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PROGRAMA ORGÂNICO-SINDICALISTA DE ARLINDO VEIGA DOS SANTOS

Memória e política: sangue, suor e glória.

PROGRAMA ORGÂNICO-SINDICALISTA DE ARLINDO VEIGA DOS SANTOS

O DR. ARLINDO VEIGA DOS SANTOS Presidente Geral da F.N.B e candidato avulso à Constituinte, expõe a todos os compatriotas, resumidamente, o seu atualíssimo programa ORGANICO-SINDICALISTA, garantia única da destruição da política profissional dos liberais, e penhor da vitória da TERRA, da RAÇA, da TRADIÇÃO e do TRABALHO, contra o argentarismo e contra o bolchevismo.

Aos Frentenegrinos, aos Negros em geral e aos demais Patrícios, especialmente Trabalhadores e Produtores.

Em vista de certa situação premente do lado econômico, advindo das dificuldades financeiras dos frentenegrinos e incompreensão de uma boa parte da população negra de São Paulo, impossibilitada a Frente Negra Brasileira de desenvolver uma campanha eleitoral a altura da situação, estava ela disposta a reservar-se para as futuras lutas municipais, estaduais ou mesmo nacionais.

À ultima hora, porém, resolveu o Conselho Diretor que fosse apresentada uma candidatura, sugerindo o meu nome para a representação possível. Não perdendo tempo, inscrevi-me como candidato avulso, já que não era possível garantir a inscrição pela F.N.B., e cumpre- me, pois, sem grandes promessas nem pretensões, dizer algo a respeito do (ilegível).

Não seria preciso dizê-lo senão em virtude da formalidade, por quanto todos aqueles que conheceram os meus trabalhos sociais desde 1926 não poderão enganar-se a respeito.

O meu programa poderia resumir-se nesta fórmula simples: A TERRA, O SANGUE, O TRABALHO E O ESPÍRITO.

O Estado que defenderei, para o Brasil, como necessidade absoluta de valorização da Terra, do Sangue, do Trabalho e do Espírito é o ESTADO ORGANICO- SINDICALISTA, em que se representarão “realmente” as forças produtoras da Nação, destruindo automaticamente todos os agentes da exploração nacional que se criam e sustentam no desmoralizado Estado liberal-democrático. Naquele Estado, terão representação garantida as expressões da realidade nacional, como seja a grande massa das nossas populações negras e mestiças abandonadas por um regime de exploração do homem e esgotamento da terra.

A nacionalização do comércio e a proteção à lavoura, às industrias nativas, abandonando a si mesmas as artificiais e que vivem da desgraça das nossas populações, especialmente das classes pobres, abaixariam o custo de vida, porque exportaríamos mais da produção nacional, especialmente da Terra, podendo, conseqüentemente, importar mais, e mais barato.

Esse plano de renovação, agora dificílimo de executar, sê-lo-á gradualmente com mais facilidade para o futuro, com a educação do povo coordenado nas corporações de ofícios cuja técnica e funcionamento esboçado na Colônia foram vedados pela era democrática, para mal do povo brasileiro e (ilegível) de alguns demagogos e politiqueiros. Fundados, pois, os sindicatos verticais, dentro do espírito cooperativo cristão, harmonizar-se-ia a questão do capital e do trabalho, fugindo o Brasil tanto à prepotência capitalista cuja injustiça vai aniquilando e “internacionalizando” os governos e a Nação, como a tirania

comunista que ameaça as nossas tradições, os nossos lares, nossa minguada economia e a nossa Terra, capaz de ser presa dos bandidos moscovitas que fariam da riqueza do País, - patrimônio legado por nossos Maiores, - tesouro de financiamento da revolução bolchevista universal judeu-cosmopolita.

Nessas corporações está toda a felicidade do operário, aprendizagem profissional, seguros, assistência de toda espécie, salário familiar garantido, libertação das garras da política profissional.

É verdade que a representação sindical-corporativa é impugnada por alguns espíritos fósseis remanescentes da quase defunta era liberal-democrática. Mas esses, serão esmagados pela idade nova que desponta no mundo, idade que vai rasgando todos os códigos constitucionais abstrato-jurídicos, para fundar o ESTADO ORGANICO- SINDICALISTA, sobre as ruínas da democracia com qualquer título novo.

Afinal, um problema da Terra estabelecemos a fórmula iniciativa: TODA A TERRA DO BRASIL A TODOS OS BRASILEIROS, EXTINÇÃO DAS CONCESSÕES ESTRANGEIRAS.

Instituição do vínculo, do bem-de-família não alienável.

Que todos os Brasileiros, na desgraça, tenham ao menos garantida a casa de morada.

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No problema do Sangue, isto é, da Raça, será a primeira medida: A SUSPENSÃO DA IMIGRAÇÃO POR VINTE ANOS.

Valorização moral, intelectual, física e econômica das populações negras e mestiças, de modo que mais tarde, possam ASSIMILAR NACIONAL E RACIALMENTE todos os elementos adventícios. A política de imigração advém da falta de organização em que vivemos, da incapacidade dos políticos liberais. É como a política agrícola do abandono das “terras esgotadas”.

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Quanto ao problema do Negro em particular, repito o ideal que defenderemos (como frisei no manifesto aos Negros, lançado em 1931): INTEGRALIZAÇÃO ABSOLUTA, COMPLETA, DO NEGRO EM TODA A VIDA BRASILEIRA – POLÍTICA, SOCIAL, RELIGIOSA, ECONOMICA, OPERÁRIA, MILITAR, DIPLOMÁTICA, etc – O NEGRO BRASILEIRO DEVE TER TODA FORMAÇÃO E TODA ACEITAÇÃO EM TUDO E EM TODA PARTE, DADAS AS CONDIÇÕES COMPETENTES (que devem ser favorecidas) FÍSICAS, TÉCNICAS, INTELECTUAIS, MORAIS, EXIGIDAS PARA A “IGUALDADE PERANTE A LEI”. O Brasil precisa absolutamente cessar de ter vergonha da sua Raça aqui dentro e lá fora, na vida internacional.

Se o Brasil não tem um tipo racial, tem todavia uma Raça. Esta precisa ser defendida, valorizada, educada, melhorada por si mesma e não por transfusão de outros sangues, apenas teoricamente melhores.

(trecho ilegível – 6 linhas) ... não tem lugar no Estado Orgânico-Sindicalista. Portanto, as providências quanto à proteção ao Trabalho melhor se podem adivinhar do que explicar. Reservemo-nos a respeito.

Quanto à defesa do Espírito, isto é das tradições nacionais, dos costumes nacionais, que não podem ser perdidos por causa de uma minoria de alucinados por doutrinas materialistas, positivistas ou outras, seguiremos o mesmo critério adotado na Frente Negra Brasileira. Respeito à Tradição, liberdade aos dissidentes. Não podemos quebrar os direitos do passado e do presente que o continua em nome de pretensões de minorias que desejem impor seu modo de ver. Garantida a liberdade aos dissidentes, cumpre também garantir o espírito nacional, as tradições nacionais, para que não sejamos mais tarde obrigados a destruir pela violência os erros importados pela pusilanimidade. Seria caricatura de Brasil um Brasil divorcista, nudista e cheio de vícios estrangeiros “trazidos do Francês”, como diria Eça de Queiroz. Queremos continuar o Brasil dos casais fiéis, das famílias grandes (protegidas pelo Estado Orgânico-Sindicalista), dos hospitais onde há religião, dos soldados que sabem rezar para melhor saberem ser heróis.

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Queremos o velho Brasil recuperado, poderoso pelo Espírito e pela Raça, dominando pelo seu esplendor toda a América e projetando-se no mundo como a nova maravilha do século. Queremos o Brasil (ilegível), despojado dos preconceitos mesquinhos, alinhando braço a braço o irmão Negro e o irmão Branco, sem que este explore aquele nem aquele desconfie deste. Queremos o Brasil poderoso na terra, no mar e no ar, (ilegível) milagre dessa geração que depois de ter sofrido tanto a mercê da exterioridade acanhada dos trogloditas liberais- democráticos que arrastaram até aqui a todos os noismos, se quer vingar nobremente da maldade da geração passada criando a uma nação mais Brasileira e mais (ilegível) que poderá existir na terra. A civilização que esplenderá em um Estado Orgânico-Sindicalista. Arlindo VEIGA DOS SANTOS

Presidente Geral da “Frente Negra Brasileira”. São Paulo 25 de abril de 1933

ANEXO 2

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