• Nenhum resultado encontrado

ANEXO III – Mapas plano diretor municipal de Tubarão

07) Projeto de recuperação das ribeiras do Rio Gállego:

O Rio Gállego é o curso fluvial mais importante que percorre a cidade de Zuera, na Espanha, assim como outras localidades que se espraiam ao longo de suas margens férteis, dando continuidade ao esquema de transporte e comunicação implantado pelos romanos. Durante muito tempo seu vale foi considerado como lugar de passagem onde se estabeleceram pontos intermediários para o descanso e o alívio dos animais.

Algumas transformações têm acometido o curso do Rio Gállego em seu trecho por Zuera, acarretando alterações em sua dinâmica hidráulica, como por exemplo, a redução paulatina do leito fluvial, o desaparecimento de algumas ilhas e os consequentes problemas de erosão gerados pelos impacto do rio contra a margen urbana.

O problema de segurança física do solo urbano atacado perpendicularmente pelo curso do rio, principalmente em períodos de grandes volumes d’água, foi um dos motivos que desencadeou a proposta

de recuperação de suas margens, especialmente em seu trecho urbano. Somando-se à isso, a intervenção buscou atender ao desejo da população por uma praça permanente para touradas e recuperar a conexão entre a cidade e o leito do Rio Gállego.

Dessa forma, o projeto contempla aspectos hidráulicos relacionados à qualidade das águas e a proteção física da área urbana contra erosão, aspectos ecológicos que se dá pela restauração do corredor verde e aborda a questão da gestão urbana com a criação de novas vias, praças de conexão com a cidade, ordenação da nova fachada edificada (já que tradicionalmente a cidade dava as costas para o rio) e incorporação do leito d’água como elemento estrutural da cidade.

Com recursos não muito elevados, o projeto atende as condicionantes elencadas através de intervenções mínimas, integradas com a paisagem e extremamente criativas que resgatam o sentido do lugar e propiciam espaços de usos múltiplos para os habitantes da cidade. A intervenção incorpora as cheias do rio através da construção de níveis diferenciados nos quais estão instalados os respectivos equipamentos do parque e ao longo dos quais estão dispostos os caminhos para pedestres, como trilhas e passarela. A proposta sujeita as atividades culturais que ali são realizadas à vida e à dinâmica do rio e converte um espaço outrora abandonado em um lugar efetivamente público.

Figura 21 – Parque ao longo do Rio Gállego. Fonte: CORSINI (2007). 08) Parque Ecológico do Tietê:

O Rio Tietê é um dos mais importantes para o estado de São Paulo e está estreitamente vinculado a ocupação desse território uma vez que suas várzeas serviram como caminho natural de circulação e que suas margens férteis atraíram pessoas ligadas a lavoura e por ali acabaram fixando moradia. Seu curso atravessa o estado de sudeste a noroeste cruzando a Região Metropolitana de São Paulo onde sofre grandes intervenções urbanas, sendo, por exemplo, estrangulado pela marginal Tietê e Pinheiros, que juntas compõe o principal sistema viário da cidade.

O processo de degradação ambiental e a desconfiguração de sua paisagem iniciou-se na década de 1920 com a construção de barragens para a geração de energia elétrica e se agravou posteriormente com a retificação de seus meandros para a construção de rodovias marginais e como solução para o problema das enchentes. Ainda no início do século XX, décadas de 1920 e 1930, seu curso servia como cenário para práticas de atividades como a pesca, a natação e de regatas e até a década de 1960 seu leito ainda possuía peixes na área central.

Entretanto, com o processo de industrialização no Brasil nas décadas de 1940 a 1970 e o conseqüente crescimento urbano desordenado, a degradação do Tietê aumentou tendo como causas a poluição por resíduos industriais, esgotos domésticos e a ocupação desenfreada em áreas de proteção dos mananciais. Ainda hoje o leito do Tietê encontra-se completamente poluído, caracterizando-se como cenário de mau cheiro, de lixo e de freqüentes inundações, fruto também do aumento inconseqüente da impermeabilização do solo urbano.

Elaborado em 1976 pelo arquiteto Ruy Ohtake e inaugurado em março de 1982 (embora parcialmente), o projeto do Parque Ecológico do Tietê contraria as soluções de engenharia tradicionais de retificação dos cursos d’água e de ocupação de suas margens para a construção de rodovias. Aproveitando-se da proposta de retificação do Tietê como medida de prevenção contra inundações, o projeto propôs o afastamento das vias marginais garantindo assim a sua implantação no espaço existente entre elas. Dessa maneira conseguiria conciliar a questão dos transportes com o aproveitamento das várzeas como reservatórios naturais de água, com a preservação do ecossistema ribeirinho e ao mesmo tempo ofereceria espaços verdes e equipamentos públicos para a população do entorno.

Muito além de uma proposta pontual, o projeto para o Parque Ecológico do Tietê caracterizava-se como uma medida de planejamento que agrupava diversas cidades e entendia o rio Tietê e os seus afluentes como um todo indivisível. Nesse sentido, como proposta complementar ao parque, os fundos de vale adjacentes deveriam ser preservados organizando assim o crescimento da cidade em uma estrutura de espinha de peixe onde a coluna dorsal seria o Parque Ecológico do Tietê. Como a malha da cidade acompanha o curso do rio, o parque, ao longo dos seus 148 quilômetros de extensão e com uma largura média de 800 metros, democratizaria as oportunidades à cultura, ao lazer e às práticas esportivas, tudo isso integrado com espaços verdes e com a água.

Somando-se a isso, a proposta objetivava a implantação em suas margens de uma pista exclusiva dedicada ao transporte de massa, a recuperação das características da fauna e da flora (fazendo do parque um espaço de educação ambiental), a utilização da água como elemento recreativo (o que implicaria em medidas de despoluição) e pretendia desenvolver o lazer como prática e não como consumo.

Além disso, o projeto procurava atender as comunidades mais próximas através da implantação de núcleos comunitários, esportivos e culturais, centros infantis e playgrounds e, numa segunda escala, visava

atender a população de toda a cidade com a construção de um centro cultural, um estádio esportivo, viveiro de mudas e de pássaros, museu, um centro ecológico, entre outros.

Infelizmente, da totalidade da proposta, somente dois núcleos foram implantados, a saber, o núcleo Tamboré, a oeste, e o núcleo Engenheiro Goulart, a leste de São Paulo. Ainda assim, o parque oferece ao público diferentes espaços e atividades, tais como biblioteca, centro de educação ambiental, trilhas para caminhadas, quadras esportivas, campos de futebol, quiosques para churrascos, conjunto aquático com piscinas e balneários, playgrounds, sanitários, vestiários, teatro de arena, anfiteatro, pista de cooper, viveiro de mudas, Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS), o Museu do Tietê, entre outros.

Figura 22 – Parque Ecológico do Tietê, Núcleo Engenheiro Goulart. Fonte: < http://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/6853319.jpg > Acesso em: jun/2011.

Figura 23 – Parque Ecológico do Tietê. À esquerda, Núcleo Engenheiro Goulart e à

direita, Núcleo Tamboré. Fonte: (A) – <

http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/turismo_parques_ecologico-tiete> Acesso em: jun/2011.

(B) – < http://www.ecotiete.org.br/tambore/album/tambore144md.jpg > Acesso em: jun/2011.