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3 Estudo do mercado hoteleiro de Lisboa

4.6 Modelo financeiro (instrumento de observação)

4.6.2 Projeção de proveitos

• Evolução do mercado

Nos seus modelos preditivos para o crescimento do turismo, a OMT (Organização Mundial do Turismo) utiliza duas variáveis essenciais: o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), pelo seu impacto nas disponibilidades dos viajantes e na potenciação do turismo de negócios, e o custo dos transportes, aéreos e de superfície (OMT, 2011). Para além destes factores, a OMT incorpora ainda factores excecionais, como os choques externos que constituíram os atentados do 11 de Setembro de 2001. Importa contudo referir que, segundo a OMT, a importância do crescimento económico é superior à do custo de transporte. O custo de transporte afecta sobretudo a escolha do destino, e não tanto a decisão de viajar (OMT, 2011).

Dada a sua consistência e longo histórico, bem como menor susceptibilidade a factores como as variações cambiais e a inflação, a OMT faz incidir as suas previsões sobre o número de chegadas internacionais, enquanto indicador da procura turística. Uma observação da evolução do turismo nos últimos anos comprova a forte correlação existente entre a variação deste indicador e a das receitas geradas pelo turismo (OMT, 2016).

No seu relatório "Tourism Towards 2030", a OMT previu para a região Europa do Sul e Mediterrâneo (na qual Portugal se insere) um crescimento médio anual do número de chegadas internacionais de turistas de 2,6% até 2020, e de 1,9% nos anos subsequentes (OMT, 2011). Nos últimos anos, este valor tem no entanto vindo a ser superado, apesar de um crescimento económico inferior ao previsto, particularmente nos países do Sul da Europa. De acordo com dados do Eurostat, nos últimos 3 anos o crescimento médio de países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia situou-se abaixo de 1% (Eurostat, 2016). Não obstante, nesse mesmo período, as chegadas na região aumentaram em média quase 5,8% ao ano, e as receitas com turismo 5,3% a preços constantes (OMT, 2016). Para esta performance terão contribuído decisivamente a evolução do preço do petróleo, variações nas taxas de câmbio e crescentes preocupações com a segurança (OMT, 2016). Em Outubro de 2011, o preço do

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barril de petróleo estava em torno dos US$80, e 5 anos depois rondava os US$50 (Bloomberg, 2016). Face ao dólar, o euro passou de uma taxa de câmbio de cerca de 1,4, em Outubro de 2011, para cerca de 1,1, no mês homólogo de 2016 (Bloomberg, 2016). A continuada instabilidade política e insegurança no Norte de África, têm comprometido, por seu turno, o crescimento turístico desta região em favor da Europa.

A projeção do valor total dos proveitos dos hotéis da cidade foi realizada fazendo convergir de forma mais ou menos linear, ao longo do horizonte de 5 anos, o crescimento do mercado de Lisboa com o crescimento previsto pela OMT para as chegadas internacionais na região da Europa do Sul e Mediterrânica. A projeção do número de dormidas seguiu a mesma lógica. Este cenário corresponde a um cenário de gradual amadurecimento do mercado hoteleiro de Lisboa, que nos últimos anos cresceu a um ritmo superior ao da região em que se insere. • Preço Médio por Quarto (PMQ)

Os preços médios utilizados no modelo têm por base os preços médios apurados num levantamento efectuado através site Booking.com.

Foi recolhida uma amostra de preços para todos os hotéis boutique identificados na análise do segmento (Anexo 8.1), no período de Fevereiro a Dezembro de 2017. Para cada mês recolheram-se os preços mínimos para 7 noites (2ª a Domingo), numa única semana ou em semanas alternadas, em dias escolhidos aleatoriamente. Dada a semelhança entre os dois meses, assumiu-se que os preços de Janeiro seriam idênticos aos de Fevereiro.

Como é evidente, esta amostra comporta algumas limitações: cobre apenas 70 dias do ano, regista os preços mínimos oferecidos para os quartos disponíveis ou postos à disposição deste canal de vendas, e refere-se a noites à venda (e não necessariamente vendidas). Ainda assim estes dados possuem a relevância de serem preços de mercado efetivamente praticados no momento em que a amostra foi recolhida. A análise da amostra confirma múltiplas características enunciadas seguidamente, a propósito de aspectos como a sazonalidade ou o "prémio" praticado pelos hotéis boutique.

Para o horizonte projetado de 2018 a 2022, procedeu-se a uma atualização destes preços com base na evolução de um índice calculado a partir da evolução prevista dos proveitos totais dos hotéis e do número projetado de dormidas em hotéis.

• Ocupação

No que diz respeito à ocupação, consideraram-se como base os valores médios de ocupação publicados no "Observatório do Turismo de Lisboa" da ATL para a cidade de Lisboa. A amostra da ATL é composta por hotéis de 3, 4 e 5 estrelas, e representava no final de 2016 cerca de 77% dos hotéis da cidade (ATL, 2016).

Estes valores foram ajustados ao longo do período de projeções de acordo com a evolução de uma taxa de ocupação média global da cidade, calculada com base na evolução estimada do número de dormidas na cidade e na capacidade (noites/cama) prevista. Para este efeito fez-se

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convergir, como já referido, o crescimento do número de dormidas com o crescimento do número de chegadas previsto pela OMT para a região da Europa do Sul e Mediterrânica. A evolução da capacidade instalada foi prevista com base nas aberturas de hotéis previstas pela ATL para 2017, e a partir daí novamente numa aproximação gradual do crescimento do número de quartos ao das chegadas internacionais.

Assumiu-se que a abertura ao público ocorreria no início do segundo trimestre do segundo ano (2019).

Assumiu-se depois que nos primeiros 3 meses após a abertura, o hotel teria uma ocupação de apenas 50% da ocupação normal, e nos segundos de 75%. No último trimestre o hotel seria já capaz de obter uma ocupação normal de acordo com os critérios estipulados neste estudo.

• Proveitos de alojamento versus F&B (restauração)

Considerou-se que o pequeno almoço se encontra incluído no PMQ, e que corresponde a 15% do preço total (cerca de 20 a 30 euros, sem IVA). Para além destes proveitos, considerou-se um consumo médio de room service de 15 euros (com IVA) para 15% dos hóspedes (assumindo uma taxa de ocupação dupla de 90%).

Não se consideraram outros proveitos de F&B.

• Outros rendimentos e ganhos

Os outros rendimentos e ganhos foram estimados com base na mesma proporção das vendas e prestações de serviços das empresas de uma amostra de empresas do CAE 55111 descrita no ponto seguinte (cerca de 3%).

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