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2.3. Ensinar ciências às crianças do 1.º CEB

2.3.5. A promoção de uma atitude positiva face às ciências e a renovação do papel do

Devido ao desenvolvimento das Ciências da Educação foi reconhecida a importância das atitudes em todo o processo educativo, incluindo no ensino de Ciências, com a introdução no currículo de enunciados direcionados para o desenvolvimento de atitudes científicas e atitudes positivas face à ciência (Harlen, 2007).

As atitudes dos alunos, perante as diversas situações de aprendizagem, são fundamentais para que possam aprender de forma significativa. Assim, quando as atitudes dos alunos são negativas, perante o ensino e a aprendizagem, leva a que as aprendizagens nas diferentes áreas curriculares sejam afetadas. Para que tal não suceda, Harlen (2007) sugere que as novas ideias desenvolvidas pelos alunos se possam relacionar de maneira bastante sensata com a experiência quotidiana dos mesmos. Isto é, de uma maneira que a ciência chame de algum modo a atenção dos alunos como algo que pode ser divertido e útil desde uma idade precoce.

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Posto isto, é essencial promover o desenvolvimento de atitudes positivas face à aprendizagem das várias áreas curriculares, pois possibilita “que as crianças estejam sempre recetivas a novas tentativas e mantenham abertas as portas para o sucesso, mesmo quando o insucesso acontece” (Sá, 2002, p. 68).

Na aprendizagem das ciências, bem como noutras áreas curriculares, a afetividade e as emoções são tão importantes para os que aprendem como também para os que ensinam. Os sentimentos, a imagem que cada um possui de si próprio, a autoestima, os valores pessoais, a motivação e os interesses, constituem variáveis significativas quando se trata de explicar por que razão os alunos não aprendem de igual forma. Deste modo, quanto mais positivas forem as atitudes das crianças, mais os sentimentos de autoestima dos indivíduos auxiliam na construção de uma imagem de si próprios como sujeitos competentes, com recursos e capazes de aprender (Sanmartí, 2002).

Tendo em conta que o processo de ensino e aprendizagem assenta numa perspetiva sócio construtivista com base na atividade física e/ou intelectual, importa referir alguns aspetos a nível da renovação do papel do aluno na aprendizagem e o papel do professor enquanto mediador de conhecimentos, sendo estes bastante díspares da perspetiva tradicionalista (Fialho, 2010).

Tabela 2 - Retirado de Fialho (2010, p. 4). Pressupostos da aprendizagem

sócio construtivista Papel do professor

As crianças constroem o conhecimento a partir das ideias e conhecimentos que já possuem.

As ideias e conhecimentos prévios condicionam a forma como a criança observa e interpreta os dados.

Fazer emergir as ideias e conhecimentos prévios das crianças através de perguntas, desenhos e questionários, mais ou menos estruturados.

A maior parte das ideias e explicações das crianças diferem significativamente dos conceitos científicos.

Escutar e valorizar todas as ideias e explicações, procurando saber as causas/razões que conduziram a esses pensamentos. Deve assumir uma atitude positiva perante o erro, ao invés de corrigir ideias ou respostas incorretas, deve colocar questões, ajudar as crianças a explicarem-se melhor, incentivá-las a reformularem frases confusas, a terminarem frases incompletas, ou a utilizarem um termo mais adequado.

As representações que as crianças constroem sobre o mundo são fruto da sua experiência quotidiana.

Levar as crianças a contactarem com outras ideias sobre o mesmo assunto ou fenómeno, promovendo a partilha de ideias com outras crianças, a realização de pesquisas em diversas fontes ou de experimentações que ofereçam novos pontos de vista.

A aprendizagem de natureza construtivista realiza-se com base na atividade física ou intelectual.

A construção do conhecimento científico deve ser mediada pelo professor que deverá criar situações

22 Desde cedo, as crianças reagem às situações, usando estratégias de resolução de problemas, quer através da manipulação direta de objetos e materiais, quer através da interação social com os seus pares ou com os adultos.

Algumas das situações problemáticas que a criança tenta resolver são geradas por ela própria na tentativa de dar sentido ao que observa.

desafiantes e estimulantes que promovam a interação com objetos e materiais e situações e incentivem a interação social entre as crianças e entre estas e os professores.

As representações sobre o mundo, que as crianças constroem informalmente, são muito resistentes à mudança e persistentes.

Promover o confronto das ideias das crianças com evidências, criando condições para o desenvolvimento e a evolução gradual destas até ao conhecimento científico, num percurso de racionalidade crescente.

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CAPÍTULO III

Plano Geral de Intervenção

O desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica, do qual resultou o presente relatório de estágio, teve por base um conjunto de planos de ensino-aprendizagem na abordagem das ciências – planificação. Consequentemente, procedeu-se à implementação desses planos – ação. Tratou-se de uma ação observada – observação, que recolheu dados, sendo estes objeto de reflexão na e sobre a ação – reflexão. Desta forma, o projeto de intervenção pedagógica teve subjacente uma metodologia de investigação-ação.

Assim, foram construídos 5 planos de aula para abordar diferentes tópicos da componente curricular de Ciências do programa do 1º ano de escolaridade de Estudo do Meio. Na sequência dos mesmos, foi realizada a observação participante que culminou na elaboração de diários de aula, os quais constituíram, por um lado, um método de registo de dados e, por outro lado, uma estratégia de reflexão e modelação do processo de ensino-aprendizagem, pois servem de suporte à reflexão sobre a ação e consequente melhoria da intervenção pedagógica (Zabalza, 2004).

Para além dos diários de aula, foram ainda utilizados outros instrumentos de recolha dos dados gerados na sala de aula, por via da intervenção pedagógica de ensino experimental das ciências, nomeadamente: a) os registos efetuados pelos alunos em cada aula; b) a aplicação de um teste de avaliação das aprendizagens realizadas pelos alunos; c) a aplicação de questionários para avaliar o impacto da intervenção, por comparação com uma abordagem que utilizou, como principal estratégia, a exploração de histórias infantis, na abordagem de tópicos curriculares de ciências.

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