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Projeto “Hotel Medea, da meia noite ao amanhecer” 79

the drift project

7. Projeto “Hotel Medea, da meia noite ao amanhecer” 79

O projeto “HOTEL MEDEA da meia-noite ao amanhecer” é uma realização teatral criada pelos grupos Zecora Ura Theatre (RJ/Uk) e Para-Active (Londres) em parceria com o Centro Popular de Conspiração Gargarullo (RJ) e TAPETE Criações Cênicas (MA). O projeto vem sendo construído coletivamente desde 2006 através de várias residências artísticas realizadas pela Europa e pelo Brasil a partir de treinamentos para o corpo do ator, desenvolvidos pelos diretores Persis-Jade Maravala, Urias de Oliveira e Jorge Lopes Ramos. O processo criativo de HOTEL MEDEA tem como objetivo estabelecer o envolvimento direto do público na recriação do mito grego de Medéia pela re-apropriação da tecnologia de comunicação e dos ritos dos Orixás, e com manifestações das tradições populares como o Bumba-boi e o Cavalo Marinho.

Os treinamentos e preparação para Hotel Medea são uma mistura eclética que objetiva permitir o desenvolvimento artístico do artista e a habilidade de se responsabilizar pelo seu próprio processo e prática. Os momentos intensivos de encontro são divididos em 3 etapas, conforme abaixo:

79 Textos extraídos dos projetos do grupo, escritos coletivamente por seus participantes. Mostra do processo do projeto “Hotel Medea – da

meia noite a amanhecer”. Centro Popular de Conspiração Gargarullo. Miguel Pereira/Rj. 17 de setembro de 2007. Foto de Samara Zucoski.

1 - As sessões coordenadas por Persis-Jade Maravala, diretora da Para-Active e colaboradora de Guillermo Gómez-Peña (Pocha Nostra), exploram o ritmo e a forma dinâmica que se vêem aqui (representada) na ação do performer. Seu trabalho objetiva remover inibições e inspirar um forte senso de disciplina mental e físico, permitindo ao performer estar mais disponível e ter mais responsabilidade sobre seu próprio trabalho. Este ano, Persis-Jade foi convidada, juntamente a Ian Morgan e Anna-Helena Mclean, como representantes Britânicos do legado de Grotowski pelo BGP (Projeto Britânico Grotowski).

2 – As sessões com Jorge Lopes Ramos, através dos princípios essenciais do Butoh e da Capoeira Angola, compartilhando com os artistas envolvidos um sólido entendimento do seu próprio potencial corporal e vocal. Além de fundador e diretor da companhia ZECORA URA, Jorge leciona na área de pós- graduação em várias universidades de renome em Londres como a Central School of Speech and Drama e a Rose Bruford College, onde foi artista residente por vários anos. É ele quem assina a direção geral do projeto.

Workshop do projeto “Hotel Medea – da meia

noite a amanhecer”. Platô em Vera Cruz. Miguel Pereira/Rj. Amanhecer de 16 de setembro de 2007. Foto de Samara Zucoski.

3 – Sessões com Urias de Oliveira, ator, diretor e pesquisador brasileiro sediado no Maranhão, num mergulho nos personagens e danças do Bumba meu Boi e em sua relação com os Orixás.

O cruzamento dessas três linhas de trabalho tem como principais objetivos:

• Reavaliar os termos em que a performance é negociada entre atores e espectadores;

Workshop do projeto “Hotel Medea – da meia noite a

amanhecer”. Sede do Lume Teatro. Campinas/Sp. Madrugada 03 de setembro de 2007. Foto de Samara Zucoski.

Workshop do projeto “Hotel Medea – da meia noite a

amanhecer”. Sede do Lume Teatro. Campinas/Sp. Madrugada 03 de setembro de 2007. Foto de Samara Zucoski.

• Realizar as instalações, jornadas e performances solo entre um membro da platéia e um ator, cara a cara, com novos métodos e técnicas;

• Criar e desenvolver um segundo ambiente (virtual), paralelo ao local real da performance, onde há vigilância constante de platéia e atores, absorvendo e transmitindo mídia por tecnologia celular e pela web – criando outras “camadas” para a nossa dramaturgia, e um outro nível de envolvimento com a experiência;

• Desenvolver um processo criativo coletivo e participativo, baseado nas relações de intercâmbio e troca de experiências com artistas das mais diversas regiões.

HOTEL MEDEA é situado entre terras natais e o exílio, suspenso no tempo80, entre a crueldade da noite e a sobriedade do dia. Escolhendo manter-se

acordado insistimos em mantermos vivos, desafiando a morte. O acontecimento cênico ocorre da meia-noite ao amanhecer em tempo real, e sua estrutura dramatúrgica é dividida em três partes:

80 Hotel Medea é um espetáculo que se inicia à meia noite e termina ao amanhecer, desafiando atores e platéia a enfrentar a madrugada juntos.

“Hotel Medea – da meia noite ao amanhecer”. Arcola Thetare. Londres/Uk. Janeiro de 2009. Em cena com a atriz Persis Jade Maravalla. Foto de Ludvic Des Cognets.

CAPÍTULO 1- O Mercado da Zero Hora: é o encontro e o casamento entre Jasão e Medéia transformado num batalha selvagem pelo Tosão de Ouro. Com ritmos da cultura Brasileira e música ao vivo, a companhia cria um labirinto de sangue, comida e danças.

CAPÍTULO 2 – Drylands: uma pungente viagem através das paisagens da mente de Medéia, perdida no tempo e presa em obsessão ela clama vingança. Situado em terras esquecidas pós-modernas, aonde desejos essenciais se perdem e a tecnologia de comunicação nos dá a ilusão de intimidade.

“Hotel Medea – da meia noite ao amanhecer”. Arcola Thetare. Londres/Uk. Janeiro de 2009. Foto de Ludvic Des Cognets.

“Hotel Medea – da meia noite ao amanhecer”. Arcola Thetare. Londres/Uk. Janeiro de 2009. Foto de Ludvic Des Cognets.

CAPÍTULO 3 - Banquete do Amanhecer: As primeiras luzes se aproximam, Medéia e Ama estão finalmente a sós. No amanhecer um novo lado de Medéia emerge.

“Hotel Medea – da meia noite ao amanhecer”. Arcola Thetare. Londres/Uk. Janeiro de 2009. Foto de Ludvic Des Cognets.

“Hotel Medea – da meia noite ao amanhecer”. Arcola Thetare. Londres/Uk. Janeiro de 2009. Foto de Ludvic Des Cognets.

No Reino Unido a estréia ocorreu em janeiro de 2009 no renomado Arcola Theatre em Londres, com ingressos esgotados para todas as noites durante a temporada. A produção chamou a atenção da impressa e crítica Londrina que teceu os seguintes comentários:

"O mais ambicioso show teatral de Londres", Time Out Tamara Gausi. "Hotel medea é mais, muito mais que um 'show teatral' - um verdadeiro espaço partilhado", Total Theatre Magazine Dorothy Max Prior.

"Ver Hotel Medea irá alterar suas percepções sobre o fazer teatral e seu potencial de engajar e envolver platéia. Inesquecível" Songlines Magazine Ed Stocker.

"um poder teatral que poucas companhias teriam a coragem de explorar (...) a atuação é particularmente impressionante..."

"Hotel Medea constantemente empurra fronteiras e zonas de conforto... Uma forte sensação de experiência ou jornada partilhada... Uma bonita performance épica... Esta peça consome sua platéia em seu mais vulnerável estado de cansaço, fazendo uma aterradora mas inesquecível experiência." Chloe Marshal no Spoonfed.

"É difícil compreender a dedicação de atores, que mantém sua energia semelhante à um fervor shamanístico durante toda noite. A performance de Medea é sobrehumana, dolorosa de assistir, concedendo a catarse tão tangível como uma flecha no coração... O caminho que rituais animistas dissolvem as fronteiras entre o eu o ambiente, os atores usam ferramentas similares para forçar a quebra da nossa separação da performance, buscando nada menos que uma genuína transformação. É divertido, mas definitivamente mais inquietante, uma vez que este é apenas o tipo de envolvimento com forças primitivas que a trilogia nos adverte." Paul Cox no The Londonist.

"Assentados na noite para assistir Hotel Medea, todo mundo na sala sente-se unido contra o restante do mundo que dorme. ...incrivelmente poderoso...