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Foto 8 Caixa do Projeto Diário de Classe que se encontra na videoteca da DITE

3 A INTRODUÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

3.1 Compondo a Cena da Chegada das Tecnologias Educacionais em Sergipe: CIEd,

3.1.3 Programa Salto para o Futuro em Sergipe

O Programa Salto para o Futuro surgiu no ano de 1991, a princípio, com recepção em seis Estados do país, sendo que em 1992 abrangeu o território nacional. Inicialmente foi chamado Um Salto para o Futuro, sendo que em 1995 foi modificado para Salto para o Futuro e tinha como objetivo a capacitação de professores através da educação a distância e continuada, tendo por veículo a televisão, e esta iniciativa veio do Ministério da Educação e da Fundação Roquette Pinto.

O Programa Salto para o Futuro era destinado a docentes da 1ª a 4ª séries do ensino do 1º grau, e tinha como objetivo debater diferentes tendências no campo da educação e contribuir para a prática pedagógica dos professores em sala de aula. Tendo como recurso interativo a televisão, os programas eram veiculados e discutidos por especialistas, em séries31 temáticas. Em nível nacional eram veiculados pela Rede Brasil de Televisão, e em Sergipe, pela TV Aperipê.

Em Sergipe, o Programa Salto para o Futuro teve uma coordenação que ficou subordinada ao Departamento de Educação, e o espaço físico onde se executavam as atividades laborais era o Centro de Treinamento e Aperfeiçoamento Jackson de Figueiredo, na capital sergipana. Este espaço era um teleposto e nele havia os seguintes equipamentos: TV e vídeos, em um total de cinco . Em depoimentos colhidos, há o relato de que os docentes participantes do Programa Salto para o Futuro, nas Diretorias Regionais de Educação, recebiam um apoio financeiro (bolsa) para participar da proposta.

No documento intitulado Relato de Atividades do Programa Salto para o Futuro – 1992, 1993 e 1994 (Anexo 32) encontrou-se uma retrospectiva das ações desenvolvidas. No item Seleção da Equipe do Salto em Sergipe foi detectado que houve a seleção de uma equipe de coordenador e de orientadores de aprendizagem que conduziriam os trabalhos da sala de aula, conforme metodologia definida pela Fundação Roquette Pinto e coordenação estadual. A seleção dos orientadores de aprendizagem atendeu aos critérios dispostos em documento da Fundação Roquette Pinto, cujos determinantes foram experiências no trabalho com professores em regência de classe das séries iniciais.

Com a expansão do Salto para o Futuro no interior do estado, os orientadores de aprendizagem foram representados por técnicos das Diretorias Regionais de Educação, os quais realizavam trabalho de acompanhamento aos professores de 1ª a 4ª série do 1º grau e que já tinham experiência para desenvolver trabalhos daquela natureza. O fato de considerar como orientadores de aprendizagem os que já possuíam experiência em programas que faziam uso das tecnologias, permite afirmar que o Projeto Vídeo Escola já havia contribuído para a formação desses profissionais.

No acervo da DITE foram localizados nove documentos que faziam referência ao Programa Salto para o Futuro. Desses nove documentos, dois traziam programação de encontros pedagógicos do ano de 1994. O I Encontro Pedagógico aconteceu em 23 de março de 1994 e tinha como objetivo subsidiar os orientadores de aprendizagem com conteúdos nas atividades a serem desenvolvidas nas séries determinadas. Além desse o II Encontro Pedagógico, que foi realizado em dois momentos, em 09 e 10 de agosto e 23 e 24 de agosto de 1994. Neste encontro três objetivos foram perseguidos: aprofundar os conhecimentos teórico-metodológicos do ensino de educação a distância; propiciar meios de atualização e aperfeiçoamento dos orientadores de aprendizagem, superiores e monitores para o desenvolvimento das atividades no ensino de educação a distância, e difundir experiências de aprendizagem, desenvolvidas pelos orientadores de aprendizagem nas Diretorias Regionais de Educação e em telesalas.

Os objetivos do II Encontro ressaltam o tema Educação a Distância, e neste sentido é admissível afirmar que foi o Programa Salto para o Futuro que primeiro utilizou a metodologia EAD como meio de mediação, sendo a experiência pioneira no Estado.

Além do registro dos dois encontros, percebeu-se que foram realizadas reuniões de capacitação em teleposto32, visitas da coordenação estadual às escolas que aderiram ao programa e encontros dos docentes e técnicos nas Diretorias Regionais de Educação. Para confirmar as ações realizadas pelo Programa Salto para o Futuro há registro fotográfico (Anexo 32) que remete à prática docente nos encontros pedagógicos.

O Programa Salto para o Futuro não só utilizava a TV e os programas veiculados como também textos de apoio (boletins33), recursos tecnológicos como fax, telefone e a mais recente internet, ou seja, a rede mundial de computadores. Percebe-se nos documentos pesquisados que a chegada dos recursos tecnológicos tornou-se peça importante para a

32 Eram escolas-sedes nos municípios onde aconteciam reuniões entre os professores para discutirem as séries que estavam sendo veiculadas pelo Programa.

33 Publicações seriadas que tratavam de conteúdos que foram veiculados pelo Programa Salto para o Futuro como apoio à aprendizagem.

qualificação profissional dos docentes e melhoria na educação, como pregava o discurso neoliberal da década de 90 do século XX. Contudo, é importante frisar que não é só a introdução dos recursos tecnológicos que trazem mudanças, mas também as ações de sensibilização, capacitação e acompanhamento das atividades executadas pelos docentes nas salas de aula.

Esse Programa foi uma ação da Coordenação de Educação a Distância/Secretaria de Educação Fundamental e Ministério da Educação. Nos Estados havia uma coordenação estadual, que foi denominada Coordenação Estadual de Educação a Distância e Continuada, o acompanhamento do Programa no Estado ficou a cargo da professora Josefa Ayres de Góis Santos.

No Fax datado de 19 de agosto de 1996 às Coordenadorias Estaduais de Educação a Distância (Anexo 33) há uma síntese (Relatório Final) das conclusões da primeira Reunião do Comitê de Apoio à TV Escola, que foi realizada pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) e Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação. Neste período, o Programa TV Escola tinha sido lançado oficialmente em todo o país como canal da educação do MEC, fazendo parte da política educacional de uso das TIC. O teor do documento versa sobre a Integração do Programa Salto para o Futuro à TV Escola. No texto do Fax foi registrado que o Salto para o Futuro foi o pioneiro na formação e atualização docente no âmbito do ensino fundamental e que permitiu a utilização de atividades a distância e presencial. Além disso, expôs quatro considerações relativas ao trabalho realizado pelo Programa Salto para o Futuro, dentre as quais destacam-se duas: as dificuldades continentais do país e suas respectivas peculiaridades regionais e estaduais e as dificuldades estruturais próprias de um processo de atualização e/ou capacitação de professores.

A narração ressalta que o Programa Salto para o Futuro era importante para a democratização do conhecimento no país, visto que era veiculado pela TVE Brasil e permitia ao telespectador brasileiro ter acesso à programação; e lamentava que seu uso ficasse restrito ao canal da TV Escola. O Programa Salto para o Futuro atuou por cinco anos e foi integrado ao Programa TV Escola a partir de 1996.