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166 Projetada para um executivo da área financeira, uma designer e um

No documento Gallano Ciampaglia. Razões de uma arquitetura (páginas 167-173)

131 RUCHTI, Construtivismo, In revista Clima,

166 Projetada para um executivo da área financeira, uma designer e um

casal de filhos, a casa dos Telhados (Gianpaolo Baglioni) é uma referência poética à Florença, cidade natal do proprietário, associada a uma nítida reflexão da tradição brasileira.

No projeto, a funcionalidade desenhada a partir de múltiplas articulações é transferida para a cobertura de diferentes telhados justapostos. O refinamento das rotações de 30°, 45°, 60° e 135° ao longo do eixo longitudinal, dissipa a configuração do lote estreito através dos diferentes vazios reservados a pátios laterais. Ferramentas da gramática wrightiana são identificadas nos eixos compositivos não coincidentes com o do movimento, no acesso perimetral e ocluso, e na composição centrífuga que tem a lareira como núcleo do ambiente familiar vazado. A um só tempo o espaço fluído e contínuo que resulta da independência tridimensional de cada ambiente oferece privacidade e explora diferentes ângulos de visão.

A predileção de Galiano Ciampaglia pelos detalhes em madeira é explorada na associação “função – ambientação” nos pendurais das plataformas propostas para reduzir o pé direito no espaço familiar e nos travamentos da sala de jantar.

A casa é habitada pelos clientes desde 1975. Recentemente, um studio foi incorporado ao piso originalmente reservado ao apartamento de funcionários. Em 2010, foi realizado um ensaio restrito a detalhes.

1972. CASA DOS TELHADOS. IAMPAGLIA GALIANO C

VOLUMETRIA ORIGINAL, 2003 ARQUIVO GC

1972. CASA DOS TELHADOS GALIANO CIAMPAGLIA DE CIMA PARA BAIXO: TÉRREO COBERTURA ARQUIVO GC

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DETALHE PENDURAL (PINTURA DO FORRO APLICADA EM 2005) 1972. CASA DOS TELHADOS

GALIANO CIAMPAGLIA ENSAIO NELSON KOHN, 2010

DETALHE DOS FORROS E PLATAFORMAS DE MADEIRA ARQUIVO GC

SALA DE JANTAR

DE CIMA PARA BAIXO: ESTAR-TERRAÇO ESTAR-JANTAR (PINTURA NO FORRO APLICADA EM 2005) ENSAIO NELSON KOHN, 2010 ARQUIVO GC

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Conexão Frank Lloyd Wright

Uma concepção tod nova entrou na mente do arquiteto e na vida dos

homens. Instintivamente a intui sozinho: quando comecei a construir a tendo fixa na mente não sabia nada de Lao-Tse que li muito mais tarde e por acaso. Um dia voltando do jardim onde estive trabalhando, me dediquei a ler um livrinho que o embaixador do Japão nos Estados Unidos me havia mandado, e lendo... lendo encontrei a idéia da arquitetura que vos expus,

aquela mesma que havia em mente e a qual tenho tido fé ho:

“a realidade de uma construção não consiste nas paredes e no teto, mas no espaço compreendido entre eles e onde se vive” 84 [...] Não podia esconder

aquele livro e negar a evidência [...] mais tarde compreendi que no final das contas a minha idéia não derivava daquela de Lao-Tse, era qualquer coisa mais profunda que sobrevive ao mundo, um conceito eterno, universal, que permanece e permanecerá para sempre. Comecei então a pensar que deveria estar orgulhoso de ter tido a milésima intuição de Lao-Tse e de ter procurado dar-lhe uma forma tangível. Não deveria sentir-me humilhado.

Frank Lloyd Wright (conferências de Londres)

De 1937, quando propôs uma volumetria assimétrica na aldeia de pescadores, a 197 a casa dos Telhados de múltiplas rotações, a obra de Galiano Ciampaglia como um todo, sugere o arquiteto ter transitado pela arquitetura moderna com a coerência de quem conceituou bases ra o exercício da profissão e a propriedade de quem busca uma identidade própria. Da mesma forma o fizeram no período compartilhado, Galiano Ciampaglia e Miguel Forte, quando as necessárias concessões de um em relação ao outro, aflorariam nos autores independentes.

Permeadas por referências wrightianas, as casas Forte & Ciampaglia tem origem na organização funcional. Através de critérios de transparência, os interiores se integram aos pátios e jardins como extensões do convívio social. À exceção do complexo programa da casa Enzo Segre (1952), a funcionalidade é distribuída em dois pavimentos. Todavia, a experiência do desmembramento da área de estar e da sala de jantar, em diferentes pisos, proposto na casa Luis Forte (1952) não foi eficaz se considerarmos a transferência do centro da vida familiar para onde as a

matriarca 85, assim o exigiam. Diante dos paradigmas domésticos

nenhuma das casas chegou a se constituir

aragem frontal, introduzida na casa Renato Grazzini (1948), retorna

a

no meu trabal

2, n

pa

tividades sob o comando da , em bloco único. A g

ao fundo do lote, na casa Domingos Cacace (1952). Da mesma forma mantiveram-se desvinculadas do corpo principal, as edículas.

s articuladas. Três exemplare

a incorporação da edícula 86. Não há paralelo entre duas

emontam a Louis Sullivan são propostas numa chave moderna. É o caso da casa do Balcão frente

Como linguagem, à exceção da casa R. Grazzini, articulada em 60°, o conjunto da obra é caracterizado por constantes, como adequações formais, volumetrias contidas sob um único telhado, beirais fartos, terraços e pérgolas, além da reprodução de experiências que haviam dado certo. A integração com a cidade oscila da exposição da casa S. Fileppo (1943) à opacidade da casa R. Grazzini (1948), para retornar à exposição da casa L. Forte em contraponto à oclusão da casa D. Cacace, ambas projetadas em 1952.

Da mesma forma, nas casas Galiano Ciampaglia, através de critérios de transparência, os interiores se integram aos pátios e jardins como extensões do convívio social. Todavia, em contraponto à fase anterior, desenha-se um repertório de volumetrias térreas alternadas por outras de um ou mais pavimentos associados e cobertura

s são propostos em bloco único a partir d

residências. Os materiais e os detalhes são distintos e específicos, caso a caso. Mantida a origem na organização funcional, paulatinamente, as plantas se expandem em diferentes direções. São introduzidas as cores e explorados os ângulos fazendo as pessoas compreenderem o quanto é agradável o percurso que deles resulta. É uma fase onde “a união da representação com a função” 87 se

intensifica. Através de lajes inclinadas, a ambientação é explorada através das fontes de luz que procedem dos oitões, agora vazados. Releituras de Frank Lloyd Wright que r

à Crane Bradley House, projetada pelo Leiber Meister, em 1907.

ULLIVAN. CASABELLA N. 204, 1954, P. 29/ ACERVO GC PAGLIA. ENSAIO N. KOHN, 2010. ACERVO GC

(E) 1907. CRANE BRADLEY HOUSE. LOUIS S (D) 1962. CASA DO BALCÃO. GALIANO CIAM

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No documento Gallano Ciampaglia. Razões de uma arquitetura (páginas 167-173)