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Projecções da População Residente 2000 a 2050: Metodologia e Hipóteses utilizadas

4.3. Análise das Fontes de Informação

4.3.2. Projecções da População Residente 2000 a 2050: Metodologia e Hipóteses utilizadas

Hipóteses utilizadas (INE, Projecções da População Residente, 2003)

Na construção das projecções foi adoptado o método das componentes. Este método, ao considerar as diferentes componentes da dinâmica populacional, permite uma análise prospectiva de cada uma das variáveis, através de cenários que incorporam não apenas os determinismos do passado, como também parâmetros possíveis de evolução.

Sendo cada um dos cenários um jogo de hipóteses coerente, e dado que as hipóteses delineadas para cada componente são claramente explicitadas, este método possibilita a análise de evoluções alternativas para cada componente, assumindo tendências que podem ser distintas no que se refere à mortalidade, fecundidade e migrações, bem como a observação dos seus impactos, por forma a reduzir a incerteza naturalmente associada aos cálculos envolvidos. Os resultados são assim sempre condicionais, dependendo da especificação dos parâmetros estabelecidos para cada cenário.

O método das componentes baseia-se na equação de concordância da demografia:

Pt+1= Pt+Nt+1-Ot+1+I t+1-E t+1

Grosso modo, os efectivos populacionais do ano t+1 (Pt+1) são obtidos a partir dos efectivos do ano t (Pt) a que se adiciona o saldo natural, resultante da diferença entre os nados vivos (Nt+1) e os óbitos (Ot+1) ocorridos durante o ano t+1, e o saldo migratório, resultado da

diferença entre imigrantes (It+1)) e emigrantes (Et+1) durante o ano t+1. Ou seja, SNt+1= N t+1-

O t+1 e SM t+1=I t +1-E t+1, A equação pode ser rescrita como

Pt+1= Pt+SNt+1+SM t+1

Esta equação foi aplicada para cada sexo e idade em separado.

Adoptou-se como população de partida a população residente estimada para final do ano 2000, efectuando-se o recuo demográfico da população em 12 de Março de 2001, momento censitário (com base nos resultados definitivos dos Censos 2001, ajustados das respectivas

taxas de cobertura), para 31 de Dezembro de 2000, repartida posteriormente por sexos e idades ano a ano (Px,t) de acordo com a estrutura censitária, sendo:

Px,t= PHx,t+ PMx,t

Px,t = População total, com x anos completos, no ano t

PHx,t = População masculina, com x anos completos, no ano t

PMx,t = População feminina, com x anos completos, no ano t

4.3.2.1. Pressupostos

A execução das projecções implicou o estabelecimento de hipóteses para cada uma das componentes demográficas, delineando cenários não improváveis, cujos resultados são sempre condicionais. Assim, as hipóteses incorporadas nas projecções assentam nas seguintes tendências globais:

- Ligeira recuperação do Índice Sintético de Fecundidade até 2050, ainda que com valores abaixo do limiar de substituição das gerações;

- Aumento gradual da esperança de vida à nascença para valores próximos dos 85 anos para as mulheres e dos 79 para os homens, até 2050;

- Manutenção de saldos migratórios positivos, ainda que com valores moderados. 4.3.2.2. Hipóteses utilizadas

Se a análise da natalidade e fecundidade pode assentar em indicadores como a Taxa Bruta de Natalidade ou a Taxa de Fecundidade por idades ou grupos de idade, uma compreensão mais abrangente pode ser estabelecida ao recorrer ao Índice Sintético de Fecundidade (ISF), o qual reflecte o número de crianças que, em média, cada mulher terá durante a idade fecunda (15-49 anos de idade).

O que traduz cada um destes indicadores?

a) A Taxa Bruta de Natalidade corresponde ao número de nados vivos ocorrido durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média desse período (habitualmente expressa em número de nados vivos por 1000 (10^3) habitantes).

A sua fórmula de cálculo pode ser expressa da seguinte forma: TBN = [NV(0,t) / [(P(0) + P(t)) / 2]] * 10^n Sendo que:

P(0) - População no momento 0; P(t) - População no momento t.

Esta taxa mede assim, em termos relativos a contribuição dos nascimentos para o crescimento populacional. Torna-se, porém, evidente que é altamente influenciada pela distribuição etária e por sexos da população. Logicamente, uma população envelhecida e maioritariamente composta por indivíduos do sexo masculino originará necessariamente uma taxa bruta de natalidade inferior à de uma população jovem e com maior equilíbrio entre os sexos.

b) A Taxa de Fecundidade Geral corresponde ao número de nados vivos observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao efectivo médio de mulheres em idade fértil (entre os 15 e os 49 anos) desse período (habitualmente expressa em número de nados vivos por 1000 (10^3) mulheres em idade fértil).

Ou seja, em vez da taxa bruta de natalidade, o comportamento de uma população nesta matéria é muitas vezes analisado confrontando o número de nados-vivos com o nº de pessoas capazes de gerar um bebé, ou seja: com o nº de mulheres em idade fértil. A sua fórmula de cálculo pode ser expressa da seguinte forma:

TFG = [NV(0,t) / PMm(15,49)] * 10^n ; Sendo que:

NV (0,t) - Nados vivos entre os momentos 0 e t;

PMm (15,49) - População média de mulheres entre os 15 e os 49 anos.

c) O Índice Sintético de Fecundidade (ISF) corresponde ao número médio de crianças vivas nascidas por mulher em idade fértil (dos 15 aos 49 anos de idade), admitindo que as mulheres estariam submetidas às taxas de fecundidade observadas no momento. E assim o valor resultante da soma das taxas de fecundidade por idades, ano a ano ou grupos quinquenais, entre os 15 e os 49 anos, observadas num determinado período (habitualmente um ano civil).

De forma mais detalhada, o ISF é uma medida calculada em transversal, o que quer dizer, calculada num determinado momento no tempo, normalmente num ano civil e

que mede o número de filhos que, em média, uma mulher deixa na população, se mantiver ao longo de toda a sua vida fértil um comportamento idêntico ao registado nesse mesmo ano civil no conjunto de mulheres existentes na população, com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos e que, naturalmente, pertencem a diferentes gerações. Trata-se, portanto, de imaginar uma geração fictícia, que teria atingido os 15 anos no ano de observação e que ao longo do tempo observaria uma fecundidade análoga à verificada nesse preciso ano civil.

Convém referir que o valor mínimo do índice sintético de fecundidade que permite assegurar a substituição das gerações é igual a 2,1, no caso de um perfil de mortalidade caracterizado por uma esperança de vida elevada.

Justifica-se desta forma, pelo conceito que lhe esta associado, a opção pelo ISF como o indicador chave para a projecção da fecundidade.

Para o estabelecimento das hipóteses subjacentes às projecções da fecundidade foi analisada a tendência observada em Portugal (recorrendo às estatísticas vitais desde a década de 40), incidindo particularmente em anos mais recentes (1960-2000), assim como à análise dos valores observados em outros países da Europa.

Portugal é actualmente um país de baixa fecundidade, registando desde 1982 valores do ISF inferiores ao nível necessário para assegurar a substituição das gerações, tendo decrescido das 3,2 crianças por mulher observadas em 1960 para as 1,4 crianças por mulher em 1995, ano a partir do qual se registou um ligeiro acréscimo, rondando as 1,5 em 2000, embora tenha voltado a diminuir após essa data. No ano de 2006 foi de 1,36.

Para além do declínio da fecundidade, verificou-se também uma mudança de comportamento face ao seu calendário, perspectiva de análise que se reveste de grande importância, dado que o adiamento da parentalidade se reflecte nas taxas de fecundidade por idades, com implicações evidentes na dimensão das famílias em diferentes momentos.

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