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A promessa de construção do campus

No documento danterodriguesdossantos (páginas 30-33)

1 A IMAGEM INSTITUCIONAL E A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO

1.1 A CRIAÇÃO DO CAMPUS AVANÇADO DE GOVERNADOR VALADARES

1.1.2 A promessa de construção do campus

Em 2012, o então reitor Henrique Duque reuniu os primeiros calouros e apresentou o projeto de construção da futura sede da UFJF-GV. Orçado em R$ 150 milhões o campus seria construído em 18 meses a partir do início da obra, em um terreno de mais de 500 mil metros quadrados doado por um empresário da cidade.

O novo campus compreenderá em sua fase inicial dez blocos para os cursos, um bloco para a pós-graduação e outro para atendimento aos alunos, com instalações como biblioteca e infocentro, entre outras unidades. Em outra área, o projeto prevê um restaurante universitário, com capacidade para atender a toda a demanda do campus. Adaptadas às condições climáticas de Governador Valadares, as salas serão climatizadas, com pé direito alto. Os prédios acompanham as principais tendências na área ambiental, e terão

coberturas verdes (de plantas) e estação de tratamento de efluentes (UFJF, 2012c, s/p).

Três meses depois deste anúncio, surgiu o primeiro de muitos revezes. Após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), o processo de construção da sede própria foi suspenso em razão de suspeitas de irregularidades no processo licitatório. Decisão que foi revogada em outubro de 2013, após conclusão de que uma nova licitação acarretaria em prejuízos ainda maiores (ALMEIDA, 2016).

Feitos alguns ajustes contratuais recomendados pelo Tribunal de Contas da União, a obra foi liberada e teve início ainda em 2013. Contudo, em 2015, a crise econômica no país, a interrupção de repasses pelo Governo Federal e questões judiciais inviabilizaram a continuidade da obra e culminaram no encerramento dos trabalhos no terreno. Durante este período foram gastos mais de R$ 60 milhões sem que um prédio tenha sido levantado, segundo relatório anual de atividades de auditoria interna:

[...] a obra de construção do campus foi paralisada em 2015 sem a finalização sequer da terraplanagem. Toda a comunidade acadêmica do Campus de Governador Valadares sofre as consequências, diariamente, da falta de um local para o exercício de suas atividades. Mais de 60 milhões de reais foram gastos nesta obra específica, sem uma finalização do projeto. Relevante inclusive é a atuação do Ministério Público Federal que propôs Ação Civil Pública com vistas a anular o contrato do Campus de Governador Valadares. Isso faz com que os contratos de locação se proliferem (UFJF, 2017b, p. 36).

O cenário incerto gerou uma série de manifestações promovidas pela comunidade acadêmica. Em 2015, por exemplo, estudantes impediram uma audiência que discutiria o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) para os próximos cinco anos. Entre gritos e cartazes, os manifestantes perguntavam pelo campus e exigiam a presença mais constante do reitor Júlio Chebli no campus avançado. Essa manifestação foi divulgada nos principais portais de notícias da região (ALUNOS..., 2015).

Em 2016, após Consulta à comunidade acadêmica, o professor Marcus David assumiu a reitoria da UFJF, herdando os problemas estruturais do campus Governador Valadares. Logo no início de sua gestão, viu estudantes do curso de Odontologia da UFJF-GV decretarem greve, viajarem até Juiz de Fora e acamparem no prédio da reitoria. Um local que comportasse todas as atividades clínicas, laboratoriais e de aula teórica era a principal reivindicação. Na oportunidade, o diretor da UFJF-GV, Peterson Andrade, definiu o campus

avançado como vítima de uma ―empurroterapia crônica‖ e de ser ―o ponto cego da UFJF‖ (AREAS, 2016). Nesta publicação Peterson ressaltou ainda que:

No dia 5 de fevereiro, os conselheiros do Conselho Superior da UFJF receberam o Memorando 13/2015, em que a Direção do Campus de Governador Valadares decretou Estado de Calamidade Acadêmica e Situação de Emergência Administrativa. Esgotamos todas as possibilidades para alertar sobre os problemas administrativos encontrados neste campus universitário‖ (AREAS, 2016, s/p).

Atualmente não há previsão para a retomada da obra do campus. Enquanto isso, a instituição trabalha em outras vertentes. Em julho de 2017, o MEC anunciou a liberação de verba para a compra do imóvel que pertencia a FAGV. No ano seguinte, embora não tenha recebido o valor integral prometido pelo MEC, o Conselho Superior da UFJF aprovou a aquisição do imóvel para instalação de parte do campus GV. O prédio estimado em R$ 9,5 milhões foi comprado com R$ 5 milhões liberados pelo MEC e o restante do valor decorrente de receita da própria UFJF. O MEC havia se comprometido a liberar mais R$ 4,5 milhões em 2019. Porém, em razão da urgência, o Consu decidiu aprovar a compra em 2018 e rediscutir a destinação desse valor quando fosse liberado pelo Ministério. Embora esteja longe de resolver todos os problemas de infraestrutura da UFJF-GV, a compra proporcionará mais ―segurança e estabilidade‖ para a instituição (UFJF, 2018a).

Mesmo adquirido pela UFJF, o antigo prédio da FAGV ainda não é utilizado pela comunidade acadêmica. Em reunião do Conselho Gestor, os conselheiros aprovaram a Resolução nº 01/2019, que aponta o perfil de uso do novo espaço da Universidade, porém sua ocupação integral ocorrerá após estudo técnico da equipe de infraestrutura e validação pela Comissão de Infraestrutura (UFJF, 2019c).

O Quadro 2, a seguir, apresenta como será feita a distribuição dos espaços do antigo prédio da FAGV entre os institutos e departamentos.

Quadro 2 – Perfil do uso do prédio adquirido pela UFJF-GV

Setor/demanda Responsáveis

1 Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI)/Servidor de internet

Coordenação Administrativa/NTI

2 Biblioteca Coordenação Acadêmica

3 Auditório do campus Coordenação Acadêmica

4 Sala de Videoconferência Direções de Unidade

5 Espaço para o Diretório Central dos Estudantes (DCE)

Coordenador Local do DCE 6 Núcleo de Práticas Jurídicas Departamento de Direito/ICSA 7 Sala administrativa para as secretarias dos cursos Direção do ICSA

8 Salas de aula no período matutino e vespertino de uso prioritário pela ICSA

Direção do ICSA

9 Salas de aula no período noturno Direções de Unidade

10 Sala dos professores Direções de Unidade

11 Sala para as coordenações de curso e chefias de departamento

Direção do ICSA

12 Sala para Direção e Secretaria da Direção do ICSA Direção do ICSA 13 Laboratório de Informática de uso prioritário pelo

ICSA

Direção do ICSA

14 Depósito Direções de Unidade

15 Almoxarifado para o ICSA Direção do ICSA

16 Almoxarifado de produtos químicos e Central de Resíduos

Direção do ICV

17 Núcleo de Economia Departamento de Economia/ICSA

18 Cessão onerosa de lanchonete para o prédio Gestor do contrato

19 Laboratório de Patologia Oral Departamento de Odontologia/ICV Fonte: UFJF (2019c).

Também em 2017, o MEC prometeu a liberação de recursos para a construção de um imóvel em um terreno doado à UFJF pela União. Em 2018, foi aberto edital para contratação de empresa para as obras de construção do novo prédio que será destinado aos departamentos de Farmácia e Nutrição da UFJF-GV, contemplando laboratórios, salas de aula, setores de apoio, administrativos e de atendimento. O prazo para o término das obras que tiveram início após a licitação, em fevereiro de 2019, é de 18 meses.

Conforme visto nesta subseção, a ausência de infraestrutura não só compromete a realização adequada das atividades acadêmicas e administrativas, como também cria problemas organizacionais e compromete a imagem institucional perante os públicos interno e externo. Cabe ao CCE trabalhar para solucionar estas questões por meio do gerenciamento de crises e da criação de uma política de divulgação da UFJF-GV.

De acordo com o Plano de Ação 2018-2020 da UFJF, a Imagem Institucional é um ―elemento de sustentação institucional da UFJF‖, cabendo ao setor responsável ―construir uma política de publicização transparente e inclusiva, divulgando e promovendo ações que construam uma imagem realista e de valorização da instituição‖ (UFJF, 2018b, p. 16).

Diante das responsabilidades elencadas, apresenta-se na próxima subseção o histórico e a estrutura do CCE em Governador Valadares.

No documento danterodriguesdossantos (páginas 30-33)