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itens 1 e 2 das páginas 148 e 149 deste texto

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.3. PROJETO EXECUTIVO DE OBRAS COMERCIAIS

Para esta pesquisa, projeto executivo da norma NBR 13531(1995) é o mesmo que a fase D – projeto de detalhamento das especialidades do Manual de Escopo de Projetos e Serviços de Arquitetura e Urbanismo – Indústria Imobiliária (2008). Para o referido manual, para a fase D, os serviços a serem realizados se dividem conforme o quadro da figura 18.

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de todos os métodos construtivos e materiais de acabamento de implantação

de todos os ambientes, em todos os pavimentos/unidades dos sistemas de cobertura

de todos os cortes de todas as fachadas de áreas molhadas de escadas e rampas

construtivo/específico (horizontal e vertical)

básico de esquadrias e elementos de ferro, alumínio, madeira e vidro básico de muros de divisa, piscinas e elementos de água

tabela de acabamentos de forros

de pavimentações/piso

de sistemas de impermeabilizações das paredes unidades tipo

dos halls dos pavimentos – tipo e da entrada das áreas sociais e outras

projetos de sinalização e comunicação visual projeto de iluminação / luminotécnica verificação e validação de interferências

OPCIONAIS

elaboração de orçamentos

seleção e tomada de preços de fornecedores

inserção de elementos e sistemas complementares na documentação arquitetônica projetos de produção

verificação e validação dos projetos de produção

elaboração de planilha com as quantidades de materiais e serviços elaboração de editais de concorrência

elaboração de cronograma de obra

SERVIÇOS

elevações internas

memoriais descritivos de especificações de materiais

verificação da compatibilidade de todos os documentos gerados por todas as especialidades e consultorias ESPECÍFICOS solução definitiva detalhamento ESSENCIAIS detalhamento

Figura 18: Serviços essenciais, específicos e opcionais da fase D do Manual de Escopo de Projetos e Serviços de Arquitetura e Urbanismo – Indústria Imobiliária (2008).

Com base nessa definição, lembramos Ulrich e Sacomano (2000) que, uma grande tendência na implementação de programas de garantia da qualidade na construção civil é a valorização da atividade de projeto e o reconhecimento da necessidade de integração entre projeto e execução, já que é durante a etapa de projeto que são estabelecidas todas as características finais do produto / edifício. Também as soluções adotadas no projeto vão definir a eficiência da etapa de execução, através da escolha coerente de metodologias construtivas e detalhamento adequado para eliminar erros e improvisações no canteiro de obras.

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Para Silva e Souza (2003), na fase de desenvolvimento do projeto executivo os vários projetistas trabalham de forma independente, desde que tenham sido asseguradas as condições de troca de informações, dados e definições nas fases anteriores.

Para os mesmos autores, do ponto de vista do contratante, devem ser asseguradas, nesta fase do processo, as definições de formas de apresentação do projeto e detalhamento compatíveis com a tecnologia construtiva da empresa. No entanto, entende-se que este trabalho de definição de padrões construtivos tenha sido desenvolvido anteriormente e estabelecido para todo o processo de projeto.

Segundo Melhado (1994), simultaneamente ao detalhamento do projeto executivo, temos a elaboração dos projetos para produção, que serão utilizados no âmbito das atividades de produção da obra, contendo as definições de disposição e seqüência das atividades de obra e frentes de serviço, uso de equipamentos, arranjo e evolução do canteiro; dentre outros itens vinculados às características e aos recursos próprios da empresa construtora.

Na opinião de Peña (2003), o projeto para produção vem ganhando destaque no mercado de construção civil pelo seu caráter integrador do produto e processo construtivo, pois além de detalhar tecnicamente o produto de forma sistemática, têm a responsabilidade de detalhar todo o processo produtivo e definir indicadores de tolerância e de controle, subsidiando todas as informações de suporte técnico e organizacional da obra, tornando-se assim uma ferramenta de gestão da produção e da qualidade.

A mesma autora lembra que, o projeto para produção tem como finalidade racionalizar a produção, para tanto, uma das características que deve ser levada em consideração com dado inicial para a sua elaboração é o patamar tecnológico da empresa e sua gestão da produção. Para um melhor aproveitamento do projeto de produção ele deverá ser elaborado e voltado à capacidade técnica da empresa e eventualmente ser um canal para a introdução de inovações tecnológicas. O projeto, uma vez adequado à cultura

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da empresa, propicia informações balizadoras do processo de produção, passíveis de serem implantadas.

Para a autora, o projeto para produção deve ocorrer concomitantemente ao desenvolvimento dos demais projetos, sendo introduzido na fase inicial, desta forma é possível otimizar os projetos através da coordenação e compatibilização dos mesmos. No entanto, na maioria das vezes o projeto para produção é solicitado quando os demais projetos já se encontram em uma fase mais adiantada ou concluída e desta forma e seu potencial de racionalização é sensivelmente diminuído. Neste caso é possível através do projeto para produção, apenas identificar as incompatibilidades entre os demais projetos e propor soluções executivas apropriadas ou até mesmo pequenas revisões quando possível.

Para Melhado et al. (2005), um dos objetivos do projeto para produção é fornecer subsídios para a produção, e não deixar, exclusivamente nas mãos de quem produz, as decisões sobre como executar o que foi projetado. Basicamente a proposta do projeto para produção na construção é a mesma verificada na indústria seriada: permitir que os aspectos da produção sejam discutidos desde a concepção do projeto, juntamente com outros aspectos, possibilitando uma maior integração e a busca de melhores soluções para a obra ou parte dela.

Os mesmos autores lembram que, pode-se caracterizar o projeto para produção como um conjunto de elementos de projeto elaborados de forma simultânea ao detalhamento do produto e que traz essencialmente elementos da atividade de produção como disposição e seqüência das atividades, serviço, arranjo e evolução do canteiro de obras. Diferentemente dos chamados projetos do produto, que mostram aspectos do produto final, indicando o que entregar, os projetos para produção objetivam responder a como fazer, a fim de aproximar o projeto do produto das necessidades da produção, conforme o quadro da figura 19.

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PROJETO DO PRODUTO (NÍVEL CONCEPTIVO) PROJETO PARA PRODUÇÃO (NÍVEL PRODUTIVO)

Objetivo

Definir características e dimensões do produto concebido na forma de um registro gráfico-descritivo das especificações técnicas a serem atendidas pelos produtos entregues.

Definir como e com quais recursos deverá ser produzido o produto. Constitui-se em uma ferramenta organizacional de caráter essencial.

Especificações do produto:

Definição dos materiais e componentes a serem empregados. Definições relacionadas ao planejamento e execução, tais como:

- especificações para aquisição e entrega do produto - técnicas e métodos construtivos

- parâmetros de desempenho - soluções para as interfaces

- definição de padrões de qualidade - equipamentos utilizados

- tolerâncias admissíveis para a qualidade - seqüências de execução

- logística de produção

Definição dos parâmetros para a gestão e controle do processo de produção.

Escopo

Figura 19: Quadro de definição e escopo do projeto do produto e do projeto para produção, conforme Melhado et al. (2005).

Na opinião de Melhado (1994), para adequada inserção do projeto no sistema produtivo que gera o edifício, a elaboração daquele deve seguir as diretrizes tecnológicas da empresa e utilizar como critérios de concepção, estudo e seleção de alternativas, os princípios de racionalização e construtibilidade, baseando-se em um conjunto de informações de tecnologia construtiva desenvolvida e sedimentada ao longo da execução de várias obras.

Na figura 20, Melhado (1994) ilustra seu ponto de vista, pressupondo um conjunto de obras e projetos em andamento, um ambiente envolvendo os setores de produção e de projeto, este último podendo ou não estar situado dentro da própria empresa; e a existência de um programa de evolução tecnológica, onde a implementação da racionalização construtiva deve incluir ações simultâneas, porém interligadas, voltadas à organização do processo de projeto e à otimização de técnicas e métodos construtivos. Os resultados devem ser crescentes atingindo o seu máximo a partir da fase em que os primeiros projetos submetidos à racionalização estiverem em execução, fechando o ciclo.

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Figura 20: Implantação da racionalização construtiva em um programa de evolução tecnológica envolvendo a organização do processo de projeto (Melhado, 1994).

No quadro da figura 21 é possível perceber os principais elementos conceituais e relacionamento com a etapa de projeto, para diretrizes de melhoria, como por exemplo, o desenvolvimento de tecnologia construtiva, a racionalização construtiva e a construtibilidade, conforme Melhado (1994).

Principais elementos conceituais Relacionamento com a etapa do projeto

• Pesquisa

• Inovação Tecnológica

• Integração entre as empresas, as universidades e os institutos de pesquisa • Otimização do emprego de recursos • Organização dos setores da empresa • Organização da produção

• Redução de custos e desperdícios • Uso do conhecimento de construção em todas as etapas do empreendimento

• Simplificação e otimização das atividades de execução

Orientação do projeto à execução

Construtibilidade Desenvolvimento

de Tecnologia Construtiva

Introdução de mudanças na metodologia de projeto para viabilização de inovações

Adoção de medidas de racionalização desde as primeiras fases do projeto

Racionalização Construtiva

Figura 21: Principais elementos conceituais e relacionamento com a etapa de projeto para diretrizes de melhoria, conforme Melhado (1994).

Através das referências apresentadas anteriormente gostaríamos de destacar o

projeto executivo, definido nesta pesquisa como:

Projeto destinado à representação final das informações técnicas consolidadas da edificação e seus elementos, sistemas, instalações, componentes, detalhes e especialidades, para a perfeita caracterização da obra a ser realizada, bem como a avaliação dos custos, métodos construtivos, prazos de execução e detalhes necessários de produção.

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A forma de representação do projeto executivo na forma gráfica é através de desenhos, esquemas e detalhes; e na forma escrita, através de especificações técnicas e memoriais que, devem ser suficientes para a perfeita compreensão do mesmo.

O projeto executivo deve conter o projeto do produto que compreende a concepção e o detalhamento do produto edificação através dos projetos de arquitetura, paisagismo, acústica, luminotécnica, geotecnia, estruturas, instalações elétricas, hidráulicas, de comunicação, sistemas de ventilação e ar condicionado, etc.

Entre as referências estudadas, destacamos que o projeto para produção pode eventualmente estar consolidado ao projeto executivo e, portanto, para esta pesquisa, foi definido como:

O conjunto de elementos de projeto elaborado de forma simultânea ao detalhamento do projeto do produto, para utilização no âmbito das atividades de produção da obra, com destaque para seleção tecnológica construtiva, contendo as definições de disposições e seqüência das atividades de obra e frentes de serviço; uso de equipamentos; arranjo e evolução do canteiro; dentre outros itens vinculados às características e recursos próprios da empresa construtora, sendo referencial importante para a gestão da construção.

Através das definições apresentadas sobre projeto executivo e projeto para produção, cabe na seqüência, uma análise sobre a coordenação de projetos de empreendimentos de obras comerciais.

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