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Projecto de intervenção para o desenvolvimento da leitura extensiva silenciosa

Parte II – Investigação Empírica

3.7 Projecto de intervenção para o desenvolvimento da leitura extensiva silenciosa

De acordo com o programa curricular de Língua Portuguesa do 1º ciclo é necessário que “na sala de aula surjam múltiplas ocasiões de convívio com a escrita e com a leitura e se criem situações e projectos diversificados que integrem, funcionalmente, as produções das crianças em circuitos comunicativos” (DEB, 2005, p.146).

Baseado nessa necessidade e de acordo com o princípio de que “para aprender a escrever e a ler é preciso não só escrever e ler muito, mas, principalmente, é preciso que a prática da escrita e da leitura esteja associada a situações de prazer e de reforço da autoconfiança” (Ibidem) elaborámos um projecto de investigação, abordando a temática da leitura, seu desenvolvimento e promoção, em alunos do 3º ano de escolaridade, do 1º ciclo do Ensino Básico.

A nossa investigação desenrolou-se num contexto natural – a sala de aula – embora tenha envolvido controlo do sujeito investigador sobre esse contexto, na medida em que introduziu uma variável dependente – uma actividade pedagógica – e se realizaram os seus efeitos sobre um grupo de variáveis independentes relacionadas com o desenvolvimento da aprendizagem nos alunos e os gostos e hábitos a leitura.

Como já foi referido, o projecto desenvolveu-se em duas turmas de 3º ano de escolaridade, de duas escolas diferentes mas pertencentes ao mesmo Agrupamento de Escolas. (cf. 3.5). A turma da Escola A constitui a turma de controlo pelo que a turma da Escola B será a turma experimental, onde foi desenvolvido o projecto de investigação.

Por conseguinte, e antes da implementação do projecto foi entregue, ao Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento, um pedido, por escrito, de autorização para a realização de um projecto relacionado com a leitura a desenvolver em duas das escolas pertencentes a este agrupamento. Optou-se por não se anexar o pedido escrito entregue ao Conselho Executivo do Agrupamento das Escolas por este mencionar o nome das escolas envolvidas e do próprio agrupamento, salvaguardando, desta forma, o anonimato dos intervenientes do estudo.

Esse pedido foi levado a conselho pedagógico e foi aceite. Assim, após a comunicação da aceitação do pedido, foram entregues os pedidos, por escrito, de colaboração, às professoras das turmas do 3º ano, das escolas escolhidas, tendo sido anteriormente informadas do possível projecto a desenvolver, atestando a sua disponibilidade e vontade de colaborar. É, ainda de referir que foi solicitada a colaboração de outras professoras titulares de 3º ano, das várias escolas pertencentes ao agrupamento, que não mostraram disponibilidade em colaborar. Pediram-se aos encarregados de educação as autorizações assinadas (ver anexo 2 - consentimento informado) para que os seus educandos pudessem participar no nosso estudo.

Aceites os pedidos, procedeu-se à explicação, mais detalhada do projecto, de forma separada, às professoras das turmas envolventes no estudo, sendo a turma da escola A, a turma de controlo e a turma da escola B, a turma experimental, na qual se implementou o projecto de leitura.

Antes do primeiro encontro com a turma experimental, realizaram-se duas reuniões com a professora dessa turma.

A primeira reunião consistiu em dar à professora algumas informações sobre o projecto a implementar.

Deste modo, a segunda reunião serviu para confirmar a participação de todos os alunos, de acordo com a autorização assinada dos encarregados de educação, no nosso projecto. Nesta reunião, entregou-se, ainda, um dossier com informação relacionada com o tipo de estudo que estávamos a realizar, os nossos objectivos bem como os conceitos a desenvolver com os alunos. Esse dossier deveria ficar exposto, até ao fim do projecto, na sala de aula, de fácil acesso, quer pela professora quer pelos alunos, sendo actualizado, a nível de informação que se considerasse necessária e relevante. Foi também explicado

todo o procedimento do nosso projecto, contribuindo assim para a formação da professora colaboradora.

Conforme orientações nossas, a professora da turma experimental, numa situação de sala de aula explicou, de forma mais sucinta e com uma linguagem adaptada ao nível dos alunos, a informação relacionada com o projecto a desenvolver, indicando-lhes que haveria um dossier de informação sempre presente na sala de aula, o qual eles poderiam consultar. Esta aula formativa foi desenvolvida depois de terem sido aplicados os questionários pré teste e de ter sido elaborada a composição: “O que eu gosto de ler”, que também suportava a mesma função de pré teste.

Desta forma, num primeiro encontro com a turma experimental, aquando a aplicação dos questionários, os alunos já possuíam uma noção do que seriam os objectivos do projecto bem como tinham clarificados os conceitos a ele subjacente, nomeadamente, sobre a leitura extensiva, de forma silenciosa. Assim, e após uma reflexão com os alunos sobre a leitura e seus hábitos e gostos de leitura, passou – se à explicação dos procedimentos do projecto: Clube da Leitura Silenciosa”.

O Clube da Leitura Silenciosa foi constituído por todos os alunos pertencentes da turma experimental, com a sua concordância e vontade. Assim, e antes da implementação do projecto propriamente dito, os alunos elaboraram um documento, onde ficaram escritas as regras do Clube da Leitura Silenciosa. (ver anexo 3) Estas regras, elaboradas por todos os alunos, com a nossa colaboração, foram transcritas para uma cartaz que foi afixado, num canto da sala onde estava uma caixa e uma estante preparadas para acolher os livros que seriam utilizados neste projecto. Cada aluno tinha que levar, pelo menos um livro, pelo que muitos trouxeram dois ou mais livros para o nosso clube. Outros livros foram ainda levados por nós, que foram colocados na referida caixa que foi, por eles, apelidada de caixa do tesouro (o tesouro constituído por livros).

Estipuladas as regras do Clube da Leitura Silenciosa, foram entregues os cartões de associados do clube (ver anexo 5) e dadas as indicações relacionadas com o mesmo. Foi explicado que, por razões de anonimato, seria atribuído a cada aluno um número de leitor, pelo que deveriam memorizá-lo e

ainda, um separador de livros com o lema do clube: “Para melhor entenderes, em silêncio deves ler” (ver em anexo 6)

Para requisitar um livro, era necessário preencher a folha de requisição (ver anexo 7), tendo sido explicada o seu modo de preenchimento.

Era entregue, em simultâneo, um formulário sobre o livro requisitado, que os alunos deveriam preencher e entregar na altura da devolução do livro. Esse formulário (anexo 8) foi lido em voz alta por nós e foram dadas algumas explicações sobre como deveriam obter alguns dos dados pedidos, principalmente a nível de dados de bibliografia, isto é, por exemplo os autores, a data da edição, a editora, entre outros dados.

Depois de dadas todas as explicações, e tendo todos os alunos requisitados os livros por eles escolhidos passava-se ao desenvolvimento da actividade da leitura. Assim, em total silêncio, os alunos mergulhavam os seus olhares em livros na ânsia de procurar divertimento, novidade e magia.

Iremos proceder a uma breve explicação sobre estes formulários que, não constituindo instrumento de recolha de dados “oficial” não deixa de nos fornecer algumas informações importantes sobre os leitores, seus gostos e hábitos que, são aliás, parte da problemática em estudo. Deste modo, pretendemos apresentar, mais adiante, as informações que nos parecerem mais relevantes, numa perspectiva de complementar as nossas ideias e conclusões (cf. Conclusões).

Numa primeira parte do formulário, designada por “identificação do Livro”, é pedido ao aluno que identifique certos dados do livro escolhido como por exemplo: nome do livro, autores, n.º de páginas, local de edição, editora, tipo de livro. Esta parte permite ao aluno manusear o livro, procurando informações relacionadas com a identificação do próprio livro, dados necessários para uma referência bibliográfica.

Após a parte da identificação do livro, iniciam-se as questões. Estas questões estão divididas em vários temas relacionados com a leitura. Assim, da questão 1 até à questão 5, abordam-se questões de carácter de gosto pessoal em relação ao livro requisitado. As questões 5 e 6 têm como principal objectivo saber se os leitores leram realmente o livro. Assim, a questão 7 até à questão 9 é abordado o tema dos hábitos de leitura, pelo que as questões 10 e 11 prendem-se com as estratégias utilizadas pelo leitor face a possíveis

dificuldades encontradas na leitura do livro. A questão 12, mostra-nos se o aluno adquiriu algum tipo de aprendizagem. A última questão é um espaço para a expressão da opinião ou ideias do leitor.

O nosso projecto foi implementado durante parte do ano lectivo de 2004 /2005. Assim, as sessões do Clube da Leitura Silenciosa iniciaram a 17 de Março e terminaram a 24 de Junho de 2005. Eram desenvolvidas todas as sextas-feiras, excepto no dia 18 de Março, por ser o último dia antes das férias lectivas da Páscoa antecipando para o dia 17 de Março, no dia 10 de Junho, que por ser feriado também foi antecipado para o dia 9 de Junho e no dia 25 de Junho que por ser o último dia de aulas do ano lectivo foi antecipado para o dia 24 de Junho. Foram realizadas 13 sessões que ocorreram entre as 14h e as 15h. A professora titular da turma esteve sempre presente e interveio sempre que assim se justificou.

Iremos apresentar de uma forma sucinta a descrição de cada sessão realizada.

3.7.1 SESSÕES DO “CLUBE DA LEITURA SILENCIOSA”

Sessão n.º 1

Data: 17/03/2005 Hora: 14h – 15h N.º de alunos: 15 Faltas: 0