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O software Delft3D é um modelo hidrodinâmico desenvolvido pela WL-Delft Hydraulics, instituto de pesquisa da Holanda, sendo que é um conjunto de programas capaz de simular escoamentos em massas de água superficiais. O software apresenta

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uma estrutura flexível que simula fluxos de duas ou três dimensões, assim como ondas, qualidade de água, ecologia, transporte de sedimentos e morfologia do fundo, sendo também capaz de conduzir à interação entre processos. A interface gráfica do programa facilita a simulação, edição e visualização dos dados necessários à definição de simulações e de cenários (Baptistelli, 2008).

O Sistema de modelação Delft3D é composto por diversos módulos que possuem ferramentas de pré-processamento, processamento e pós-processamento, facilitando assim o trabalho de implementação do modelo para uma região específica. O sistema compreende os seguintes módulos:

 Hidrodinâmico (FLOW);

 Ondas (WAVE) que corresponde à propagação de ondas curtas;

 Transporte de sedimentos (SED);

 Morfologia (MOR);

 Qualidade de água (WAQ);

 Traçadores (PART) ou transporte de partículas;

 Ecologia (ECO);

 Química (CHEM).

O Delft3D é um modelo numérico baseado em diferenças finitas e adota um sistema de grelha denominado “staggered grid”. Nesta grelha os pontos de elevação (pontos de pressão) estão definidos no centro da célula e as componentes da velocidade são perpendiculares aos lados da própria grelha (Baptistelli, 2008).

2.4.1.1 Delft3D-FLOW

O módulo hidrodinâmico do Delft3D, o Delft3D-FLOW, possibilita a simulação de fluxos não estacionários em duas ou três dimensões, fenómenos de transporte resultantes de maré, descargas de água e efeitos meteorológicos (Baptistelli, 2008). O presente módulo tem como áreas de aplicação ondas e correntes de tempestade, simulações de fluxos fluviais, simulação em lagos profundos e reservatórios, simulação de tsunamis, ressaltos hidráulicos, ondas de cheia, estratificação térmica em lagos e reservatórios, transporte de sedimentos e morfologia (Carneiro, 2014).

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O módulo hidrodinâmico baseia-se nas equações de Navier-Stokes para fluídos incompressíveis, com as seguintes aproximações:

 A aceleração vertical é considerada desprezável quando comparada com a aceleração da gravidade (aproximações de águas pouco profundas). Assim, a equação de conservação de quantidade de movimento segundo a direção vertical é reduzida à equação do equilíbrio hidrostático;

 Apenas a variação longitudinal da massa volúmica é considerada no cálculo do da componente baroclínica da força associada ao gradiente de pressão (aproximação de Boussinesq);

 O atrito é considerado como condição de fronteira no fundo;

 Modelo de turbulência anisotrópica (horizontal ≠ vertical).

2.4.2 Modelo SWAN

O modelo SWAN - acrónimo de Simulating Waves Nearshore - é um modelo numérico para geração, propagação e dissipação da agitação marítima. Trata-se de um modelo de domínio público, em constante desenvolvimento pela Delft University of Technology da Holanda, que possui como uma das principais vantagens a manutenção da estrutura dos ficheiros de dados e de resultados, o que permite uma fácil atualização de versões mais robustas e completas do modelo sempre que for necessário (Santos et al., 2005).

O modelo SWAN propaga a agitação marítima desde o largo até próximo da costa considerando os processos físicos de refração, difração e empolamento devido a variações do fundo e presença de correntes, crescimento de onda por ação dos ventos, rebentação por influência do fundo e por excesso de declividade, dissipação de energia devido ao atrito do fundo, bloqueio e reflexão por correntes opostas e transmissão através de obstáculos (Santos et al., 2005).

Os dados necessários para a execução do SWAN são a malha batimétrica da zona a modelar e as condições de agitação na fronteira de entrada do domínio, para além de um conjunto de outros parâmetros de cálculo. De entre os vários resultados obtidos pelo SWAN salienta-se a altura significativa, os períodos de pico e médio, as direções de pico e média, a dispersão direcional, o parâmetro de largura de banda e nível de água em qualquer parte do domínio computacional (Santos et al., 2005).

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É importante referir que o modelo SWAN apresenta algumas limitações entre as quais são destacadas as seguintes:

 A calibração de muitos dos parâmetros envolvidos na descrição dos diferentes fenómenos físicos no SWAN foi baseada em dados da campanha JONSWAP, realizada no Mar do Norte, ou seja, a extrapolação dos dados para diferentes zonas confere menor exatidão para áreas com diferentes características de clima, de ondas ou para diferentes características do fundo marinho (Carneiro, 2014);

 A difração no SWAN é modelada de modo simples como uma dispersão direcional, o que pode constituir a sua principal limitação, além de não considerar os efeitos de espalhamento de Bragg (Carneiro, 2014);

 A inclusão da difração nos cálculos numéricos implica que o espaçamento da malha computacional, relativamente ao comprimento de onda, seja de tal forma que garanta a convergência dos cálculos computacionais. Para isso implica, por vezes, que as malhas sejam de tal dimensão que pode comprometer a execução dos cálculos (Carneiro, 2014).

2.4.3 Bouss-2D

O programa BOUSS-2D foi desenvolvido pelo Corpo de Engenheiros do Exército Norte-americano (USACE) em conjunto com a interface gráfica SMS desenvolvida pela AquaVeo. BOUSS-2D é um modelo que resolve equações do tipo Boussinesq, com aplicação para problemas envolvendo reflexão e difração de ondas em geometrias como canais de navegação e portos. O BOUSS-2D simula uma grande parte dos fenómenos hidrodinâmicos de interesse em regiões costeiras e portos, como o empolamento, a refração, transmissão e reflexão parcial e total, interações não lineares onda-onda, quebra de onda e run-up, correntes induzidas por ondas e interações onda corrente. O software é baseado num método de diferenças finitas para solucionar as equações no domínio do tempo. A área de interesse é selecionada com uma grelha retangular onde a elevação da superfície das ondas e as velocidades horizontais são definidas nos nós da grelha de uma forma não-alinhada (staggered). As condições de ondas podem ser periódicas, não periódicas, unidirecionais ou multi-direcionais (Carmo Barletta et al., 2010).