• Nenhum resultado encontrado

Capítulo VI - Proposta de Recomendações

Tal como esquematizado na Figura II-1 do ponto 2.1.2 qualquer Análise Ergonómica do trabalho deve ser orientada para permitir a transformação das situações de trabalho permitindo equacionar as propostas de transformação que melhor se ajustem à situação estuda/encontrada.

De uma maneira geral, as propostas de recomendação preconizadas pela Ergonomia, na sequência da AET podem ser de dois tipos, medidas de caráter organizacional ou medidas de caráter técnico/construtivo apresentando, naturalmente, níveis de eficácia diferentes.

6.1. Medidas técnicas/construtivas

As medidas técnicas ou construtivas procuram a otimização das condições de trabalho através de alterações física no posto de trabalho. Por esta razão, geralmente associam-se a um custo de implementação mais elevado. Contudo, conscientes que poderão a médio/longo prazo reduzir e compensar as queixas reveladas, entendemos oportuno apresentar deixando ao critério da empresa a sua implementação.

Estas medidas passam por um planeamento adequado de um espaço de trabalho, o qual é encarado como sendo tão importante como a sua construção, razão pela qual se deve dar uma atenção especial a este tema.

As medidas técnicas podem passar por alterações estruturais, associadas a custos mais elevados, ou, por readaptações do espaço e equipamentos utilizados.

6.1.1.

Alterações estruturais - alteração do espaço e aquisição de novos

equipamentos

As sugestões referidas são baseadas em revisão bibliográfica uma vez que não temos uma base de dados antropométricos validada para a população em estudo. As sugestões aqui apresentadas seguem as propostas referidas por Alston, Miguel e Dul & Weerdmeeste (1987; 2012; 2010). Segundo estes autores, a determinação do espaço de trabalho é condicionada pelo espaço livre, o alcance e a força requeridos aquando a realização das tarefas.

Considerando as diferenças encontradas entre a população estudada e a base de dados disponibilizada para a população portuguesa (Barroso et al., 2005), em particular para as variáveis registadas (estatura, e massa corporal), optou-se por apenas apresentar os dados relativos para que a organização possa ajustar à sua realidade.

Assim, considerando a natureza do trabalho realizado na Copa e no Bistrô deve ser dada especial atenção aos seguintes requisitos:

Capítulo VI

88

A altura máxima de um plano de trabalho para realização de trabalho de pé deve ser a altura do cotovelo quando a pessoa está em pé (P5). No entanto, considerando a realização de trabalho pesado, a altura final deve ser reduzida em 10cm.

• Profundidade das bancadas e prateleiras

O valor máximo para o alcance de uma prateleira ou bancada, é o comprimento do braço para o percentil 5.

• Locais de passagem ou acesso

Para os locais de passagem ou acesso áreas de arrumação, o comprimento padrão é o perímetro da anca ou glúteo para o percentil 95;

• Altura de prateleiras, zonas de arrumação e informação

A altura máxima de armazenamento, para tarefas de realização frequente, não deve ultrapassar a altura até ao ombro mais o comprimento do braço para o percentil 5;

A colocação de prateleiras a uma altura superior, a referida anteriormente, é válida desde que reservadas para colocação de material de uso esporádico. Para o alcance destas deve ser disponibilizado um escadote com proteção antiderrapante quer nos pés quer nos degraus; A colocação de informação, considerada importante, deve de estar ao nível da altura dos olhos na posição em pé (P5).

• Pavimento

O pavimento deve ser fixo, estável, antiderrapante sem inclinações perigosas, saliências e cavidade e facilmente lavável.

Todas as calhas de escoamento de água devem estar devidamente colocadas para evitar tropeçamentos e quedas.

No caso da existência de tapetes anti-fadiga (considerados necessários dada a natureza do trabalho realizado) estes também devem ser fixos ao pavimento.

• Aquisição de novos equipamentos

Sempre que houver a substituição de equipamento de trabalho deve-se seguir as linhas orientadoras apresentadas assegurando que os alcances máximos não são requeridos no decurso da realização da tarefa.

6.1.2.

Readaptações do espaço e equipamentos utilizados

Apesar de nem sempre ser possível alterar de raiz as condições de trabalho, algumas adaptações podem revelar-se eficazes. A título de exemplo:

 Manutenção adequada dos carros de transporte dos tabuleiros garantido níveis de atrito mínimos.

 Reorganização do espaço seguindo as boas práticas em matéria de Movimentação Manual de Cargas.

Capítulo VI

 Marcação dos carros de transporte identificando as zonas de colocação preferencial dos tabuleiros (por parte dos clientes), segundo a hierarquia do risco envolvido.

6.2. Medidas organizacionais

As medidas organizacionais procuram a otimização das condições de trabalho através de ações sem recorrer a qualquer implementação física no posto de trabalho. Deste modo, apesar de não se verificarem alterações no posto de trabalho e nos respetivos equipamentos, podem contribuir de forma decisiva na atividade de trabalho dos respetivos trabalhadores.

As propostas organizacionais recomendadas passam por novas formações, de forma a consciencializar os operadores para a problemática das LMERT. Deste modo, pretende-se:

 Consciencializar os trabalhadores para os fatores de risco e as suas origens, bem como para os mecanismos de prevenção.

 Promover e sensibilizar os trabalhadores para a adoção, sempre que viável sem alterações das condições existentes, de posturas neutras e de mecanismos de trabalho que comportem menos risco biomecânico e postural.

A ideia é os operadores não correrem riscos desnecessários capazes de prejudicar não apenas a sua saúde, mas também a sua produtividade. Por exemplo, elucidar relativamente: aos riscos a que estão sujeitos quando “tentam poupar tempo/deslocações” transportando mais carga do que a adequada; às posturas a adotar em cada situação, quer nos arrumos quer no transporte; promover um estilo de vida saudável, explicando as suas vantagens. Sensibilizar para a mais-valia de se recolher os carros de transporte dos tabuleiros de forma mais frequente (redução da força e dos alcances máximos), etc..;