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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1. Informações documentais

4.1.1. Projetos políticos-pedagógicos dos cursos

Do total de 10 cursos participantes apenas seis permitiram o acesso ao Projeto Político-Pedagógico (PPP), sendo cinco de natureza pública e um de natureza privada. Assim, considerando que os cursos de natureza pública contribuíram em sua totalidade nesta devolutiva, optou-se pela análise apenas dos PPP concedidos por estas IES, uma vez que a realização de uma comparação entre os projetos e a natureza das IES não seria pertinente.

No Quadro 1, a seguir, pode-se verificar o ano de elaboração de cada um dos PPP analisados.

IES F G H I J

Ano de referência 2011 2013 2009 2014 2014

Quadro 1: Ano do atual Projeto Político-Pedagógico dos Cursos de Graduação em Terapia

Ocupacional desta pesquisa

O ano de elaboração dos cinco PPP se encontra entre 2009 e 2014, sendo que, durante o período da coleta, duas IES informaram que o material estava sendo revisado, assim, verifica-se que todos são documentos relativamente recentes.

Alguns PPP eram bem sucintos e envolviam basicamente o que está descrito nas DCN-TO. Todos apresentaram aspectos relacionados à concepção do curso que, em termos gerais, referem-se à formação generalista, crítica e reflexiva, ética e humanista, com aquisição de habilidades gerais e específicas da Terapia Ocupacional, conforme orientação das DCN-TO.

Em relação às DCN-TO e aos conteúdos dos PPP foram consideradas as seguintes dimensões: perfil do formando/egresso, objetivos do curso, estágios profissionais curriculares e atividades complementares; e sobre as ementas considerou-se o período de

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oferta, carga horária e locais para prática. A seguir, serão apresentadas as informações acerca dos PPP e DCN-TO em cada uma das dimensões e, posteriormente, as informações relacionadas às ementas das disciplinas obrigatórias de saúde mental do curso.

As DCN-TO tecem orientações em relação ao perfil do formando egresso/profissional do curso de graduação em Terapia Ocupacional, a saber:

Terapeuta Ocupacional, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Capacitado ao exercício profissional em todas as suas dimensões, pautado em princípios éticos, no campo clínico-terapêutico e preventivo das práticas de Terapia Ocupacional. Conhece os fundamentos históricos, filosóficos e metodológicos da Terapia Ocupacional e seus diferentes modelos de intervenção e atua com base no rigor científico e intelectual (BRASIL, 2002, p. 12).

Considerando a descrição supracitada, buscou-se encontrar similaridades na descrição das informações presentes nos PPP e foi identificado que o perfil do formando egresso/profissional descrito por todos os cinco PPP destaca as orientações das DCN-TO. Conforme indicam os fragmentos a seguir.

O profissional terapeuta ocupacional formado por esta IES tem um perfil generalista, humanista, crítico e reflexivo pautado em princípios éticos e metodológicos da Terapia Ocupacional.

O profissional deverá assumir um compromisso com a cidadania e uma prática profissional que considere os desafios das relações de saúde- sociedade, de exclusão e inclusão social assim como participar da formulação e implementação de políticas públicas adequadas as transformações necessárias à promoção da saúde [...].

Compreender as relações saúde-sociedade como também as relações de exclusão-inclusão social, bem como participar da formulação e implementação das políticas sociais, sejam estas setoriais (políticas de saúde, infância e adolescência, educação, trabalho, promoção social, etc) ou intersetoriais.

Utilizar o raciocínio terapêutico ocupacional na análise da situação na qual se propõe a intervir, no diagnóstico clínico e/ou institucional, na intervenção propriamente dita, na escolha da abordagem terapêutica apropriada e na avaliação dos resultados alcançados.

De modo geral, todos os perfis descritos nos PPP consideram as informações presentes nas DCN-TO quanto aos aspectos formativos gerais e destacam ainda a influência do contexto sócio político na elaboração ou reformulação do processo de formação com vistas ao atendimento das demandas nos diversos níveis de atenção à saúde.

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Ainda sobre o perfil do formando egresso/profissional, alguns PPP acrescentaram informações relativas a outros aspectos da formação, dentre elas: a) a perspectiva de formação inter e multidisciplinar (3), b) o foco na atividade humana (3), e c) comprometimento com a produção científica (2).

Optou-se por considerar apenas o objetivo mais geral dos cursos de graduação, conforme constam nos PPP, uma vez que os objetivos específicos se voltam para as habilidades e competências.

Os principais conteúdos abordados nos objetivos consideram, dentre outros: as demandas do contexto contemporâneo para a formação do terapeuta ocupacional, o desenvolvimento de competências para intervenção em Terapia Ocupacional, a atuação em diferentes níveis de atenção, a inserção nas práticas desde o início do curso, a visão ampliada das necessidades do sujeito, a integração dos conhecimentos gerais e específicos, a interdisciplinaridade, e a formação generalista, crítica e reflexiva.

Antes de apresentar os resultados acerca dos estágios curriculares, cabe realizar alguns apontamentos sobre a inserção prática do discente que antecede o estágio curricular.

Com relação a estas práticas, as DCN-TO orientam que a estrutura do curso deve assegurar que

as atividades práticas específicas da Terapia Ocupacional deverão ser desenvolvidas gradualmente desde o início do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional, devendo possuir complexidade crescente, desde a observação até a prática assistida. Estas atividades práticas, que antecedem ao estágio curricular, deverão ser realizadas na Instituição de Ensino Superior ou em instituições conveniadas e sob a responsabilidade de docente terapeuta ocupacional. (BRASIL, 2002, p. 16).

De modo geral, verificou-se o período em que as práticas se iniciam nos cursos, e identificou-se que dois do total de cinco cursos referem que a inserção do discente em atividades práticas acontece desde o início do curso, em diferentes níveis de complexidade, e nos outros três cursos as práticas são realizadas a partir do 3º semestre, sendo que um deles considera que está realizando mudança na matriz curricular e dentre estas mudanças está o contato com a prática desde o início da graduação, começando pela prática orientada, prática supervisionada e prática profissionalizante. Assim, tem-se que dos cinco cursos públicos, dois indicam a inserção do discente em práticas desde o início do curso e três informam que a inserção na prática ocorre a partir do 3º ano.

Ainda com relação aos estágios curriculares, as DCN-TO orientam que a formação do terapeuta ocupacional deve garantir a realização de estágios curriculares supervisionados com carga horária mínima de 20% do total do curso (BRASIL, 2002). A

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seguir, a Tabela 7 apresenta a quantidade de horas de estágio curricular existente dentro da carga horária total dos cursos.

IES CH Total do curso CH de estágio profissional14 % de estágio profissional em relação ao total da CH do

curso F 4.200 960 23% G 3.870 950 25% H 3.915 1.290 33% I 4.540 1.000 22% J 3.720 750 20% MÉDIA 4.049 990 24,6 %

Tabela 7: Porcentagem da carga horária dos estágios curriculares em relação à carga horária total do

curso

Assim, verifica-se que todos os cursos estão em conformidade com as DCN- TO preconizando o mínimo de 20% da carga horária total do curso para os estágios profissionalizantes.

As atividades complementares citadas pelas DCN-TO são: monitorias,

estágios, programas de iniciação científica, programas de extensão, estudos complementares e cursos realizados em áreas afins.

As atividades complementares deverão ser incrementadas durante todo o Curso de Graduação em Terapia Ocupacional e as Instituições de Ensino Superior deverão criar mecanismos de aproveitamento de conhecimentos, adquiridos pelo estudante, através de estudos e práticas independentes presenciais e/ou a distância (BRASIL, 2002, p. 16).

A Tabela 8 sistematiza e apresenta as principais atividades complementares identificadas nos cinco PPP analisados.

Atividade Complementar Nº de ind.

Projetos de extensão 5

Programas de Iniciação Científica 5

Organização e/ou incentivo à participação de eventos científicos (congresso,

seminários, simpósios, etc) 5

Monitoria 4

Incentivo à participação em órgãos colegiados, organização de eventos acadêmicos ou científicos

4

Outros (estudos complementares, cursos em áreas afins, grupos de pesquisa, etc) 3

Tabela 8: Atividades complementares descritas nos PPP dos cursos de graduação em TO das 5 IES

públicas

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Em termos gerais, as oportunidades oferecidas para complementar as atividades curriculares pelos cursos estão em consonância com as orientações das DCN-TO.

Considerando a importância da educação continuada para a formação do terapeuta ocupacional, buscou-se identificar algumas das possibilidades oferecidas pela IES por meio da consulta aos PPP das IES públicas. Os resultados são apresentados a seguir (Tabela 9).

Programa Nº de IES

Especialização Lato Sensu 2

Residência 2

Pós-graduação estrito sensu (mestrado, mestrado

profissionalizante, doutorado) 2

O PPP não clarifica sobre este aspecto 3

Tabela 9: Possibilidades para educação continuada oferecidas pelas 5 IES de natureza pública

Apenas dois PPP descrevem sobre as possibilidades de formação continuada oferecida pelas IES, tais informações apontam desde programas de pós-graduação de nível lato sensu até programas de nível estrito sensu. As outras IES não descrevem esta informação no PPP do curso, ainda que seja público (na rede mundial de computadores, nos respectivos sites das IES) que o oferecimento exista (diversas possibilidades para continuidade à formação em diversos níveis).