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Justificação do Projeto

Como tem sido referido ao longo de todo o documento, o futebol deve comportar quatro dimensões. Obviamente que, cada estrutura institucional tem a sua forma de trabalhar e todas elas têm estilos e modos de agir, perante as quatro dimensões, distintos. Isto significa que cada clube atua da forma que pretende, priviligiando uma ou duas dimensões, como, por exemplo, a técnica e a tática, em detrimento da física e da psicológica. Não se quer com isto dizer que certos clubes não se importam com as várias áreas, porém não as enfatizam tanto. É exatamente isso que sucede no Vitória Sport Clube. Dá-se muita atenção à dimensão técnica e à dimensão tática, mas não há uma base de trabalho para a dimensão física, como o trabalho de prevenção de lesões e/ou trabalho de força. Com isto, o projeto incide sobre essa questão, procurando inovar nas soluções a apresentar para essa vertente.

Noutra ordem de ideias, a reflexão é algo que deve fazer parte do quotidiano das pessoas, pois mesmo quando os projetos estão implementados, não significa que não possam ser melhorados. Ora, a base da técnica individual está muito bem definida no Vitória Sport Clube, porém as crianças desde muito cedo, ainda no futebol de sete, são quase especializadas para um único setor do campo, por exemplo, para o meio campo ou para a defesa. É sempre um tema controverso, pois os clubes apostam na especialização precoce e há literatura que defende o contrário. Há então que encontrar um equilíbrio entre este tema. Eis então que surge a ideia de criar uma liga interna para promover a troca de posições das crianças e proporcionar-lhes experiências noutros lugares do campo, permitindo-lhes ganhar novas ferramentas e visões diferentes do jogo.

Portanto, o projeto inovador incide sobre a formulação de uma maior atenção na fisiologia e na criação de uma liga interna, a denominada “Vitória Cup”.

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Começando, logicamente, pelo princípio é necessário estruturar organizacionalmente o departamento. Tendo em conta o objetivo ser abranger toda a área de formação do clube, seria importante conseguir colocar uma pessoa especializada na área da preparação física por escalão, desde os sub-15 (iniciados “A”) até ao sub-19 (juniores).

Após a integração da equipa de fisiologia deve dar-se a conhecer o fio condutor do departamento. Esse fio condutor remete-se para a metodologia utilizada. De referir que a metodologia parte apenas pelo pressuposto literário e que, por isso, dá garantias de ser um óptimo método a aplicar, podendo estar sujeito a inovações, como a inclusão do treino de força, no futuro, uma vez que é nesta altura em que os jovens entram na puberdade, onde ocorrem grandes alterações hormonais que influenciam a força muscular e com isto, seria recomendável intervir nesta área, assegurando o desenvolvimento muscular harmonioso dos jovens, para além da criação de adaptações musculares que permitam eliminar o risco de lesão. Realizar dois treinos por semana é suficiente (Faigenbaum, 2005).

A princípio o objetivo (do departamento) é abranger apenas duas áreas de intervenção: prevenção de lesões e controlo e avaliação do treino.

A prevenção de lesões é uma área bastante importante no mundo desportivo, uma vez que se estima que cada jogador sofre em média duas lesões por época (Ekstrand et al, 2011). Se se conseguir reduzir o risco de lesão, logicamente, aumentará o tempo que o jogador poderá ser opção, ou seja útil ao seu treinador e maior será o tempo em que está no ativo.

A última área de intervenção em que o departamento intervém será no controlo e avaliação do treino. Normalmente as cargas pretendidas para serem atingidas no treino são pensadas e estipuladas antes do mesmo, mas seria benéfico haver uma base de dados que permitisse ter números e gráficos mais concretos, uma vez que controlar é procurar que o treino tenha uma certa carga, outra é verificar que os jogadores sentiram isso. Desta forma, o microciclo base teria um suporte quantitativo concreto. A avaliação do treino será feita através da PSE sessão e POMS.

58 Programa Prevenção de Lesões

Antes de se implementar qualquer programa para prevenir o risco de lesão é importante que se realizem avaliações físicas ao jovens, de forma a diagnosticá-los e ter uma ideia do estado de forma do jovem aquando da avaliação. Para além disso, os testes físicos permitem, posteriormente, avaliar a evolução do jovem ao longo de todo o processo, durante as respetivas avaliações. Concretamente, permite uma determinação adequada de quais as fragilidades dos jovens nos momentos das avaliações.

Os testes físicos a realizar são os testes de força reativa, o squat jump e o salto com contra movimento unilateral. São testes utilizados para avaliar a capacidade de produção de força dos jovens (Baker, 1996). Para além destes testes é importante realizar-se um teste de resistência aeróbia, para avaliar, de forma objetiva a capacidade aeróbia dos jovens, como o teste de Yo-Yo intermitente de resistência, um teste de velocidade como o teste de 40 metros linear e um teste de agilidade como o teste de agilidade de Illinois. A determinação dos resultados permite perceber qual o patamar em que os jovens se encontram fisicamente e permite criar planos individualizados para corrigir as debilidades que o jovem possa apresentar.

Figura 4: Squat Jump Figura 3: Salto com contramovimento unilateral

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Após a realização dos testes referidos, então sim, podem-se implementar programas que, saliente-se, devem apresentar evidências relevantes de que podem ser benéficos, através da via científica, sendo esses benefícios um menor risco de lesão após a sua aplicação. Isto falando em termos de caráter individual.

Os programas de treino gerais de prevenção a implementar, de forma imediata, para os mais diversos escalões, são o “Fifa Eleven +” e o Treino Excêntrico para Isquiotibiais. São dois programas que, seguindo a ordem de ideias, têm muitos benefícios ao nível da prevenção de lesões, uma vez que está comprovado que são programas gerais que reduzem a incidência de lesões após serem aplicados. A realização dos programas devem ser feitas em dois dias diferentes numa semana.

Controlo e Avaliação do Treino

Este parâmetro é dos mais peculiares na atualidade do treino desportivo, uma vez que a maioria dos treinadores controla e avalia o treino de uma forma pouco concreta, ou melhor avalia de uma forma muito mais qualitativa do que quantitativa. O olho do ser humano ainda que seja um fator de medida fiável para quem avalia, pois para os mais experientes é fácil detetar se um exercício é mais intenso e exige mais fisicamente aos jovens, parece de todo favorável avaliar o treino de outra forma, numa perspetiva mais quantitativa.

Neste sentido, aplicar programas como a PSE sessão ou o POMS reduzido torna possível obter mais indicadores do que se passou no treino e/ou no microciclo. Tendo em conta o microciclo base do clube, as cargas que se pretendem aplicar a uma quarta- feira são diferentes das cargas que se pretendem atingir no treino de quinta-feira mas é importante que se perceba se isso sucede ou não, numa visão mais concreta e transmitida pelos próprios praticantes. Ou seja, o que se pretende controlar são as

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cargas, mas a avaliação parte de outro pressuposto que é perceber e refletir sobre se as cargas foram o que realmente se procurou dar (controlar).

Os comportamentos manifestados pelos futebolistas traduzem em grande parte, o resultado das adaptações provocadas pelo processo de treino. Por sua vez, este processo depende da análise e da recolha de informações provenientes do jogo (Barbanti, 1997).

Um melhor conhecimento das exigências físicas associadas a um jogo de futebol permite aos treinadores organizarem da melhor forma os seus planos de treino, de modo a torná-los mais eficazes, mais económicos e menos subjetivos (Barbanti,2001).

A PSE-sessão deve ser aplicada três vezes por microciclo, num período máximo de 30 minutos após o último esforço do atleta e o POMS reduzido no início e final de cada microciclo.

Vitória Cup

Numa altura em que se debate muito a especialização precoce no mundo desportivo e até se geram contra-sensos entre aquilo que são jovens e adultos, é adequado que se procurem colmatar situações menos favoráveis para os jovens. Obviamente que nas principais instituições desportivas, o segredo e objetivo pretendidos por todos é a formação de jovens que possam atingir o mais alto nível e render uns milhões aos cofres dessas mesmas instituições, e desde muito novos que os jovens são sujeitos a um modelo de jogo no qual se vão formando e no qual vão sendo colocados, quase sempre, numa determinada posição de campo.

Como os jovens precisam igualmente de outros estímulos e precisam de se sentir confiantes a jogar em qualquer parte do terreno e em diferentes contextos, surge a ideia da criação da “Vitória Cup”.

Este projeto é uma liga interna, ou seja dentro do Vitória Sport Clube, no qual participam apenas os escalões de iniciação do clube: os benjamins A, B e C.

Consiste em juntar todos os jogadores dos escalões referidos, no início de uma época desportiva e formarem-se equipas equilibradas, com todos os jogadores dos mais diversos escalões misturados. Formam-se grupos de 10 atletas.

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As equipas formadas permanecem as mesmas de início ao fim desta liga interna que se prolonga durante toda a época, desde Setembro até Junho, mas que apenas se realiza uma vez por mês. Nesse dia, realizam-se várias jornadas, sendo que todas as equipas têm de realizar o mesmo número de jogos. Portanto, o objetivo é as equipas jogarem todas umas contra as outras, no mesmo dia, em jogos de 40 minutos divididos em duas partes de 20 minutos.

Para além desta organização, a liga tem três regras básicas: a primeira é que todos os jogadores devem jogar em funções diferentes às que estão habituados, ou seja, são obrigados a jogar em funções com que estão pouco familiarizados. A segunda regra é que todos os jovens têm de jogar pelo menos 10 minutos, em todos os jogos. Por último, a terceira regra é que os treinadores não podem dar feedback, seja ele de que natureza for, à excepção do positivo. Isto proporcionará que os jovens possam usufruir do jogo, jogarem como quiserem e percebendo as dinâmicas e o contexto da forma que quiserem. Deve ser apelada à criatividade.

Para registo e de forma a também haver um controlo e uma avaliação dos jogos e dos números finais dos jogadores na liga devem-se criar folhas de registo para analisar tempo de jogo, número de golos e função em que o jogador atuou.

Para todos os efeitos no final da liga haverá uma classificação final em que uma equipa se sagra campeã. Cada vitória ao longo das jornadas vale 3 pontos, o empate 1 ponto e à derrota não é adicionado qualquer ponto. Ainda que a classificação não seja muito importante ser divulgada, pois pode criar desilusão em alguns jovens e euforia noutros, devem atribuir-se prémios ao melhor marcador da liga e à equipa campeã. Desta forma, a competitividade também aumenta, dentro do “jogo de rua” e da maior espontaneidade que se pretende atingir.

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ÁREA 3 - EVENTO RELAÇÃO COM A COMUNIDADE: BASES

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