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processo de gestão participativa e democrática.

Em razão do Pró-Saúde ser o fundamentador teórico deste estudo, além do principal programa direcionado a graduação, adentra-se para um capítulo voltado para a aproximação desse Programa, bem como dos conceitos por ele utilizados, de modo a construir um mapa conceitual a ser utilizado neste estudo.

3.4 Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró- Saúde)

O modelo de saúde centrado na doença e no atendimento vigorou durante muito tempo no Brasil. Porém, com a implantação do SUS, há um esforço em reorganizar e incentivar a Atenção Básica como forma de substituição do modelo até então vigente. Essa mudança, orientada pelos princípios da Reforma Sanitária, passou a exigir também adequações das políticas de gestão do trabalho e da educação em saúde, integrando ensino-serviço, de modo que os profissionais pudessem estar capacitados para atuação segundo o modelo que estava sendo proposto (MATSUMOTO, 2010).

Este modelo é representado principalmente pela Estratégia Saúde da Família (ESF), que busca ampliar a cobertura da população, assegurando um padrão de serviços compatível com a melhoria da qualidade de vida, com maior resolubilidade da atenção e garantia de acesso aos demais níveis do Sistema de Saúde. Contudo, uma série de desafios permeia essa Estratégia: o de constituir-se efetivamente como o primeiro nível de atenção do SUS; o de romper com o modelo hospitalocêntrico e privativista; o de caracterizar-se como principal

―porta de entrada‖ do Sistema, articulada com os demais níveis de atenção por meio da

referência e contrarreferência; a atenção da equipe ao cidadão, por meio do vínculo e a corresponsabilização do processo saúde-doença com a comunidade; e a construção de lugar valorizado socialmente para os profissionais que fizerem opção pela Saúde da Família (BRASIL, 2007).

Assim, em parceria com a Secretaria de Educação Superior (SESU), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC) e o apoio da

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), foi instituído o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), cujo objetivo é a integração ensino-serviço, visando à reorientação da formação profissional, assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na Atenção Básica, promovendo transformações nos processos de geração de conhecimentos, ensino e aprendizagem e de prestação de serviços à população (BRASIL, 2009).

A Portaria Interministerial MS/MEC nº 2.101, de 03 de novembro de 2005, instituiu o Pró-Saúde, que inicialmente contemplava os cursos de graduação das profissões que integram a Estratégia de Saúde da Família, a saber: enfermagem, medicina e odontologia. Com a publicação da Portaria Interministerial MS/MEC Nº 3.019, de 27 de novembro de 2007, o programa foi ampliado para os demais cursos de graduação da área da saúde, além dos cursos já contemplados na primeira fase (BRASIL, 2009).

A perspectiva do programa é que os processos de reorientação da formação ocorram ao mesmo tempo em diferentes eixos, de modo que haja integração das instituições de ensino superior com o serviço público de saúde, respondendo às necessidades de saúde da população na formação dos profissionais, na produção do conhecimento e na prestação de serviços, colaborando para o fortalecimento do SUS (BRASIL, 2009).

São propostos três eixos para desenvolvimento do Pró-Saúde, sendo que cada um deles apresenta três vetores específicos. Cada um dos vetores pode ser hierarquizado em outros três estágios, que vão desde uma situação mais tradicional ou conservadora, atribuída como estágio I, até o estágio III, momento no qual se alcançam a situação e o objetivo desejados, tida como imagem objetivo1. Esses aspectos podem ser visualizados no Quadro 1.

Quadro 3. Apresentação dos Eixos de desenvolvimento do Pró-Saúde.

EIXO A - ORIENTAÇÃO TEÓRICA

Vetores 1- Determinantes de Saúde e Doença Imagem objetivo – Estágio III

Prioriza os determinantes de saúde e doença, com adequada articulação biológico-social.

2 - Pesquisa relacionada à realidade local

Equilíbrio na produção de investigações sobre as necessidades da população e sobre os aspectos biomédicos/tecnológicos.

3 - Pós-graduação e Educação

Permanente

Articulação com as necessidades assistenciais.

1

Construção efetiva da integração ensino-serviço, que envolve tanto a atenção básica quanto os outros níveis de atenção, aproveitando amplamente a capacidade instalada da rede de serviços, complementada pela utilização dos serviços próprios da IES - hospitais universitários, ambulatórios especializados, clínicas odontológicas e outros - funcionalmente integrados ao SUS. A interação recíproca entre os gestores dos sistemas educacionais e do SUS permitirá a criação das condições reais para o aproveitamento de ambos os sistemas, com melhor qualidade técnica na atenção e no processo ensino-aprendizagem (BRASIL, 2007).

EIXO B – CENÁRIOS DE PRÁTICAS Vetores 1 - Interação ensino-serviço Imagem objetivo – Estágio III

Integra orientação teórica com a prática nos serviços públicos de saúde, em nível individual e coletivo.

2 - Diversificação dos cenários do processo de aprendizagem

Atividades clínicas de Atenção Básica da rede do SUS, Unidades Básicas de saúde, Unidades do Programa de Saúde da família, com prioridade ambulatorial, ou em serviços próprios da IES que subordinam suas centrais de marcação de consulta às

necessidades locais do SUS. Internato ou equivalente desenvolvido em sua totalidade na rede do SUS. 3 - Articulação dos

serviços

universitários com o SUS

Serviços próprios completamente integrados ao SUS, sem central de marcação de consultas ou de internações próprias das instituições acadêmicas. Desenvolvimento de mecanismos institucionais de referência e contra-referência com a rede do SUS.

EIXO C – ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Vetores 1 - Análise crítica da atenção básica Imagem objetivo – Estágio III

O processo de ensino-aprendizagem toma como eixo, na etapa clínica, análise crítica da totalidade da experiência da atenção à saúde, com ênfase no componente de Atenção Básica.

2 - Integração do ciclo básico/ciclo profissional

Ensino com integração do ciclo básico com o profissional ao longo de todo o curso. Um dos métodos orientadores da integração é a problematização.

3 - Mudança metodológica

Ensino baseado na problematização em pequenos grupos, ocorrendo em ambientes diversificados com atividades estruturadas a partir das necessidades de saúde da população. Avaliação formativa e somativa, incluindo todos os aspectos da formação do estudante (conhecimentos, atitudes e habilidades). Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

Estes eixos se constituem como direcionalidade do processo de modificações da formação em saúde. A descrição apresentada sobre cada um deles é um exemplo que orienta a necessidade de considerá-los como elementos estruturantes da mudança (BRASIL, 2009).

A partir desses eixos, almeja-se atingir os seguintes objetivos específicos do Pró- Saúde:

 Reorientar o processo de formação dos profissionais da saúde, de modo a oferecer à

sociedade profissionais habilitados para responder às necessidades da população brasileira e à operacionalização do SUS;

 Estabelecer mecanismos de cooperação ente os gestores do SUS e as escolas, visando

à melhoria da qualidade e à resolubilidade da atenção prestada ao cidadão, à integração da rede pública de serviços de saúde e à formação dos profissionais de saúde na graduação e na educação permanente;

 Incorporar, no processo de formação da área da saúde, a abordagem integral do

processo saúde-doença, da promoção da saúde e dos sistemas de referência e contrarreferência;

 Ampliar a duração da prática educacional na rede pública de serviços básicos de

saúde, inclusive com a integração de serviços clínicos da academia no contexto do SUS.

Neste aspecto, a essência do Pró-Saúde é a aproximação da academia com os serviços públicos de saúde, mecanismo essencial para transformar o aprendizado, com base na realidade socioeconômica e sanitária da população brasileira (BRASIL, 2007).

Capítulo 4

4 METODOLOGIA: o caminho de voos desbravadores

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma

do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre

aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,

teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

(Fernando Teixeira de Andrade)

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