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CAPÍTULO 2 GESTÃO AMBIENTAL

2.3 Programas de gestão ambiental

Os programas de gestão ambiental determinam as atividades a ser executadas e sua seqüência, bem como os responsáveis por sua realização dentro da organização. Esta, por sua vez, deverá incorporar em seu planejamento estratégico o programa de gestão ambiental, de forma a torná-lo compatível com os demais objetivos da empresa (DONAIRE, 1999).

O autor ressalta que existem várias propostas para o estabelecimento de um programa de gestão ambiental. A primeira delas foi o Sistema Integrado de Gestão

Ambiental, conhecido por Modelo Winter, desenvolvido a partir de 1972, pela empresa Ernst Winter & Sohn, com sede em Hamburgo, na Alemanha. Posteriormente, Backer (apud DONAIRE, 1999) propôs planos de ação que devem ser estabelecidos em sintonia com o que denomina estratégia ecológica da empresa. No Brasil, a Associação Brasileira das Indústrias Químicas (ABIQUIM), propõe a seus associados o Programa Atuação Responsável, adotado oficialmente a partir de 1992. Entretanto, a partir de 1996, com o advento da Norma Técnica da ABNT de Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001), que especificam diretrizes para o SGA, esta passou a ser adotada pelas empresas como a maneira mais adequada para se estabelecer um programa de gestão ambiental.

2.3.1 O Modelo Winter

Em 1972, de acordo com Winter (1992), a empresa Ernst Winter & Sohn, oficialmente, tornou pública a proteção ao meio ambiente, como um dos seus objetivos. Desde esta época, passou a desenvolver atividades que culminaram com o Sistema Integrado de Gestão Ambiental, também conhecido como Modelo Winter, o qual incorpora a questão ambiental a todos os setores da empresa.

O Modelo Winter, demonstrado na Figura 2, pode ser implantado em qualquer empresa, independentemente de seu esquema organizacional. Ele é composto por 20 módulos integrados, que têm por objetivo facilitar a sua implantação, a definição das prioridades e o respectivo cronograma de atuação.

Ação Previsão Atribuição de Prioridades Módulos Setoriais Módulos Integrados

Figura 2 - O modelo Winter Fonte: Donaire (1999, p.109).

A Figura 2 mostra que os módulos integrados definem o perfil completo da gestão da empresa, que, uma vez identificados, deverão ser adequadamente avaliados, para se verificar quais os módulos setoriais a serem implementados, a fim de adaptar a gestão ambiental às condições atuais da empresa.

Os módulos integrados abordam questões relativas a: motivação da alta administração; aos objetivos e estratégia da empresa; ao marketing; às disposições internas em defesa do meio ambiente; à motivação e formação do pessoal; às condições de trabalho; alimentação dos funcionários; ao aconselhamento ambiental familiar; à economia de energia e água; ao desenvolvimento do produto; à gestão de materiais; à tecnologia da produção; ao tratamento e valorização de resíduos; aos veículos da empresa; construção das instalações/equipamentos; às finanças; ao jurídico; aos seguros; às relações internacionais e às relações públicas.

2.3.2 Planos de ação e a estratégia ecológica

A proposta de Backer (1995) enfatiza que os planos de ação da gestão ambiental devem ter sua origem no diagnóstico ecológico da empresa e estar em sintonia com a estratégia ecológica. De acordo com essa proposta, esta estratégia deve partir de um diagnóstico inicial (Figura 3), especialmente, da análise do fator ambiental dentro da estratégia global da organização. Assim, poderá ser dimensionado o esforço necessário a ser desenvolvido na gestão ambiental.

Síntese: Estratégia Ecológica

Plano de Projeto P&D Plano de Organização ADM Plano de Informação/ Sensibilização/Avaliação Plano de Investimentos Plano de Comunicação Planos Pesquisa e Desenvolvimento Administração e Finanças Recursos Humanos Processos de Transformação Comunicação e Marketing Diagnóstico Ambiental

Figura 3 - Planos de ação de Backer Fonte: Donaire (1999, p.111).

Segundo Backer (1995) o diagnóstico global, demonstrado na Figura 3, permite identificar o papel da gestão ambiental dentro da empresa através da análise de seis tabelas: o peso ecológico na estratégia empresarial; a estratégia de comunicação e de marketing em relação ao meio ambiente; a estratégia de produção em matéria de meio ambiente; a estratégia de recursos humanos em questões ambientais; as estratégias jurídica e financeira em relação ao meio ambiente; a estratégia de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) relativa à questão ambiental.

A partir desse diagnóstico, são elaborados os planos de ação que constituem o programa de gerenciamento ambiental dividido em: plano de comunicação; plano de investimentos; plano de formação/sensibilização/avaliação; plano de organização administrativa; plano de projetos de P&D.

Esses planos sintetizam a estratégia ecológica a ser utilizada pela empresa no adequado equacionamento da questão ambiental, como demonstra a Figura 3.

2.3.3 Programa atuação responsável da Associação Brasileira das Indústrias Químicas

O Programa Atuação Responsável é a versão brasileira do Responsible Care Program, desenvolvido pela Canadian Chemical Producers Association – Associação Canadense dos Produtores Químicos (CCPA), o qual foi implantado em diversos países a partir de 1985 (DONAIRE, 1999). Nesse programa, há recomendações para a segurança das instalações, processos e produtos e questões relativas à saúde e segurança dos trabalhadores, bem como relativas ao entendimento com a comunidade.

No Brasil, coube a Abiquim adaptar às condições do país, que, a partir de 1990, passou a utilizá-lo sob a denominação de Programa Atuação Responsável. Até 1992, as adesões a esse programa foram voluntárias, mas, a partir de 1998, com o crescente desenvolvimento da indústria química, a adesão ao programa passou a ser obrigatória para os associados da Abiquim.

Donaire (1999) mostra os seis elementos deste programa:

a) princípios diretivos representados pelos padrões éticos que direcionam a política de ação da indústria química brasileira em termos de saúde, segurança e meio ambiente;

b) códigos de práticas gerenciais que permitem a implementação efetiva dos princípios diretivos. Essas práticas estabelecem os elementos que devem estar contidos nos programas internos das empresas referentes à saúde, segurança e ao meio ambiente;

c) comissões de lideranças empresariais, que são os foros de debates e trocas de experiências entre profissionais e dirigentes das empresas associadas; d) conselhos comunitários consultivos, que é uma forma de procurar estreitar o

diálogo entre a indústria química e membros representativos da comunidade, de forma aberta, buscando-se respostas e soluções efetivas para os problemas levantados;

e) avaliação de progresso que contempla o acompanhamento permanente e estruturado de todas as atividades sob controle;

f) difusão para a cadeia produtiva que possibilita a integração de toda a cadeia produtiva ligada à indústria química.

A metodologia de gerenciamento ambiental do Programa Atuação Responsável pode ser visualizado na Figura 4.

Distribuição

Difusão

Gerenciamento Ambiental Conselhos Comunitários Consultivos Comissões de Lideranças Empresariais Princípios Diretivos Gerenciamento do Produto Diálogo c/ Comunidade/ Preparação e Atendimento a Emergências Transporte e Proteção Ambiental Saúde e Segurança do Trabalhador Segurança de Processos

Figura 4 - Programa atuação responsável Fonte: Donaire (1999, p.116).