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2 A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E

3.2 PROIN Programa de Apoio à Integração Graduação/Pós-Graduação

O Proin era um programa de financiamento da CAPES que tinha como objetivo estimular projetos que possibilitassem a integração entre os alunos da graduação e da pós-graduação das universidades brasileiras. Em 1995, o NETE11 (Núcleo de Estudos sobre trabalho e educação) apresentou ao PROIN o projeto O campo de estudos sobre Trabalho e Educação e sua importância para a melhoria do ensino de graduação em Pedagogia e Licenciatura.

O projeto oferecia aos alunos da graduação e da pós-graduação da FaE um espaço teórico e prático de trabalho acadêmico concreto, próximo àquele oferecido pelo mercado de trabalho, e fazia a introdução das novas tecnologias no processo de formação do pedagogo. Para tanto, o projeto montou duas salas especiais de ensino contendo equipamentos, mobiliário, softwares, suprimentos, midiateca, materiais bibliográficos e de consumo imprescindíveis ao desenvolvimento do projeto. Além disso, foi montada uma sala para o desenvolvimento das atividades de ensino propriamente

11 Este núcleo foi constituído em junho de 1995 e possui características interdisciplinares e interdepartamentais, com a participação de integrantes do DECAE - Departamento de Ciências Aplicadas à Educação, DAE - Departamento de Administração Escolar e do DMTE - Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino.

ditas e outra para fornecer toda a base de apoio que fosse necessária para a realização das atividades e organização do trabalho (materiais de referência e equipamentos). Nestas salas acontecia a:

capacitação dos alunos para o domínio de habilidades de busca, organização, seleção, armazenagem, comparação e utilização de dados e informações de diferentes ordens, possibilitando aos mesmos um contato mais efetivo e permanente com a empiria relativa à sua área de estudos, necessário às diferentes etapas do processo metodológico da sistematização do conhecimento. (Fragmento retirado do Projeto enviado para o PROIN, 1995, p. 12).

Ao entrevistar um dos membros da equipe que participou da implementação do PROIN e trabalhou nas salas especiais, foi apontada a importância desse projeto, tendo em vista a quase inexistência de computadores na Faculdade quando foi executado. Abaixo, segue a transcrição de sua fala.

Os recursos foram suficientes para poder montar essas duas salas ambientes, na época com a tecnologia de ponta. Computadores de última geração na época. E a experiência foi interessante porque, ao desenvolver as disciplinas nessas salas ambientes, as alunas de pedagogia começaram a ter pela primeira vez contato com informática. Algumas nem tinham... (...) foi uma iniciação entendeu? Algumas nem conheciam. Era um momento que estava começando a entrar com mais força, a internet, na faculdade. (Ex - Monitor do PROIN e atual professor do curso de Pedagogia)

Para que os alunos pudessem desenvolver trabalhos nas salas especiais, os professores das disciplinas envolvidas com o projeto deveriam apresentar planos específicos e próprios, articulando a teoria com a prática. Contavam com a assessoria técnica de bolsistas (geralmente, eram alunos da pós-graduação que possuíam algumas habilidades em informática e que socializavam entre si os conhecimentos que possuíam). Os bolsistas auxiliavam tanto na parte de planejamento quanto no suporte técnico. Forneciam, também, apoio tecnológico sobre a organização e a utilização dos equipamentos , orientavam o professor acerca de como desenvolver aquele “conteúdo” ou atividade relacionada à disciplina, além de indicar que tipo de tecnologia poderia ser utilizado para potencializar o processo de construção de conhecimento nos alunos.

As salas também eram utilizadas pelos alunos para a produção de textos e pesquisas na internet. No final de cada semestre, os textos produzidos eram publicados na

Revista “Cadernos de Texto Trabalho e Educação em perspectiva”, que surge, nesse momento, como produto do projeto. Vale salientar que essa revista ainda é produzida, porém em versão digital, e possui a coordenação do NETE.

Com relação ao conteúdo, esse caderno continha os melhores artigos selecionados dentre o conjunto apresentado para cada disciplina participante do projeto. Isso possibilitava a melhoria da qualidade dos textos produzidos pelos alunos para as disciplinas, incentivava a criatividade discente e valorizava a produção acadêmica dos alunos. Atualmente, trata-se de uma revista eletrônica publicada semestralmente, cujo título é Trabalho e Educação em Perspectiva, que estimula seus alunos, por meio dos professores que integram o NETE, a participarem do processo de seleção dos artigos.

A Revista Trabalho e Educação, criada em 1996, também surge a partir desse projeto e, nos dias atuais, tem seus volumes publicados quadrimestralmente como fonte de divulgação de pesquisas e trabalhos produzidos nas áreas de Educação e Trabalho. Favorece o intercâmbio entre diversos pesquisadores desse eixo temático em âmbito nacional e internacional, já que seus volumes também podem ser acessados virtualmente.

Outro fruto colhido pelo projeto foi a articulação entre as áreas de graduação e de pós- graduação, mediante a consolidação de equipes orientadas para produtos específicos. Um grupo foi composto por docentes e discentes do mestrado e do doutorado. O outro possuía docentes e discentes da graduação.

Os dois grupos eram coordenados pelo NETE. As atividades realizadas nas salas ambientes possibilitaram, também, discussões organizadas pela equipe técnica sobre o papel do pedagogo frente às tecnologias. Segundo o ex-monitor do Proin, “quando o professor levava a turma, já era tudo organizado, a primeira vez que a turma estava presente, a equipe técnica falava da importância das tecnologias na formação deles”.

Além disso, o projeto viabilizou aos estudantes experiências de entrevistas, gravação e edição de imagens. Embora sejam procedimentos pouco utilizados nos cursos de graduação, são importantes na preparação para o enfrentamento das mudanças tecnológicas no mundo do trabalho e, por isso, deveriam ser incorporados à formação

profissional desses estudantes.

Com base nessas constatações, foi possível perceber, de modo geral, a importância e grande utilidade desse projeto para os alunos do curso. Sendo assim, é válido destacar, a partir de agora, quais foram os impasses para a sua continuidade dentro da instituição.

Segundo o membro da equipe entrevistado, dois grandes motivos contribuíram para a interrupção do projeto. Um deles foi o lado prático do financiamento, conforme esclarece abaixo:

(...) era um financiamento da Capes, por um tempo, o dinheiro foi todo gasto. Durante o tempo vigente... depois que a verba do projeto terminou as salas ainda continuaram por dois anos. Mas aí você não tem mais financiamento novo. Depende de recursos. Foi acabando até em função dos equipamentos, os equipamentos hoje têm mais de dez anos. Assim, não se teve mais recurso, não se desenvolveu outros projetos pra dar continuidade. (Ex-monitor do Proin e atual professor do curso de Pedagogia)

O segundo motivo que contribuiu para o encerramento do Projeto foi o vínculo direto com os alunos da pós-graduação, que eram os monitores responsáveis pelo funcionamento das salas ambientes. A maioria dos alunos de mestrado, por exemplo, terminava suas dissertações e buscavam outras pesquisas fora da instituição. Os professores também foram mudando suas linhas de pesquisa e a equipe, aos poucos, foi se diluindo. Além disso, a falta de verbas e profissionais para a manutenção dos equipamentos dificultou a continuidade de projeto, que vigorou durante 07 anos na FaE.