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4 A GROTA DA CYCOSA EM FOCO, RISCO, VULNERABILIDADE E A

4.3 Propostas

O homem desenvolveu uma grande capacidade de apropriação e transformação do meio em que vive, mas não desenvolveu a consciência e o conhecimento necessários a respeito das limitações desse espaço, usando-o, muitas vezes, de forma descontrolada e desmedida. De acordo com o Santos (2007, p.87) as formas como se dá a ocupação do espaço urbano ou rural no Brasil tem provocado sucessivos e inúmeros problemas ambientais, como a “degradação da cobertura vegetal, perda da biodiversidade, obstrução e alteração da rede de drenagem, transmissão de doenças por veiculação hídrica, acumulo de lixo, contaminação de solo e água, poluição do ar, água e solo, perda de terras produtivas, desencadeamento de processos erosivos, entre tantos outros”.

As consequências desse desequilíbrio são desastrosas, como enchentes, deslizamentos entre outros eventos. Destacamos que a importância do entendimento das funções de cada uma é, via de regra, impulso para uma resposta do próprio meio a cada alteração sofrida. É a reação dos componentes do meio ambiente as alterações sofridas que acabou por afetar o equilíbrio de seus componentes inclusive o homem.

A busca por uma relação harmoniosa entre homem e meio é o que impulsiona essa pesquisa. Os riscos e impactos socioambientais que contaminam a sociedade atual, se deu a partir da falta de um planejamento urbano capaz de distribuir e organizar o espaço urbano. O

uso de terras de modo inadequado prejudica a qualidade ambiental e o processo de ocupação de comunidades carentes se deu sem nenhum tipo de orientação sobre isso.

Com o objetivo de garantir a melhoria da qualidade de vida da população destacamos a relevância de um planejamento urbano bem executado, de modo que venha a beneficiar a sociedade como um todo aliado a isso a implementação de uma gestão urbana que crie estratégias de ação para atingir de modo igualitário todas as camadas da sociedade.

Nesse sentido destacamos a importância de uma gestão de riscos efetiva, que possa contribuir com as comunidades em situação de risco, no sentido minimizar e quem sabe até eliminar os riscos, evitando desastres como os relatados nos capítulos anteriores.

Diante do cenário apresentado onde tratamos sobre a percepção dos moradores a respeito dos riscos e vulnerabilidades socioambientais na Grota da Cycosa, percebemos que capacidade de identificar os riscos a que estão submetidos só existe quando o indivíduo consegue associar o evento, no caso deslizamento de encosta, a fatores que condicionantes do mesmo. A partir disso, conseguindo fazer a associação desses condicionantes o sujeito é capaz de decidir que atitude tomar para se prevenir de possíveis acidentes. Sabemos que essa tomada de atitude depende fatores como a condição financeira do indivíduo ou mesmo a previsão de possíveis consequências.

A vivência que os moradores possuem dá a eles uma visão diferenciada da realidade em questão, é preciso que o educador coloque em destaque a importância de uma visão crítica dessa realidade, para que os indivíduos sejam capazes de reagir diante de uma nova problemática e principalmente para que eles percebam que o meio ambiente é composto por diversas interações e que por isso direta ou indiretamente as ações de cada indivíduo afetam de determinada maneira o equilíbrio natural que deveria existir e consequentemente a vida das pessoas.

Para uma gestão mais efetiva os gestores precisam conhecer de perto a realidades que pretendem trabalhar. A valorização da percepção dos sujeitos é fundamental para a criação de medidas que gerem mudanças efetivas.

Conforme explanado anteriormente os moradores apontam diversas causas e consequências para o deslizamento das encostas, bem como, com relação a poluição do Riacho Cardoso. Ademais os moradores apontam sugestões para a melhoria de sua qualidade de vida, a realização de um estudo que revele a possibilidade de ocorrência de um deslizamento ou de uma enchente seria uma medida com vistas a prevenção de riscos. A implantação de uma coleta regular de lixo e a possibilidade de instalação de saneamento básico na comunidade, minimizaria as agressões ao riacho, bem como, potencializaria a relevância da manutenção da higiene.

Entretanto, é importante destacar que diante das respostas ao questionário podemos inferir que boa parte dos moradores não tem conhecimento da gravidade dos riscos aos quais estão expostos, também não têm consciência de que certos atos podem potencializar os impactos ao meio ambiente e que isso reflete na sua qualidade de vida. Diante disso, destacamos a relevância da educação ambiental enquanto instrumento transformados de consciência.

Nesse sentido identificamos a Educação Ambiental, enquanto instrumento essencial de produção de conhecimento permitindo que os indivíduos sejam capazes de exercer sua cidadania, desenvolvendo a percepção dos fatos mais próxima da realidade de modo que venham a reagir diante de uma situação de risco.

A educação ambiental é um “processo social e político fundamental na construção de estruturas cognitivas e conceituais do indivíduo, pelo fato de desenvolver juízos de valores e percepções” (GARCIA, 1993, apud, ABREU, 2013, p. 119). Nesse sentido, os indivíduos que tem acesso a uma Educação Ambiental desenvolvem sua percepção de modo diferenciado, com possibilidade de assimilar conhecimentos importantes que contribuíram para a melhoria de sua qualidade de vida. Sobre a Educação Ambiental, o autor considera que ela deve:

[...] proporcionar as condições para o desenvolvimento das capacidades necessárias; para que grupos sociais, em diferentes contextos socioambientais do país, intervenham, de modo qualificado tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na concepção e aplicação de decisões que afetam a qualidade do ambiente, seja físico-natural ou construído, ou seja, educação ambiental como instrumento de participação e controle social na gestão ambiental pública (QUINTAS 2008, p.22).

Analisando a prática da Educação Ambiental enquanto colaboradora para o desenvolvimento de capacidades de gestão dos recursos naturais pelos cidadãos, destacamos ainda sua relevância enquanto estímulo individual para a percepção de um ambiente integralizado. A percepção da problemática ambiental no lugar onde estamos inseridos é fundamental, na medida que, favorece mudanças significativas dentro da realidade. Nesse sentido, UNESCO (1997) aponta que:

A Educação Ambiental deve ser dirigida à comunidade, despertando o interesse do indivíduo em participar de um processo ativo no sentido de resolver problemas dentro de um contexto de realidades específicas, estimulando a iniciativa, o senso de responsabilidade e o esforço para construir um futuro melhor. (…) pode, ainda contribuir satisfatoriamente para a renovação do processo educativo” e que “O objetivo da Educação Ambiental deve estar concentrado no desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos físicos, biológicos, sociais, políticos, econômicos, culturais, científicos e éticos

Corroboramos com a citação da UNESCO (1997), ao passo que indicamos a relevância que trabalhos com o foco na Educação Ambiental teriam na comunidade. Atividades que fizessem os moradores compreender a fragilidade do ambiente e as interações que existem entre suas ações os eventos ocorridos na área daria chance aos moradores de tentar mudar suas ações em prol da melhoria de sua qualidade de vida, bem como a melhoria da qualidade de vida de toda sua comunidade.

No processo, educador deve estimular o educando a uma reflexão crítica para haja uma transformação individual ao passo que indique correlações com ambiente onde habitam buscando a identificação sujeito com o seu lugar, para que possa se sentir parte integrante do processo. Esse processo de conscientização se dá por meio de uma formação cidadã comprometida com o exercício do enfrentamento das questões socioambientais da atualidade. Os exercícios realizados por meio de intervenções educativas prioriza a interação dos membros da comunidade, refletindo criticamente e produzindo uma interpretação da realidade local, que vai envolver os processos individuais e coletivos a respeito de um fato.

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