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4 APONTAMENTOS SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS COM VIÉS INCLUSIVO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

4.4 PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS – PROUN

O Programa Universidade para Todos – PROUNI foi criado por meio da MP Nº 213/2004, dando seguimento à parceria público-privada já iniciada em anos anteriores, mais recursos foram disponibilizados para execução do que se foi denominado como políticas públicas inclusivas de sucesso. Em 2005 o programa é instituído pela Lei nº 11.096 que oferta a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais, equivalentes a cinquenta ou vinte e cinco por cento do valor do curso. Para concorrer às bolsas há exigência de que os estudantes sejam brasileiros, não tenham diploma de curso superior e se enquadrem no perfil socioeconômico do programa. As instituições se obrigam a oferecer determinado percentual em bolsas em troca de isenção tributária (BRASIL, 2005).

Outros requisitos são necessários ao candidato, como obter no mínimo 400 pontos na média do ENEM e não zerar a redação, ter cursado o Ensino Médio completo em escola pública ou em escola privada, desde que, neste caso, tenha estudado com bolsa integral, ou ser pessoa com deficiência, ou ainda, ser professor da rede pública de educação básica, em efetivo exercício, integrando o quadro permanente da instituição, desde que concorra a vagas em cursos de licenciatura, normal superior ou pedagogia (BRASIL, 2005).

Embora exista a concordância com as muitas críticas ao PROUNI, inclusive, em relação aos interesses mercadológicos atendidos por meio do programa, pesquisas afirmam que houve também a ampliação do ingresso das pessoas de baixa renda ao Ensino Superior. Portanto, as críticas devem servir para obter melhor organização, distribuição e ocupação das vagas que possuem fiscalização deficitária, o que possibilita fraudes em relação aos beneficiados.

O Programa já foi alvo de auditoria do TCU que encontrou irregularidades, como bolsistas com rendimentos incompatíveis com o PROUNI, bolsistas matriculados em instituições públicas e gratuitas de Ensino Superior e bolsistas proprietários de veículos automotores incompatíveis com o PROUNI, portanto, reitera-se que o aprimoramento dos mecanismos de controle e uma rotina de acompanhamento tendem a evitar e diminuir as irregularidades (TCU, 2011).

A gestão do PROUNI ficou sob responsabilidade do Ministério da Educação e as instituições privadas de Ensino Superior ao aderir, mediante assinatura de termo de adesão, acatam obrigações que devem ser cumpridas pela instituição,

especificamente as cláusulas que tratem sobre a proporção de bolsas de estudo oferecidas por curso, turno e unidade, e ainda, o percentual de bolsas destinado à implementação de políticas afirmativas de acesso ao Ensino Superior de pessoas com deficiência ou de autodeclarados indígenas e negros” (BRASIL, 2005).

Observa-se que apesar da Lei nº 11.096/05 destinar vagas para pessoas com deficiência, as produções não trazem informações quantitativas e qualitativas sobre os indicadores em relação ao acesso e permanência, alguns dados estatísticos são disponibilizados pelo próprio site do MEC onde é possível verificar algumas informações desatualizadas e controversas.

Em relação aos dados dispostos na representação gráfica dos bolsistas que possuem deficiência, embora os dados não estejam atualizados, pois se referem ao período de 2005 a 2014, é a única indicação sobre a ocupação de bolsas por pessoas com deficiência no programa, informa que apenas 1% das bolsas estavam ocupadas por esse grupo, em dados brutos, o equivalente a 10.340 bolsas, enquanto 1.486.885 eram preenchidas por demais bolsistas. No entanto, ao analisar outro gráfico, referente às bolsas ofertadas por ano, observaram-se números divergentes referentes ao mesmo período, havendo aqui um total de 2.227.029. Assim, é possível dizer que os dados não foram contabilizados de forma correta no gráfico e que não foram dispostas informações atualizadas sobre as bolsas para pessoas com deficiência.

Outros estudos que tratam sobre a temática do PROUNI (BERGAMO, 2013; SILVEIRA, 2013; ROSARIO, 2013; SILVA, 2013; BASCONI, 2014, SENA 2011) trazem contribuições, reflexões e dados importantes, porém, não abordam nada em relação à questão da pessoa com deficiência, via programa.

Se por um lado faltam dados que informem sobre a situação dos bolsistas com deficiência, por outro, sobram números para comprovar a grande expansão do programa que saltou de tímidas 112.275 bolsas em 2005 para 2.885.276 em 2016.

Os dados introduzidos na tabela a seguir explicitam esse crescimento, a partir de 2008, ano que já era possível visualizar o aumento de mais do dobro de bolsas em comparação ao início do programa:

Tabela 2 – Comparativo Bolsas PROUNI ofertadas no Brasil e Rio Grande do Sul.

Brasil Rio Grande do Sul

Anos Integral Parcial Total Integral/RS Parcial/RS Total/RS 2008 99.495 125.510 225.005 5.402 4.633 10.035 2009 153.126 94.517 247.643 8.124 6.074 14.198 2010 125.922 115.351 241.273 9.828 6.500 16.328 2011 129.672 124.926 254.598 13.096 6.672 19.768 2012 150.861 133.752 284.613 12.060 5.378 17.438 2013 164.379 87.995 252.374 9.728 5.187 14.915 2014 205.237 101.489 306.726 12.981 7.614 20.595 2015 213.113 115.954 329.067 14.848 8.088 22.936 2016 203.602 125.578 329.180 8.896 7.077 15.973 Total 1.445.407 1.025.072 2.470.479 94.963 57.223 152.186 Fonte: Site Programa Universidade para Todos. Acesso em: 04/03/2017. Elaborado pela pesquisadora.

Verifica-se que no Rio Grande do Sul houve algumas oscilações que culminaram na diminuição de bolsas nos anos de 2012 e 2013, voltando a subir em 2014 e 2015 e no ano de 2016 houve acentuada diminuição, chegando quase a sete mil bolsas a menos quando comparada ao ano anterior, mas, em nível nacional, apenas o ano de 2013 apresentou declínio de bolsas.

5 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Na pesquisa científica o método deve ser visto como o instrumento que ordena o pensamento e indica os procedimentos que o pesquisador precisa adotar para atingir seu objetivo previamente estabelecido (PRODANOV; FREITAS, 2013).

O referencial metodológico da pesquisa foi delineado, a partir da articulação entre seus objetivos e os resultados desejados, sendo assim, é importante salientar que a proposta inicial da pesquisa foi de conhecer as políticas institucionais normatizadas de inclusão do público-alvo da Educação Especial nas universidades federais e privadas do Rio Grande do Sul.