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A Promoção de um Pólo Mínero-químico no Estado de Sergipe é uma Iniciativa

3.6 O Estagio Atual do Aglomerado Mínero-químico de Sergipe

3.6.1 A Promoção de um Pólo Mínero-químico no Estado de Sergipe é uma Iniciativa

?

Esta discussão teve início nos primeiros anos da década de 1970, quando a mineração foi colocada como uma saída para Sergipe.

Naquele período, o Governo de Sergipe, ciente da viabilidade da exploração de grandes e importantes riquezas minerais, representadas pelas jazidas de sais de potássio, de sais de magnésio, salgema, calcário, além de petróleo e gás, vislumbrou que um poderoso complexo industrial envolvendo desde as atividades de extração de sais minerais e petróleo até as relacionadas às cadeias barrilha-vidro-detergente, soda-cloro e petroquímica poderia ser instalado no Estado de Sergipe.

Os principais atores econômicos naquela época, em particular o governo local, através do Conselho do Desenvolvimento Econômico de Sergipe (CONDESE), depositaram uma grande esperança de vir a ser o Estado contemplado com um Pólo Cloroquímico. Este foi concebido para a produção de soda cáustica e barrilha, aproveitando o cloreto de sódio associado ao cloreto de potássio que viria a ser extraído das rochas silvinita. Qual foi o resultado? Não foi atraída nenhuma empresa interessada em concretizar aquele projeto. As razões são muitas e de naturezas diversas, entre elas são citadas:

• Em 1975, foi implantada em Alagoas, Estado vizinho a Sergipe, a Salgema Indústrias Químicas S/A para transformar sal em cloro e soda cáustica. Hoje se chama Braskem. • Expansão das unidades da Braskem localizadas nos Estados de Alagoas e Bahia. • A produção de barrilha por método não convencional.26 Os Estados Unidos produz

barrilha natural (trona) a custo muito baixo e exporta para o Brasil.

• O encontro histórico entre o Estado de Sergipe e a companhia Nacional de Álcalis (CNA), única produtora de barrilha da América do Sul, articulado pelo o Governo do Estado não saiu do papel, apesar do depoimento favorável do general Edmundo Orlandini, presidente da CNA, além de varias manifestações de autoridades federais no início da década de 1970 apoiando o projeto27.

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Esta discussão foi realizada durante as entrevistas com gerentes das empresas pertencentes ao setor mínero- químico de Sergipe.

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Método convencional: produção de barrilha a partir do cloreto de sódio. 27

General Edmundo Orlandini, Presidente da CNA: “ao que tudo indica, O estado de Sergipe e a Companhia Nacional de Álcalis têm um encontrado marcado na história. .Sendo a barrilha um produto mundialmente de baixa rentabilidade, todas as fábricas se esforçam por ter fontes de insumos naturais de sal e calcário próprias,

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• O Conturbado processo de Privatização da Companhia Nacional de Álcalis, até hoje não resolvido.

A unidade fertilizante da CVRD produz cloreto de sódio, matéria-prima básica para a produção de barrilha e soda-cloro, mas infelizmente descarta a maior parte dele no mar. A empresa estrategicamente tem procurado parcerias com outras empresas para desenvolver projeto que viabilize o aproveitamento do cloreto de sódio, não com o objetivo de criar uma unidade de negocio que produza barrilha, mas acordos específicos. Até o presente momento, todos os projetos mostraram-se inviáveis economicamente para ambos os lados.

Por outro lado, em relação as rochas de carnalita que puxam a produção de potássio fertilizante e magnésio metálico – substituto do alumínio –, a CVRD, atualmente, está testando um processo de mineração por solução para ver se consegue o aproveitamento dessa rocha com fins específicos da obtenção de cloreto de potássio. No passado quando se avaliava a possibilidade do aproveitamento comercial da carnalita, falava-se numa ótica visionária que o magnésio por ser mais leve do que o alumínio, poderia ser mais utilizado pela indústria automobilística (bloco de Motor). Na verdade isso não ocorreu, em razão do tamanho do mercado – 500 mil toneladas em 2004, o que recorria a um problema de escala ineficiente. Também, trata-se de um metal não negociado em bolsa. Dois fatos vêm de encontro ao crescimento da produção de magnésio metálico no Brasil:

• O fechamento da Dow Quimic maior produtora mundial de magnésio metálico.

O surgimento de muitas empresas na China produzindo em pequena escala que em termos agregados cobre uma fatia significativa do mercado de magnésio metálico. Talvez isto seja uma das causas que levou a Dow Quimic a fechar as suas instalações.

As unidades de Negócios atuantes no setor mínero-químico de Sergipe não têm uma visão de Pólo. O foco não é este para UN-SEAL-Petrobrás, FAFEN-SE, CVRD e para as empresas cimenteiras. A Petrobrás entrou na mina Taquari-Vassouras para produzir potássio fertilizante por uma determinação governamental, não porque fosse um interesse estratégico da Petrobrás. Hoje, dentro do planejamento estratégico do Sistema Petrobrás não existe uma diretriz de ir para área mineração. Ou seja, a mineração está fora do posicionamento estratégico da Petrobrás. Para isto acontecer teria que haver uma mudança de orientação estratégica por determinação do governo federal. Não é uma coisa que tenha sinergia com a

evitando o intermediário. É lícito esperar-se que em Sergipe venhamos a ter o sal pela vigésima parte do preço obtido em Cabo Frio e do calcário pela quinta parte”. O Ministro Pratini de Moraes determinou que o projeto da Álcalis-Nordeste, como foi chamado, fosse de pronto duplicado, ou seja, estabelecido para 400 mil toneladas por ano. (Mineração Saída para Sergipe)

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exploração e produção de petróleo e gás, produzir potássio, barrilha, soda cáustica e cloro. Produzir amônia e uréia sim, porque a matéria prima é o gás natural. Não existe uma base de tecnologia a ser compartilhada. Em comum é a exploração dos recursos naturais. Existe uma sinergia em compartilhar infra-estrutura física, capital humano, fornecedores de matérias e serviços, em razão da proximidade física. No entanto, eventualmente, quando os geólogos procuram petróleo, eles podem confirmar a existência de outras riquezas do solo, entre elas minerais.

Pólo é um grupo de firmas concentradas em um determinado espaço geográfico, trabalhando num setor específico, normalmente utilizando base tecnológica similar. A característica fundamental do pólo é a presença de uma grande empresa ou grupo comandando, como exemplo, a Petromisa capitaneou a formação dos três pólos petroquímicos brasileiros COPENE (atual Brasken), COPESUL e PETROQUÍMICA UNIÃO, através do controle das centrais de matérias-prima. O Pólo Gás Químico do Rio de Janeiro tem a Petrobrás como a empresa mãe que investiu pesado. As empresas que usam as matérias-prima produzidas no Pólo Gás-Químico, logo se acumularam em torno dele, que fica próximo a Refinaria de Duque de Caxias (RJ). Como se vê, os pólos estão ancorados em grandes projetos de investimentos geograficamente localizados e que mantém fortes vínculos com suas áreas de influência política, social, econômica e institucional, conforme Haddad (2001) chama a atenção:

• Indústrias motrizes são atores econômicos dominantes no crescimento econômico de regiões e localidades.

• Um pólo de desenvolvimento tem capacidade de induzir transformações na sua área de influencia denominados “efeitos de arrasto”, gerados por indústrias motrizes e dinâmicas.

Assim, do ponto de vista das empresas, o elemento básico que poderia uni-las entre si em torno de um projeto de pólo de desenvolvimento é encontrar uma empresa motriz ou uma empresa mãe, capaz de criar sinergias entre os atores econômicos e atrair grandes projetos de investimentos. O problema é este, ir de encontro ou não com as estratégias das empresas do segmento produtivo mínero-químico sergipano. Neste caso, não será preciso quebrar o paradigma de pólo de desenvolvimento e enfatizar a cadeia de valor em que as empresas interagem e colabora uma com as outras nas áreas de produção, comercialização e tecnológica? Ou seja, focalizar as relações e interações das empresas do Aglomerado Mínero- Químico de Sergipe com seus fornecedores e clientes locais, regionais, nacionais e

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estrangeiros. Para Schmtz(2005), cresce a importância de explorar o ambiente externo dos aglomerados em razão dos desafios colocados pelos os mercados nacionais ou regionais, bem com das possibilidades de exportação e da abertura do mercado doméstico as importações – grandes segmentos são caracterizados pela demanda por alta qualidade, rápida entrega e inovações.