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4. MATERIAL E MÉTODO

4.4. PROJETO PILOTO

O projeto piloto foi realizado com dois alunos, um do sexo feminino e outro do sexo masculino, na Escola Estadual Marina Cintra, instituição onde aconteceu a coleta.

37 As crianças eram estudantes do primeiro ano do ensino fundamental, cada uma com sete anos de idade. Os testes foram realizados na sala de leitura, pois este seria, posteriormente o local para a realização dos exames propostos no projeto. Foi realizada a meatoscopia, a triagem auditiva tonal, imitanciométrica e os testes de equilíbrio dinâmico e estático e Reflexo Vestíbulo-ocular - investigação de nistagmo através do

head shake nistagmus.

O projeto piloto teve como objetivo verificar o tempo necessário par avaliação completa dos testes propostos neste projeto e também verificar a intensidade que seria dada na audiometria tonal, em função do ruído externo existente na sala em que foi realizada a triagem auditiva tonal.

4.5. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Foram utilizados nesta pesquisa os seguintes equipamentos:

• Otoscópio marca HEINE, modelo mini 2000;

• Audiômetro portátil marca MIDIMATE 304, provido de fones TDH e calibrado segundo os padrões ISO 389;

• Imitanciômetro portátil Hand tymp Siemens /modelo NS32974, calibrado segundo os padrões ISO 389;

4.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística será realizada a partir da comparação dos resultados de cada um dos procedimentos de investigação de problemas vestibulares com o questionário. Utilizamos para este teste Análise de Variância (ANOVA) e foi adotado o nível de significância p< 0,05 (5%).

5. RESULTADOS

Na tabela 1 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais das queixas mais freqüentes relacionadas ao choro (“colo” ou “berço”) em função das dificuldades de aprendizagem. Observa-se que o grupo com dificuldade de aprendizagem tem uma maior porcentagem para a opção “colo” do que o grupo sem dificuldade de aprendizagem. Alguns itens não totalizam 100%, pois alguns pais deixaram de responder esta questão. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA, para as diferenças, pudemos notar que não há uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas.

Tabela 1: Análise comparativa da amostra em percentuais de queixas mais freqüentes relacionadas ao choro em função das dificuldades de aprendizagem (n=38).

N

Na tabela 2 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais das queixas em relação aos medos (“escuro”, “altura”, “escada”, “correr”) mais freqüentes em função das dificuldades de aprendizagem. Observa-se que as queixas “escuro” e “altura” estão presentes em ambos os grupos, sendo que medo de “escuro” é maior para o grupo com dificuldade de aprendizagem. Alguns itens não totalizam 100%, pois alguns pais deixaram de responder algumas questões. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA, para as diferenças, pudemos notar que não há uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas.

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Tabela 2: Análise comparativa da amostra em percentuais de queixas mais freqüentes relacionadas ao medo em função das dificuldades de aprendizagem (n=38).

Na tabela 3 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais das queixas mais freqüentes em função das dificuldades de aprendizagem. Observa-se que todas as queixas estão presentes em ambos os grupos, tendo sempre um percentual maior no grupo com dificuldade de aprendizagem, exceto “playground” e “transporte”. Alguns itens não totalizam 100%, pois alguns pais deixaram de responder algumas questões. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA, as queixas de “cair” (p=0,044), “esporte” (p=0,045) e “tontura” (p=0,017) apresentaram uma relação estatisticamente significante.

Tabela 3: Análise comparativa da amostra em percentuais de queixas mais freqüentes em função das dificuldades de aprendizagem (n=38).

* = valores considerados estatisticamente significantes

As tabelas 4, 5 e 6 são qualificadoras dos sintomas vestibulares da tabela 1. No questionário foram feitas algumas questões, na qual foram subdivididas em grupos. Este grupo específico foi intitulado como qualificadora do sintoma vestibular. Como por exemplo, a queixa tontura (questão 16) vem acompanhada, geralmente, com outros sintomas (questão 17), como pode ser visto a seguir:

41 Questão 16: Queixa-se de tontura? Sim ( ) Não ( )

Questão 17: A tontura vem acompanhada de outro sintoma?

Náusea /enjôo ( ) vômito ( ) palidez ( ) transpiração ( ) dor de cabeça ( ) NDA ( )

Na tabela 4 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais dos sintomas que, geralmente, vêm acompanhados da queixa tontura em função da dificuldade de aprendizagem. Observa-se que os sintomas relacionados à tontura estão presentes na maioria dos grupos, mostrando um percentual maior no grupo com dificuldade de aprendizagem, exceto “vômito” e “palidez”. Alguns itens não totalizam 100%, pois alguns pais deixaram de responder algumas questões. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA os sintomas “vômito” (p=0,017), “transpiração” (p=0,029) e “cefaléia” (p=0,019) apresentaram relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas.

Tabela 4: Análise comparativa da amostra em percentuais dos sintomas acompanhados da queixa tontura em função da dificuldade de aprendizagem (n=38).

* = valores considerados estatisticamente significantes

Na tabela 5 os sintomas apresentados estão relacionados com a queixa de passar mal no veículo em movimento. A queixa “mal estar em veículo” (questão 19) vem acompanhada, geralmente, de outros sintomas (questão 20), como pode ser visto a seguir:

Questão 19: Seu filho sente-se mal quando o veículo (ônibus, carro, metrô, barco e avião) está em movimento? Sim ( ) Não ( ) às vezes ( ) sempre ( )

42 ( ) náusea ( ) dor de cabeça ( ) vômito ( ) diarréia ( ) fica pálido ( ) tontura ( ) transpira muito ( ) sonolência ( ) salivação excessiva ( ) moleza ( ) escurece a visão ( ) o coração começa a bater mais rápido ( ) NDA

Na tabela 5 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais dos sintomas que, geralmente, vêm acompanhados quando o veículo está em movimento em função da dificuldade de aprendizagem. Os sintomas apresentados no grupo com dificuldade de aprendizagem foram “cefaléia” 25%, “vômito” 25% e “transpiração” 12,5%, sendo todos maiores para este grupo. Alguns itens não totalizam 100%, pois alguns pais deixaram de responder algumas questões. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA apenas o sintoma “vômito” apresentou relação estatisticamente significante (p=0,041).

Tabela 5: Análise comparativa da amostra em percentuais dos sintomas de mal estar quando o veículo está em movimento em função das dificuldades de aprendizagem (n=38).

* = valores considerados estatisticamente significantes

Na tabela 6 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais da qualidade do sono em função da dificuldade de aprendizagem. Observa-se que a qualidade do sono me ambos os grupos tem um percentual elevado para “calmo”. Alguns itens não totalizam 100%, pois alguns pais deixaram de responder algumas questões. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA pudemos notar que não há uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas.

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Tabela 6: Análise comparativa da amostra em percentuais da qualidade do sono em função da dificuldade de aprendizagem.

Na tabela 7 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais das queixas físicas em função da dificuldade de aprendizagem. Observa-se que as queixas como “enxergar”, “ouvir” e “antecedentes” tem porcentagens maiores no grupo com dificuldade de aprendizagem com os valores 25%, 12,5% e 62,5%, respectivamente. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA pudemos notar que não há uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas.

Tabela 7: Análise comparativa da amostra em percentuais das queixas físicas em função da dificuldade de aprendizagem.

Na tabela 8 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais dos sintomas de processamento em função da dificuldade de aprendizagem. Observa-se que todas as queixas apresentam porcentagens maiores no grupo com dificuldade de aprendizagem, exceto “repetir” que foi de 50% no grupo com dificuldade de aprendizagem e de 66,7% para o grupo sem dificuldades. Para as demais queixas como “dificuldade escolar” referida pelas mães, “memória” e “distração” os valores encontrados foram 50%, 100% e 75% respectivamente. Ao aplicar o Teste Estatístico

44 ANOVA pudemos notar que há uma relação estatisticamente significante para “dificuldade escolar” (p=0,031).

Tabela 8: Análise comparativa da amostra em percentuais dos sintomas de processamento em função da dificuldade de aprendizagem.

* = valores considerados estatisticamente significantes

Na tabela 9 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais das provas vestibulares em função da dificuldade de aprendizagem. O teste Head Shake não apresentou uma relação estatisticamente significante entre os grupos. Observa-se que todos os participantes passaram neste teste. O teste de marcha linear mostrou uma diferença entre os grupos, sendo de 12,5% no grupo com dificuldade de aprendizagem e de 10% no grupo sem dificuldade. No teste de Unterberger todos os participantes do grupo de dificuldade de aprendizagem passaram na prova, apenas 13,3% do grupo sem dificuldade falharam no teste. O teste de Romberg mostrou diferença entre os grupos, sendo que 50% do grupo com dificuldade de aprendizagem e 30% do grupo sem dificuldade falharam no teste. Apenas o teste de Romberg apresentou uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas (p<0,001).

Tabela 9: Análise comparativa da amostra em percentuais dos testes vestibulares em função da dificuldade de aprendizagem.

45 As tabelas 10, 11 e 12 estabelecem relação de cada teste, exceto a do Head

Shake, em função dos sintomas vestibulares. Este teste foi excluído desta comparação,

pois não apresentou nenhuma diferença entre os grupos estudados.

Na tabela 10 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais da prova vestibular marcha linear em função dos sintomas vestibulares. Observa-se que apenas no item “tontura” a porcentagem é maior no grupo que falhou (50%) do que no grupo que passou no teste (20,6%). Os outros itens apresentaram uma porcentagem maior no grupo que passou. Dos sintomas vestibulares relacionados com o teste Marcha Linear apenas o item “bicicleta” apresentou uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas (p=0,04).

Tabela 10: Análise comparativa da amostra em percentuais da teste vestibular Marcha Linear em função dos sintomas vestibulares.

* = valores considerados estatisticamente significantes

Na tabela 11 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais da prova vestibular de Unterberger em função dos sintomas vestibulares. Observa-se que apenas nos itens “esbarrar” e “transporte” a porcentagem é maior no grupo que falhou com valores de 75% e 50%, respectivamente. Os outros itens apresentaram uma porcentagem maior no grupo que passou no teste. Ao aplicar o Teste Estatístico ANOVA pudemos notar que não há uma relação estatisticamente significante.

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Tabela 11: Análise comparativa da amostra em percentuais da teste vestibular de Unterberger em função dos sintomas vestibulares.

Na tabela 12 apresentamos a análise comparativa da amostra em percentuais da prova vestibular de Romberg em função dos sintomas vestibulares. Observa-se que apenas nos itens “bicicleta” “esbarrar” e “transporte” a porcentagem é maior no grupo que falhou com valores de 46,2%, 61,5 e 46,2%, respectivamente. Os outros itens apresentaram uma porcentagem maior ou igual no grupo que passou no teste. Não foi observado relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas.

Tabela 12: Análise comparativa da amostra em percentuais da teste vestibular de Unterberger em função dos sintomas vestibulares.

A seguir faremos uma analise descritiva dos participantes que tem dificuldade de aprendizagem e que falharam em algum dos testes. Das oito crianças que tem dificuldade de aprendizagem, apenas quatro falharam nos testes vestibulares. Apesar dos outros 4 sujeitos terem passado nos testes, todos apresentam pelo menos um dos sintomas vestibulares. Neste estudo nos deteremos aos que falharam nos testes. Abaixo discutiremos cada sujeito separadamente, em relação aos seus sintomas vestibulares e os testes.

47 O sujeito 1 falhou nos testes de Marcha Linear e Romberg. Das sete queixas vestibulares (“cair”, “esporte”, “esbarrar”, “tontura”, “playground” e “veiculo”), este apresentou apenas três delas (“cair”, “esbarrar” e “tontura”).As questões qualificadoras do sintoma são: náusea, vomito, palidez, transpiração e cefaléia em relação a queixa tontura; náusea, cefaléia , vomito, diarréia , palidez , tontura, transpiração, sonolência , salivação, moleza, escurecer a visão e arritmia em relação a sentir-se mal no veiculo em movimento; sono; colo ou berço; e medos.O sujeito 1 apresentou medo de escuro e altura, chorava mais no colo, tinha o sono calmo e transpiração para tontura.

O sujeito 2 falhou no teste de Romberg. Das sete queixas vestibulares, este não apresentou nenhuma delas. Nas questões qualificadoras apresentou medo de escuro e que chorava mais no colo.

O sujeito 3 falhou no teste de Romberg. Das sete queixas vestibulares, este apresentou apenas quatro delas (“bicicleta”, “esbarrar”, “tontura” e “veículo”). O sujeito 3 apresentou medo de escuro, vômito e cefaléia relacionados a tontura; vômito e transpiração excessiva em relação ao veiculo em movimento.

O sujeito 4 falhou no teste de Romberg. Das sete queixas vestibulares, este apresentou apenas uma delas (“veículo”). O sujeito 4 apresentou medo de escuro, cefaléia em relação ao veiculo em movimento.

6. DISCUSSÃO

Nesses resultados notamos que das 38 crianças avaliadas, 30 (78,95%) não relatam dificuldades na aprendizagem escolar e 8 (21,05%) referem ter dificuldades na aprendizagem escolar.

Deve-se levar em consideração os estudos de Johnson e Myklebust (1983) Tedesco (1997) Polity (2003); Undheim (2003) e Mathes e Denton (2002), que afirmaram que a etiologia das dificuldades de aprendizagem é diversa e pode envolver fatores orgânicos, ocorrendo, na maioria das vezes, uma inter-relação entre os fatores intelectuais/cognitivos, emocionais e orgânicos, levando até mesmo em conta instrução insuficiente ou inapropriada. Entretanto, avanços na compreensão da neurobiologia dos processos de desenvolvimento da linguagem e aprendizagem irão contribuir para uma melhoria na compreensão da etiologia.

Demonstramos neste estudo os percentuais das queixas gerais mais comuns entre as crianças estudadas, pudemos notar que as queixas de “cair”, “esporte” e “tontura” apresentaram relação estatisticamente significante entre os grupos. Os dados encontrados confirmam o posicionamento de Sartori (2007), Ganança e Caovilla (1999) e Campos et al. (1996) que afirmam que este sistema vestibular tem importante influência sobre o desenvolvimento infantil já que esse sistema controla a posição do corpo, os movimentos dos olhos e a percepção espacial.

Pudemos constatar nos resultados, os percentuais dos sintomas mais comuns que, geralmente, vêm acompanhados da queixa tontura. Encontramos uma relação estatisticamente significante para os sintomas “vômito”, “transpiração” e “cefaléia”. Esses achados são compatíveis com os estudos de Lorenço et al (2005), Ganança e

50 Caovilla (1999) e Campos et al (1996) que afirmaram que os sintomas neurovegetativos como náuseas, vômitos, sudorese, diarréia, dentre outros sintomas podem levar a suspeita de comprometimento do sistema vestibular.

Através desta análise, pudemos observar que das 38 crianças estudadas, 9 crianças (23,3%) queixaram-se de tontura, sendo que 3 crianças (7,9%) com dificuldade na aprendizagem escolar. Esses achados são compatíveis com os de Araújo et al (2004) que estudaram os principais sintomas otorrinolaringológicos em escolares constatando que a tontura foi à queixa mais freqüente entre os estudantes e, para os autores, as dificuldades de aprendizagem podem estar relacionados com esta queixa.

Pudemos constatar nos resultados, os percentuais dos sintomas mais comuns que, geralmente, vêm acompanhados da queixa de mal-estar no veículo em movimento. Encontramos uma relação estatisticamente significante para os sintomas “vômito” e “cefaléia”. Segundo Ganança e Caovilla (1998) um dos tipos de desequilíbrio é a sensação de enjôo e/ou desconforto provocado pelo movimento. A esta sensação denomina-se cinetose que pode ocorrer em automóveis, aviões, naves espaciais, barcos ou montando camelos e elefantes. Tal sensação ocorre devido a um conflito entre o que é visto e o que é sentido, podendo haver uma predisposição individual. Estes sintomas podem ser complementados por um conjunto de alterações físicas cardiovasculares, respiratórias e gastrointestinais.

Os resultados dos testes vestibulares em relação à dificuldade de aprendizagem não mostraram diferença estatisticamente significante, exceto o teste de Romberg. Apesar de não apresentar uma relação estatisticamente significante entre as variáveis os dados mostraram um índice significativo de falha no teste de Marcha Linear (12,5%).

51 Os testes Head Shake e Unterberger não mostraram relação significativa, pois não houve diferença entre os grupos estudados.

Não encontramos trabalhos na literatura referente à efetividade dos testes de equilíbrio dinâmico e estático, ou seja, não sabemos o quanto estes testes são confiáveis para a suspeita de alterações vestibulares.

O teste Head- Shake , geralmente não é realizado nas baterias de testes vestibulares . Poucas pesquisas relatam sua efetividade. Acredita-se que este exame serve apenas para casos específicos, como alteração unilateral vestibular.

Não encontramos relatos de pesquisa nacionais ou estrangeiras relacionando os resultados dos testes vestibulares com dificuldade de aprendizagem em crianças em fase escolar, o que impediu uma comparação com os resultados desta investigação. Apenas encontramos o posicionamento de Guardiola e Rotta (1998), as quais consideram o equilíbrio estático e dinâmico como base para a maturidade neurológica que tem como função importante para a manutenção de posturas adequadas, sendo que crianças com imaturidade desta função têm mais probabilidade de apresentar dificuldades de aprendizado. Não encontramos pesquisas relacionando testes vestibulares quando comparados com os sintomas vestibulares. Desta forma, se faz necessário a realização de outras pesquisas para confirmar uma possível existência de uma relação da dificuldade de aprendizagem com alterações vestibulares a partir da realização dos testes de equilíbrio estático e dinâmico.

O encontro de 4 casos (10,55%) com disfunção vestibular e dificuldade de aprendizagem, em nossa casuística composta por trinta e oito crianças, sugere uma possível relação entre as variáveis. Notamos dados semelhantes no estudo de Ganança

52 et al (2000) que encontraram 6 casos (20%) com disfunção vestibular em crianças e adolescentes com mau rendimento escolar.

Grandes contribuições foram dadas pelos trabalhos de Capovilla et al (2003) e Campos et al (1996) que consideram que o sistema vestibular parece estar grandemente envolvido no processo de aprendizagem escolar e que a disfunção vestibular infantil pode afetar consideravelmente a habilidade de comunicação, estado psicológico e desempenho escolar, lembrando que baixo mau rendimento escolar índice valioso de possível labirintopatia.

Os estímulos sensoriais são requisitos fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. Entretanto, estes estímulos estão cada vez menores, pois as crianças de hoje em dia, preferem jogar vídeo game, acessar a Internet e assistir televisão do que brincadeiras, como pula-pula, esconde-esconde, treta-trepa,gira-gira dentre outros que estimulam o sistema vestibular. Desta forma Sartori (2007) argumenta que crianças estimuladas desde cedo terão boa coordenação, concentração e será criativa.

Apesar do nosso estudo demonstrar que alguns casos tiveram relação entre dificuldade de aprendizagem e alterações vestibulares, não podemos afirmar que as dificuldades apresentadas pelas crianças são decorrentes de problemas vestibulares, uma vez que é necessário uma investigação mais detalhada , como realizar a avaliação otoneurológica completa.

É necessário dar continuidade ao estudo deste tema em futuras pesquisas, a fim de se confirmar nossos achados e instituir condutas adequadas para resolver não apenas as disfunções vestibulares como também os distúrbios decorrentes, uma vez que a

53 intervenção precoce melhora os sintomas e o rendimento escolar. Para que isso ocorra é imprescindível o conhecimento cada vez mais aprofundado, valorizando os trabalhos na área de fonoaudiologia.

7. CONCLUSÃO

Na presente pesquisa pudemos concluir que:

• As queixas vestibulares “cair”, “esporte” e “tontura” que apresentaram relação estatisticamente significante entre as crianças com dificuldade de aprendizagem e as crianças sem dificuldade de aprendizagem.

• Os percentuais dos sintomas que, geralmente, vêm acompanhados da queixa tontura em função da dificuldade de aprendizagem mostrou relação estatisticamente significativa para os sintomas “vômito”, “transpiração” e “cefaléia”. Estes mesmos sintomas, exceto “transpiração”, também foram encontrados para mal estar em veículos.

• Os percentuais da qualidade do sono em função da dificuldade de aprendizagem mostraram que não há uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas.

• Apesar dos percentuais das queixas físicas em função da dificuldade de aprendizagem não apresentaram uma relação estatisticamente significante entre as variáveis estudadas, mostraram que as queixas como “enxergar”, “ouvir” e “antecedentes” tem porcentagens significativas.

• A análise da relação entre a presença de sintomas de processamento auditivo em função da dificuldade de aprendizagem mostrou que o grupo com dificuldades de aprendizagem apresentou valores de porcentagem significativos para “dificuldade escolar” (50%) referida pelas mães, “memória” (100%) e “distração” (75%). Porém é importante ressaltar que apenas a queixa “dificuldade escolar” apresentou relação estatisticamente significante com a dificuldade de aprendizagem citada pelos professores.

56 • Os percentuais das provas vestibulares em função da dificuldade de aprendizagem mostraram que os testes não apresentam relação estatisticamente significante entre os grupos, exceto o de Romberg.

• As informações adquiridas em nossa pesquisa nos deram subsídios valiosos para a suspeita de algum comprometimento do sistema vestibular em função de problemas de aprendizagem. Por este motivo, é necessária a criação de programas de intervenção precoce, tendo como objetivo a minimização de prejuízos trazidos pela disfunção vestibular.infantil, como por exemplo, dificuldades de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alterações Vestibulares em Crianças Enxaquecosas. Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia [periódico on-line] 8 (3), 2004.

Araújo AS, Moura JR, Camargo, AC. Principais Sintomas Otorrinolaringológicos em Escolares. Arquivos internacionais de Otorrinolaringologia, (8): 1, 2004.

Bessa MFS, Pereira JS. Equilíbrio e coordenação motora em pré-escolares: um estudo comparativo. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília.10(4); 57-62. 2002.

Blayney AW, Colman BH. Dizzines in childhood. Clin Otolaryngol 9: 77-85, 1984.

No documento Katia Barbosa Samar Mohamad El Malt (páginas 45-77)

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