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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

2. Propósito e opções metodológicas

Neste subcapítulo apresentamos o propósito que orientou o estudo, explicitando, também, os eixos, objetivos e questões da investigação (secção1) e evidenciamos, descrevemos e justificamos as opções metodológicas que permitiram desenvolver o trabalho empírico em função do objeto de estudo (secção 2).

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2.1. Propósito do estudo: eixos, objetivos e questões de estudo

O propósito deste estudo é o de compreender (descrever e analisar) a ação dos peritos

externos nos processos de regulação inerentes à concretização do programa TEIP2. A partir

deste propósito, formulámos a seguinte questão central para a nossa investigação: Qual o papel dos peritos externos (e do conhecimento pericial) nos processos de regulação do programa TEIP2?

No sentido de procurarmos dar resposta a esta questão, estruturámos o trabalho de investigação em quatros eixos de análise e, para cada eixo, estabelecemos objetivos e questões de investigação (cf. Tabela 14).

Tabela 14

Dimensões e questões de investigação

Eixos de análise Objetivos QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

I – Caracterização dos peritos externos das equipas

multidisciplinares do programa TEIP2.

- Caracterizar o perfil socioprofissional dos peritos

externos mobilizados para as

equipas multidisciplinares. - Caracterizar o processo de recrutamento dos peritos

externos mobilizados para as

equipas multidisciplinares. - Identificar as prescrições criadas para a orientação da ação dos peritos externos, emanadas pelo regulador institucional.

1. Quem são os peritos externos convocados para as equipas multidisciplinares?

2. Qual o perfil dos peritos externos das equipas multidisciplinares?

3. Qual o vínculo destes peritos com a instituição à qual pertencem?

4. Como foram convocados os peritos externos para as equipas multidisciplinares?

5. Que prescrições foram criadas para a orientação da ação dos peritos externos do ponto de vista normativo?

6. Que prescrições foram criadas para orientar a ação

dos peritos externos pela CCP/Equipa TEIP2?

II - A construção do papel dos peritos externos (na e através da prática) no programa TEIP2. - Identificar as prescrições que balizam (situacionalmente) a intervenção dos peritos

externos.

1. Segundo os peritos, que prescrições balizam o trabalho do perito externo?

2. Como percepcionam – descritiva e avaliativamente – o seu o trabalho?

- Caracterizar a intervenção dos peritos externos no programa TEIP2.

3. Que práticas desenvolvem os peritos externos na sua intervenção?

4. Como caracterizam as condições de trabalho que encontram aquando a sua intervenção.

5. Quais as expectativas dos peritos externos em relação à sua ação (iniciais e atuais)?

- Conhecer que tipos de conhecimento os peritos

externos mobilizam na sua

intervenção.

6. Que conhecimentos (técnico-científicos, práticos, etc.) são mobilizados pelos peritos externos na sua ação nas equipas TEIP2?

7. Como é que os peritos externos fazem a transferência e a incorporação do conhecimento na sua ação?

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III – Os modos de regulação construídos no programa TEIP2.

- Analisar a configuração das relações entre os peritos

externos e os vários atores.

1. Como se relacionam os peritos externos com a administração da educação (DGE e DRE)?

2. Como foi construída a relação entre os peritos

externos e a administração da educação (DGE e

DRE)?

3. Como se relacionam os peritos externos com as E/AE (equipa multidisciplinar, direção, professores, alunos)?

4. Como foi construída a relação dos peritos externos com as E/AE (equipa multidisciplinar, direção, professores, alunos)?

5. Como se relacionam os peritos (mesma instituição/ entre peritos de instituições diferentes)?

6. Como foi construída a relação entre os peritos (mesma instituição/ entre peritos de instituições diferentes)? IV – Produção e circulação do conhecimento no programa TEIP2. - Caracterizar os processos de produção do conhecimento. - Descrever os processos de circulação do conhecimento.

1. Quem produz conhecimento sobre o programa TEIP2?

2. Que tipo de conhecimento é produzido?

3. Que tipo de conhecimento é divulgado pela DGIDC para os peritos externos e vice-versa? 4. Como é realizada a divulgação desse conhecimento?

No primeiro eixo de análise, pretendemos identificar e caracterizar todos os peritos

externos convocados para o programa TEIP2, no que diz respeito ao seu perfil

socioprofissional. Ainda neste eixo, pretendemos também analisar as formas de recrutamento do perito externo, bem como as orientações que são emanadas do regulador institucional para a sua ação. O segundo eixo de análise visa descrever e analisar a ação de doze peritos

externos e os papéis que estes atores constroem na e através da sua prática. É no terceiro eixo

de análise que o nosso olhar se centra nos modos de regulação que são criados pela interação entre os vários atores do programa TEIP2. Por fim, no quarto eixo de análise, pretendemos descrever e analisar os modos de produção e circulação do conhecimento no programa TEIP2 e perceber quem são os atores que produzem este conhecimento e que tipo de conhecimento é produzido pelos mesmos.

2.2. Opções metodológicas

Este estudo é naturalista, descritivo e assume uma abordagem interpretativa. Naturalista porque a investigação se centra em “situações concretas existentes e identificáveis pelo investigador, sem intervenção, em termos de manipulação, física e deliberada, de quaisquer variáveis” (Afonso N., 2005, p. 43). Tem um carácter descritivo, pois procede

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“uma narrativa ou descrição de factos, situações, processos ou fenómenos que ocorrem perante o investigador, quer tenha sido directamente observados por ele quer tenham sido identificados e caracterizados através de material empírico relevante” (idem, ibidem). A narrativa do nosso estudo é resultado da análise do material empírico proveniente de informação qualitativa (relatórios, análise das entrevistas, normativos, entre outros), mas também de informação quantitativa (e.g., caracterização dos peritos externos do programa TEIP2), ainda que tenha uma expressividade menor. De qualquer modo, seguimos de perto o que defende Frederick Erickson (1986, citado por Hébert-Lessard, Goyette, & Boutin, 2010) para quem “determinadas quantificações são também possíveis no âmbito” (p. 32) de abordagens mais qualitativas.

Finalmente, seguimos uma abordagem interpretativa uma vez que analisamos “a realidade social a partir do interior da consciência individual e da subjetividade, no contexto da estrutura de referência dos actores sociais, e não na do observador da acção” (Afonso N., 2005, p. 34). Neste paradigma o estudo da ação não visa descrever e analisar o comportamento dos atores, mas aquilo que resulta do seu comportamento físico e dos significados que atribuem através das suas interações sociais (Cohen & Manion, 1995; Hébert-Lessard, Goyette, & Boutin, 2010).

Esta investigação combina dois estudos, que são também duas aproximações distintas, mas complementares na ação do perito: uma de natureza extensiva e outra de natureza intensiva. Na primeira aproximação, que corresponde aos primeiro e quarto eixo do estudo, centramo-nos: i) no mapeamento e caracterização dos peritos externos recrutados para as equipas multidisciplinares no âmbito do programa TEIP2 e na análise das prescrições para a ação deste ator (Eixo I); ii) nos processos de produção e circulação do conhecimento no programa TEIP2 (Eixo IV). Na segunda aproximação, que corresponde ao segundo e terceiro eixos, centramo-nos na inquirição realizada a 12 peritos externos a partir da qual analisamos o papel deste ator (na e através da prática) (Eixo II) e os modos de regulação construídos no programa (Eixo III). Na Figura 3 apresentamos o design do estudo, referindo também o período de duração de cada estudo realizado.

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Figura 3 – Design do estudo

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