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Propostas de ação apontadas pelos profissionais das instituições parceiras da CPCJ para a

No documento Rute Alexandra Bento da Silva (páginas 88-90)

3. Breves notas sobre o quadro metodológico

1.4. Propostas de ação apontadas pelos profissionais das instituições parceiras da CPCJ para a

crianças/jovens

Ao longo do processo de identificação e interpretação dos problemas, anterior à construção de um plano de ação propriamente dito, assume importância a enunciação por parte dos profissionais das instituições que interagem com as famílias de alguns mecanismos de ação considerados pertinentes para a superação dos problemas e necessidades.

Através da leitura dos relatórios apresentados pelas instituições foi percetível a identificação de propostas de ação. Menos percetível foi, porém, a forma como deveria decorrer o processo de realização das ações. Dito de outro modo, para que se alcançassem as finalidades das ações idealizadas pelas instituições seria necessário que as próprias instituições mencionassem todos os procedimentos a realizar e mencionassem de que forma os seus profissionais estariam envolvidos nesse processo já que, em alguns casos, a aplicação das ações propostas são da responsabilidade ou necessitam da colaboração/envolvimento desses profissionais. Da leitura dos processos em análise neste relatório em apenas três dos cinco agregados foi possível encontrar propostas de ação enunciadas pelas instituições.

Quadro 7 – Análise do material recolhido – Subcategoria 2.4 “Propostas de ação apontadas pelos profissionais das instituições para a superação dos problemas e necessidades experimentados pelas famílias das crianças/jovens”

Subcategoria 2.4 – “Propostas de ação apontadas pelos profissionais das instituições para a superação dos problemas e

necessidades experimentados pelas famílias das crianças/ jovens”

Agregado A Agregado B Agregado D

“Por conhecermos a aptidão do Sr. M. para a jardinagem e agricultura, propusemos-lhe inscrever-se num Curso EFA B2 de Jardinagem (dupla certificação) na Escola X e o senhor aderiu à ideia.”; “Relação do/a Encarregado/a de Educação com a escola: O encarregado de educação foi contactado telefonicamente em virtude de faltarem alguns manuais necessários às disciplinas. Entretanto, compareceu na escola no passado dia 30 de outubro por esse motivo. Foi reforçada a necessidade de contactar a responsável da segurança social para solucionar o problema do escalão atribuído, de forma a que os manuais em falta fosse, disponibilizados.”

“A família tem sido alertada para a necessidade de mudança habitacional mas não têm feito nada no sentido de mudança.”

“Na avaliação intercalar do 2º período o conselho de turma, considerou que a aluna deve continuar a empenhar-se e esforçar-se mais em todas as tarefas propostas no sentido de colmatar as dificuldades ainda verificadas.” Deve concentrar-se mais nas atividades propostas e empenhar-se mais na realizaçã o das mesmas. Deve de organizar o seu estudo de forma mais persistente, não só em aula, mas também em casa. Deve ser mais responsável.”; “Foram propostas as seguintes medidas de promoção do sucesso escolar: aulas de apoio Matemática; tutoria; cumprir as atividades indicadas pelos professores; criar hábitos e utilizar métodos de trabalho adequados; fazer os trabalhos de casa; participar mais ativamente; estar mais atenta na aula.”

“Relativamente à higiene a mesma tem procurado incutir hábitos de higiene diária na sua casa e ainda, aconselhando-a a utilizar o balneário para tomar banho no decurso das aulas de educação física. Mais salientou ter adquirido champô para que a A. fizesse uma desparatização à cabeça. Ao nível da alimentação, a Professora entende que a menor devia almoçar na escola de forma a possibilitar o acesso a uma refeição completa, contribuindo assim, para o seu bem-estar físico e aproveitamento escolar.”

“Relativamente a A., solicitaram a colaboração da Comissão para a encaminhar para a consulta de psicologia para a ajudar a estabilizar.”

À semelhança do que refletimos noutros pontos de análises deste relatório, também nas propostas de ação apresentadas é incutida a responsabilidade das situações às famílias.

Vejamos, no agregado A a técnica de acompanhamento da medida de Rendimento Social de Inserção (RSI) mencionou a necessidade de mudança de habitação do agregado que, por sua vez, não diligenciou no sentido da mudança. Porém, não refere de que forma essa necessidade de mudança tem sido transmitida e explicada à família nem a que locais se poderiam dirigir para procurar ou pedir informações. Denota-se, antes, uma direta culpabilização pela manutenção da família na sua situação familiar, não havendo aqui uma referência aos recursos que a família tem ao seu dispor para modificar a sua situação.

No mesmo sentido, no agregado B são várias ações escolares apontadas pela instituição escolar para a I.. Foram enunciadas mudanças que os professores consideraram importantes para a colmatação das suas dificuldades da I., como “mais empenho”, “mais organização”, “mais responsabilidade”, “criação de hábitos de estudo”, “mais atenção”. Todavia a instituição escolar parece demitir-se da sua função de apoiar a aluna nesse processo, por exemplo, não indicando atividades a realizar com a aluna para a construção de um conjunto ferramentas úteis para alcançar os objetivos desejado pelos professores, já que, por si só, a aluna não tem meios para alcançá-los. Em que medida estas propostas de ação podem gerar mudanças na situação escolar da I.?

Outro problema passa pela fragmentação das propostas de ação, ou seja, várias foram as considerações presentes nestes documentos que careciam de explicações ou aprofundamento. Percebemos num relatório referente ao agregado A a proposta de integração num curso para o Sr. M., porém apesar de ser mencionado que o senhor aderiu a esta proposta não foi percetível se os técnicos procederam à sua inscrição no curso ou ao seu encaminhamento para tal, ou se persistia a necessidade de um encaminhamento. O mesmo ocorreu com a situação de pedido de apoio alimentar da A. do agregado D.

Ao contrário das situações anteriores, no relatório escolar da C. do agregado A, é mencionada a forma como o seu encarregado de educação deve proceder para colmatar o problema da atribuição do escalão. Melhor dizendo, mais do que referir que necessitava de resolver a questão, ocorreu a transmissão da informação junto do encarregado de educação de que se deveria dirigir junto do responsável da segurança social para a resolução do problema. Esta ação possibilita uma compreensão por parte dos técnicos da CPCJ de quais as informações que foram passadas à família e de quais as menções a recursos a que se poderiam socorrer. Assim, os técnicos da CPCJ têm a perceção de quais as ações já realizadas pela escola e, segundo os seus resultados, quais as ações que ainda necessitam ser realizadas, tanto pela instituição escolar como pela CPCJ. Contudo, consideramos que existem outras ações a desenvolver que poderiam dar origem a maiores potencialidades. Sendo que a escola é uma

instituição parceira da CPCJ e que, devido à sua proximidade com os alunos, melhor conhece as suas necessidades escolares também auxiliaria na orientação das ações que as possam colmatar. A concertação das instituições na construção de um plano estratégico no combate aos problemas existentes, após o confronto de ideias e da interligação dos objetivos de cada uma das partes, dirige de forma mais consistente as ações a aplicar e, de certa forma, também responsabiliza cada instituição na resolução conjunta os problemas.

Em suma, podemos afirmar que existem falhas no trabalho de identificação de possíveis ações erradicadoras das situações problema detetadas por estas instituições. Consideramos que estas falhas são oriundas da ausência de definição dos objetivos das respostas que a CPCJ pretende obter e pela falta de um guião de recolha de informação integrador de todas as dimensões de análise. Por outro lado, através da nossa análise conseguimos perceber que as estratégias de ação propostas pelas instituições não se constituem possíveis ações que possam ser consideradas no APP (Acordo de Promoção e Proteção) pois não possibilitam a superação das necessidades e dos problemas pela não atuação sobre as suas causas mas sim nos efeitos que deles resultam.

1.5 – Pistas de ação apontadas pelos técnicos da CPCJ para a promoção e

No documento Rute Alexandra Bento da Silva (páginas 88-90)