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Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a Disciplina de Língua

Capítulo 1 – Fundamentação Teórica

1.2 Documentos Oficiais

1.2.2 Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a Disciplina de Língua

Como disposto no capítulo de apresentação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo - LEM (São Paulo, 2008, p. 8), a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo elaborou um projeto que visa a propor um currículo para os níveis de Ensino Fundamental do ciclo II e do ensino Médio com a pretensão de apoiar o trabalho realizado nas escolas estaduais contribuindo para a melhoria da qualidade da aprendizagem de seus alunos. A Secretaria procura, também, cumprir seu dever de garantir a todos uma base comum de conhecimentos e competências, para que as escolas funcionem de fato como uma rede.

A proposta se diz um documento básico que apresenta os princípios orientadores para uma escola capaz de promover as competências indispensáveis ao enfrentamento dos desafios sociais, culturais e profissionais do mundo contemporâneo propondo princípios orientadores para a prática educativa, a fim de que as escolas possam se tornar aptas a preparar seus alunos para esse novo tempo priorizando a competência de leitura e escrita no processo de ensino- aprendizagem de Língua Inglesa (Proposta Curricular do Estado de São Paulo - LEM (São Paulo, 2008, p.8).

Com a proposta curricular, há outro documento de Orientações para a Gestão do Curriculo na Escola que é dirigido aos gestores. Este segundo documento conta com o apoio dos gestores para a implementação da Proposta Curricular nas escolas públicas de São Paulo e, também, com a garantia do Projeto Pedagógico que assegure a aprendizagem dos alunos com base nos conteúdos e competências previstas nesta Proposta Curricular do Estado de São Paulo - LEM (São Paulo, 2008)

Por fim, há outro documento que compõe o projeto, o Caderno do Professor de LEM - Inglês, é organizado por disciplina e por bimestre e apresenta situações de aprendizagem que orientam o professor em seu trabalho por meio do ensino dos conteúdos disciplinares específicos. Esses conteúdos bem como as habilidades e as competências sugeridas nesse documento, estão organizados de acordo com a série e apresentam orientações para sua realização em sala de aula, além de sugestões de avaliação e recuperação. O professor conta ainda com dias de métodos e estratégias de trabalho nas aulas.

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Este material servirá como dado na análise desta pesquisa e será visto mais à frente ainda neste capitulo.

A Proposta Curricular do Estado de São Paulo – LEM (São Paulo, 2008, p.10) preocupada com a qualidade dos desafios contemporâneos, espera que a qualidade do convívio, dos conhecimentos e competências constituídas na vida escolar seja fator determinante para a participação ativa do indivíduo na sociedade, sendo capaz de agir criticamente e se renovar a cada dia. Para que o acesso à educação tenha função inclusiva, o documento afirma ser indispensável à universalização da relevância da aprendizagem, diminuindo distâncias e aumentando o acesso à informação e ao conhecimento de forma a considerar as diferenças culturais, sociais e econômicas para evitar a exclusão.

Em resumo, a Proposta Curricular do Estado de São Paulo - LEM (São Paulo, 2008, p.11) tem como princípios centrais6: a escola que aprende, o currículo como espaço de cultura, as competências como eixo de aprendizagem, a prioridade da competência da leitura e escrita, a articulação das competências para aprender e a contextualização no mundo do trabalho.

No que se refere especificamente ao ensino de Língua Estrangeira (LEM) para o Ensino Fundamental (ciclo II), de acordo com esse documento, no contexto da educação regular, a disciplina Língua Estrangeira Moderna (LEM) contribui decisivamente para a formação mais ampla do indivíduo, visto que possibilita o contato do educando com outros modos de sentir, viver e expressar-se (Proposta Curricular do Estado de São Paulo – LEM (São Paulo, 2008, p.41). Essa observação nos remete ao que os PCN-LE (Brasil, 1998) acreditam ser contribuição para a construção de competência discursiva do aluno. Nessa direção, o documento tem como objetivo oferecer uma perspectiva pluricêntrica, que considera as diferenças das línguas e seus povos e, ainda, os conhecimentos e experiências vividas na língua materna.

Nesse sentido, segundo a Proposta Curricular do Estado de São Paulo – LEM (São Paulo 2008, p.41), promover no ambiente educacional uma reflexão sobre essas experiências pode constituir-se num fecundo instrumento para sua formação humana e cidadã.

O documento em questão faz um breve histórico quanto ao papel da LEM como componente curricular em 1855 e as significativas mudanças ocorridas no decorrer dos anos. Nessa trajetória, duas principais orientações metodológicas destacaram-se: a orientação de ênfase

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estruturalista e a de ênfase comunicativa. Segue breve resumo de cada uma delas, conforme consta na Proposta Curricular do Estado de São Paulo – LEM (São Paulo, 2008, p. 42)

A primeira (ênfase estruturalista) tem como palavra chave SABER. Nela, o conhecimento da língua ocorria por meio de um sistema de regras.Conhecimento da língua como sistema de regras esteve em primeiro plano com conteúdo relacionado à estrutura como mero objeto para preenchimento das lacunas das estruturas estudadas. Nos textos predominavam-se a estrutura gramatical, a explicitação de regras, a formação de tempos verbais, seguidos de exercícios de aplicação de regras e descontextualizados.

Quanto à segunda (ênfase comunicativa) a palavra-chave é FAZER. Neste caso, o uso estava em primeiro plano pautado nas funções comunicativas: cumprimentar, trocar informações pessoais, perguntar e responder sobre acontecimentos temporalmente identificados. Essas funções tornaram-se o eixo comunicativo do currículo, eram trabalhadas como se fossem passíveis de reprodução, ou seja, como se as realizações comunicativas pudessem ser previstas. Apesar dessa ênfase propor um trabalho com as quatro habilidades (ler, falar, ouvir e escrever), a prática oral (fluência) era colocada na questão central de forma que as outras habilidades tivessem caráter apenas complementar do conteúdo desenvolvido.

A ênfase comunicativa foi marcada pela Proposta Curricular da SEE nos anos de 1988 e, na prática, por quase não ter sido instalada nas escolas, reduziu-se ao ensino de algumas funções comunicativas com muita influência da visão estruturalista.

Com o surgimento de uma sociedade contemporânea de avanços da linguagem e da tecnologia, essas funções comunicativas cederam espaço a uma terceira visão - o letramento - que se baseia na relação saber e fazer em múltiplas linguagens e gêneros discursivos na tentativa de contribuir na construção da autonomia intelectual por meio da reflexão do aprendiz e, consequentemente, para sua formação cidadã. (Proposta Curricular do Estado de São Paulo – LEM São Paulo, 2008, p.42)

A terceira concepção faz parte da atual orientação curricular, pois pressupõe uma alteração significativa no conceito de conteúdo em LEM. Assim:

Não se trata mais de privilegiar a gramática ou as funções comunicativas, mas de promover o conhecimento e o reconhecimento de si e do outro, traduzido em diferentes formas de interpretação do mundo concretizadas nas atividades de produção oral e escrita, desenvolvidas em cada uma das etapas da

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escolarização. (Proposta Curricular do Estado de São Paulo – LEM, São Paulo,

2008, p.43)

Além de todos os princípios que essa nova orientação acredita ser fundamental na melhoria da qualidade de ensino da rede pública estadual, ela também considera que todo esse processo possa estabelecer relativa continuidade entre o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, fato este que como foi mencionado na introdução deste trabalho, nem sempre acontecia em relação à organização dos conteúdos.

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