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Proposta de Formação Continuada da Secretaria Estadual de Educação –

CAPÍTULO 3 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

3.5 Formação Continuada de Professores em Alagoas

3.5.2 Proposta de Formação Continuada da Secretaria Estadual de Educação –

A proposta de Formação Continuada da Secretaria Estadual de Educação – SEE – AL foi elaborada a partir da constatação de diversas dificuldades educacionais do Estado de Alagoas, entre elas as altas taxas de analfabetismo e os baixos índices30 de desempenho escolar. Nesse sentido, essa proposta espera a melhoria da eficiência e da prática educacional dos profissionais atuantes nos diversos setores da rede estadual (ALAGOAS, 2010).

30 Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP (2010) revelam que

Alagoas tem um dos piores índices educacionais do país. Observou-se ainda o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, além das notas no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – e no Sistema de Avaliação do Estado de Alagoas – SAVEAL.

Para a construção da proposta, foram analisadas experiências de formação já desenvolvidas pela SEE/AL e também por outros estados brasileiros, buscando-se a melhoria da eficiência e da prática educacional dos profissionais atuantes nos diversos setores da rede estadual (ALAGOAS, 2010). Essa proposta considera “inquestionável a necessidade de qualificação contínua e permanente dos profissionais responsáveis pela realização do trabalho educativo escolar” (Ibid., p.6). Esse documento apresenta quatro experiências de formação continuada (ALAGOAS, 2010, p. 11-12):

a) A primeira experiência se refere à constituição de uma equipe própria para definir as políticas de formação e sua execução junto às escolas da rede municipal de Manaus – AM, concentrando suas atividades no Centro de Formação de Professores. Segundo o documento, essa experiência é interessante, mas bastante centralizada e desvinculada da gestão educacional;

b) A segunda experiência se refere a grupos de estudos constituídos pelos profissionais das escolas da rede pública estadual de ensino do Paraná. Esses grupos discutem temáticas com a finalidade de resolver as necessidades locais das práticas educativas e publicam suas experiências num ambiente virtual colaborativo desenvolvido pela gestão educacional, possibilitando a troca de experiências. Além disso, a Secretaria Estadual de Educação do Paraná incentiva a produção científica dos professores;

c) A terceira experiência refere-se às atividades formativas desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Educação de São Paulo, que enfatiza a formação à distância, por meio de redes virtuais de formação;

d) A quarta experiência refere-se ao Centro de Referência Virtual do Professor – CRV, em Minas Gerais, que é um portal educacional da Secretaria de Estado de Educação que oferece recursos de apoio aos professores, servindo como suporte na troca de experiências e no trabalho colaborativo.

Podemos perceber que a proposta intenciona desenvolver experiências no Estado de Alagoas baseadas na análise de outras realidades. Segundo esse documento:

Essa análise possibilitou o destaque de elementos interessantes às necessidades identificadas e possíveis de customização à realidade educacional de Alagoas, tais como a implantação de grupos de estudos nas escolas, cursos online, redes virtuais de formação, ambientes colaborativos etc. Além disso, foram inseridas no programa as formações ofertadas pelo MEC na Plataforma Paulo Freire. Com base nessas análises, a equipe de técnicos da SEE/AL desenvolveu uma proposta de formação continuada para a rede pública estadual, considerando a possibilidade de integração com as redes municipais, conforme os encaminhamentos já adotados pelo MEC com relação à formação inicial. (ALAGOAS, Ibid., p. 10)

Nesse cenário, os aspectos apresentados na proposta indicam que a formação continuada em Alagoas, assim como em outras realidades brasileiras, apresenta diversas dificuldades e lacunas, como por exemplo, a falta de um ambiente colaborativo entre os professores e os demais atores educativos; a falta de estrutura das redes virtuais de formação; e, a oferta centralizada de cursos.

Tais dificuldades confirmam que algumas iniciativas públicas de formação continuada adquiriram o perfil de programas compensatórios, sendo realizados com a finalidade de suprir as lacunas da formação anterior (GATTI, 2008). Sobre isso, a Proposta de Formação Continuada da Secretaria Estadual de Educação – SEE – AL (2010) revela que o modelo de formação aplicado se resume a cursos componentes dos programas do MEC, muitas vezes desconectados da realidade das escolas públicas estaduais alagoanas.

Dessa forma, a proposta evidencia diversas lacunas na formação continuada, dentre as quais destacamos: infraestrutura inadequada; falta de referencial curricular; desarticulação e desagregação do trabalho educacional; falta de um planejamento institucional.

Segundo a proposta (2010, p. 11), essas lacunas influenciam a manutenção dos baixos índices educacionais em Alagoas, acrescentando que nos cursos de formação continuada oferecidos:

a) Há uma supervalorização da teoria sobre o fazer pedagógico, tornando a abordagem desinteressante, visto que esta se distancia da realidade em que o professor está inserido.

b) Não há integração entre os profissionais das instituições formadoras e os profissionais da gestão educacional da SEE/AL;

c) Não há compromisso dos profissionais da educação, diante das dificuldades enfrentadas nas práticas educativas;

d) Não há ações afirmativas para a participação dos professores em cursos de formação continuada;

e) Há priorização da participação de professores de Matemática e Português, ou ainda, de docentes que ensinam 5º e/ou 9º anos do Ensino Fundamental e/ou do 3º ano do Ensino Médio nas ações formativas;

f) Responsabilizam-se os gestores (diretor e coordenador pedagógico) da unidade escolar pela implantação e monitoramento das atividades formativas, impondo-lhes encargos que deveriam ser compartilhados com todos os agentes do processo educativo;

g) Atrela-se fortemente a formação continuada à necessidade de melhoramento dos índices educativos;

h) Vinculam-se as ações da SEE/AL às das redes públicas municipais, o que desencadeia a aplicação do mesmo modelo.

Diante disso, observamos que o modelo de formação de professores das atividades formativas alagoanas está relacionado ao modelo da racionalidade

técnica. Por outro lado, percebemos que esse documento apresenta uma

intencionalidade de mudanças nessas ações, indicadas quando o documento (Ibid., p. 13-15):

a) pressupõe a oferta de oportunidades institucionais de formação em serviço, considerando-a imprescindível ao aprimoramento da qualidade da aprendizagem;

b) compreende que a formação continuada deve ser permanente, contínua e integrada, garantindo a construção e o aprimoramento das competências teórico-metodológicas essenciais à efetivação dos padrões educacionais; c) focaliza a prática escolar nas atividades formativas;

d) considera as ações organizativas das gestões educacionais, apontando a necessidade de efetivação de ações afirmativas para a formação continuada do professor.

Nesse sentido, há uma dicotomia entre o que a proposta sugere e o que vem acontecendo nas práticas formativas, indicando a presença de pelo menos duas concepções opostas de formação continuada: uma é a desejada e outra, a concretizada.

3.5.3 Características da Formação Continuada na rede pública estadual em

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