incorporação de novos atores como corresponsáveis pela educação, foram previstas mudanças no processo, principalmente nas ações pedagógicas que deviam abarcar os mbitos da educação, arte, cultura, esporte e lazer, incluindo as perspectivas temáticas dos direitos humanos, consciência ambiental, novas tecnologias, comunicaç o social, sa de e consciência corporal, segurança alimentar e nutricional, convivência e democracia, compartilhamento comunitário e din micas de redes.

Para a realização dessas ações, a transferência dos recursos financeiros se dava via caixa escolar e eles podiam ser usados para alimentação e custeio das atividades do contraturno. Dessa forma, com a transferência de recursos para a escola, ela tem mais autonomia para a gestão e planejamento do Projeto de acordo com sua realidade e projeto pedagógico.

Moll (2012) afirma que a implementaç o, através de ades o, do Programa Mais Educação foi iniciada em 2008, em 1.380 escolas públicas de 25 estados da federaç o e no Distrito Federal. Em 2009, a ades o foi ampliada para 5.004 escolas e, em 2010, para 10.026 escolas em todos estados brasileiros. Em 2011, o Programa atenderia a 15.018 escolas em 1.354 municípios de todos estados da federaç o e distrito Federal. Para o período 2012-2014, a previs o era de ultrapassar 32 mil escolas públicas, chegando às escolas do campo.

De acordo com o Relatório de Inteligência do Portfólio Estratégico: Projeto Educação de Tempo Integral, as escolas beneficiadas em Minas Gerais pelo Programa Mais Educação seguiram o quantitativo apresentado no Quadro 2:

Quadro 2 – Atendimento do Programa Mais Educação em Minas Gerais Ano Quantidade SRE Quantidade municípios Quantidade escolas Quantidade alunos 2009 3 617 24 3.344 2010 18 592 231 22.415 2011 40 590 377 32.711 2012 47 575 888 64.448 2013 47 623 1617 114.827

Fonte: Minas Gerais, 2014, p. 6.

Como o Relatório foi feito no ano de 2014, tendo como período de referência 2007 a 2014, mas com data de março de 2014, não foi dado um número exato dos alunos, das escolas e dos municípios atendidos pelo PROETI e PME para esse ano,

mas a Resolução que norteou a Educação Integral em 2015 diz que havia 1.279 escolas de educação integral em 2014.

No documento katiadelauraborges (páginas 53-57)