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3 MARCO TEÓRICO ___________________________________________________

3 MARCO TEÓRICO

3.1 CAPACIDADE PARA O TRABALHO

3.1.4 Promoção da capacidade para o trabalho

A promoção da capacidade para o trabalho é importante para as condições de vida e saúde futuras do trabalhador e também para os empregadores e a previdência social pela redução de gastos com aposentadorias precoces e pensões por afastamento, o que gera benefícios no aumento da produtividade, nas condições de saúde, na competência profissional e no retorno positivo das organizações de trabalho. O maior desafio é o suporte aos trabalhadores e as empresas para lidar com estas situações e mudar as rotinas de trabalho tornando-as inovadoras e flexíveis (MARTINEZ; LATORRE; FISCHER, 2010; SAMPAIO; AUGUSTO, 2012).

A mensuração da capacidade para o trabalho tem sido realizada no Brasil por meio do ICT, o qual pode ser utilizado a nível individual e coletivo. No nível individual permite a identificação do comprometimento da capacidade para o trabalho, subsidiando medidas de apoio e, no nível coletivo permite identificar tanto a capacidade para o trabalho quanto a capacidade funcional e os fatores causais, subsidiando medidas corretivas (MARTINEZ; LATORRE; FISCHER, 2010).

Baseado na lógica de que capacidade para o trabalho é construída sobre o equilíbrio entre os recursos de uma pessoa e as exigências de trabalho, a figura 3 ilustra a capacidade para o trabalho como uma casa de vários pisos. No térreo, primeiro piso, está a saúde e a capacidade funcional, física, psicológica e social, de grande importância na construção da capacidade para o trabalho por sustentar todos os outros pisos. O segundo piso representa o conhecimento profissional e as competências usados para atender às demandas de vida no trabalho. O terceiro piso é constituído por valores, atitudes e motivações no trabalho e na vida pessoal. No quarto piso estão o trabalho e os fatores relacionados, como as condições, as demandas, a organização, o gerenciamento e a supervisão no trabalho. A

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capacidade para o trabalho é o teto, a cobertura desta casa, a qual depende de todos os pisos para sua sustentação (ILMARINEN, 2005).

Figura 3 – Novas dimensões da capacidade para o trabalho a partir dos recursos humanos, trabalho e meio ambiente

Fonte: Sampaio; Augusto, 2012.

Além disso, o ambiente fora da casa é ilustrado pela família, comunidade, ambiente operacional e nível político. Este modelo enfatiza que quatro fatores influenciam na capacidade para o trabalho diariamente no local de trabalho e quatro fora do local de trabalho. Sendo que este modelo foi testado num projeto populacional na Finlândia e serve como um novo conceito para análise da capacidade para o trabalho (ILMARINEN, 2011).

No estudo de Seitsamo, Tuomi e Ilmarinen (2008), com 8.000 trabalhadores maiores de 30 anos, para testar este modelo conceitual da capacidade para o trabalho, evidenciou-se que competência, valores, atitudes e fatores relacionados à comunidade e à família apresentaram menor significância explicativa para variação da capacidade para o trabalho com a idade em comparação com os fatores relacionados ao trabalho e a saúde. Conclui-se ainda que a promoção da capacidade para o trabalho consiste num desafio multidimensional e interdisciplinar.

As medidas preventivas devem ser adotadas de forma sistematizada. Quando o trabalhador apresenta uma boa capacidade para o trabalho se faz necessário manter e preservar esta situação através da ampliação dos fatores relacionados ao trabalho e aos estilos de vida. Mas, quando não apresenta uma boa capacidade para o trabalho, deve-se implementar mudanças nas condições de trabalho e no estilo de vida do trabalhador (SAMPAIO;

AUGUSTO, 2012). Este modelo pode ser aplicado no planejamento de projetos, ações, políticas e legislação com o objetivo de apoiar a capacidade para o trabalho e carreiras de trabalho mais longas (ILMARINEN, 2011).

As intervenções para promoção da capacidade para o trabalho devem considerar a multidimensionalidade para aumentar a qualidade do trabalho, da produtividade, a qualidade de vida e bem-estar do trabalhador no período em que estiver ativo e também na terceira idade. É composta de vários desafios, entre eles a elaboração de indicadores positivos de saúde, definições de determinantes diferentes nas ações para promover a capacidade e prevenir a incapacidade para o trabalho, empenho na promoção para grupos diferenciados e iniciar a promoção no início da vida profissional (SAMPAIO; AUGUSTO, 2012).

Para a manutenção e promoção da capacidade para o trabalho é necessária a cooperação entre trabalhadores e gestores, sendo que esta não está separada da vida fora do trabalho. Com isso a família e a comunidade próxima do trabalhador podem afetar a capacidade ao longo da vida. Entretanto, a sociedade que fecha o círculo do edifício é quem constrói a infra-estrutura, as regras e os serviços que podem também afetar a capacidade para o trabalho (ILMARINEN, 2005).

Ilmarinen (2005) apresenta também um modelo de base operacional para a manutenção da capacidade para o trabalho. O modelo é formado pelo conjunto de ações sistemáticas e intencionais decididas entre o empregador e o empregado e as cooperativas organizacionais do trabalho para apoiar e promover a capacidade de trabalho e saúde durante a vida profissional. Os objetivos principais são melhorar as condições, o ambiente e a organização do trabalho e promover a saúde e a competência profissional.

Para realizar as ações de manutenção da capacidade para o trabalho devem-se abranger todas as dimensões que a englobam. Os efeitos desta manutenção, ou melhor, da promoção da capacidade para o trabalho, conferem estado de saúde, capacidade funcional e qualidade de vida elevada até a aposentadoria com um envelhecimento ativo e uma melhor terceira idade. Estes resultados reforçam os efeitos de que as fases da vida refletem uma na outra (ILMARINEN, 2005).

Na Finlândia, a promoção da saúde e da capacidade funcional consiste em uma política estratégica do Ministério Finlandês dos Assuntos Sociais e da Saúde e uma meta nacional devido ao envelhecimento da população (ILMARINEN, 2005), obtendo resultados positivos e espelhando novas ideias para outros países que vivem a mesma situação do envelhecimento populacional em massa.

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3.2 ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO: ESTUDOS DE VALIDADE E